O compositor de que hoje lhe falo, não é propriamente um dos mais conhecidos do público.
Antonio Lotti, italiano nascido em Veneza, era filho de Marina Gasparin e Matteo Lotti, que foi músico na cidade alemã de Hannover, embora não tenha sido mestre capela ao contrário do que muitos pensam.
Nascido no ano de 1667, começou a estudar música em 1682 com os mestres Lodovico Fuga e Giovanni Legrenzi, na Basílica de S. Marcos de Veneza. O início da sua carreira musical aconteceu como cantor, tendo mais tarde passado a ser assistente de organizta, segundo organista e organista principal. Finalmente, em 1736, passou a ser mestre capela (o responsável maior pela música que se faz numa igreja ou catedral), cargo que ocupou até à sua morte em 1740.
Lotti escreveu música utilizando uma variedade de formas, onde se incluem missas, cantatas, madrigais, cerca de trinta óperas e música instrumental. Vinte das suas óperas, foram apresentadas em Veneza durante cerca de 24 anos, período durante o qual, atraiu a atenção de Frederico Augusto I (1600-1733), Príncipe da Saxónia. Entre 1697 e 1707, foi também mestre capela da Scuolla dello Spirito Santo. Em 1698, recebeu 50 ducados da Procuratoria di San Marco para compor uma Missa para ser cantada a capella (sem acompanhamento instrumental). Em agosto de 1704 e após a morte de Giacomo Filippo Spada (c.1640 - 1704), concorreu para o lugar de primeiro organista, “com o mesmo salário e benefícios do antecessor”. Recebeu 13 votos a favor e apenas 1 contra.
Em 1705, viu uma coleção de madrigais publicada pelo editor veneziano Antonio Bortoli, que incluía duetos, trios e madrigais a mais vozes. A coleção foi dedicada ao Imperador Romano Leopoldo I (1640 - 1705), que patrocinou a publicação. Infelizmente o Imperador morreu enquanto a edição estava a ser feita, o que levou a que apenas tenha sido concluída quando sucessor de Leopoldo I aceitou pagar a obra.
In 1711, viajou para Novara, onde participou num festival com algumas das suas composições. Em fevereiro de 1714, casou com a soprano Santa Stella (c. 1686 - 1759), natural da cidade de Bologna.
A música de Lotti, é caraterizada pelo uso de suspensões, cromatismos, dissonâncias e modulações (mudanças de tonalidade). É também um expoente na exploração melódica de palavras, utilizando muitas vezes termos como ascendit e descendit, cantadas em escalas ascendentes e descendentes, respetivamente. A sua escrita revela grande cuidado com as vozes, exigindo ao mesmo tempo uma técnica de interpretação elevada, nomeadamente quando para elas escreve complexas fugas e cânones. A sua música teve uma grande influência nos seus contemporâneos. Manuscritos da obra de Lotti foram encontrados na posse de Haendel, a título de exemplo.
O seu trabalho é considerado uma ponte entre o barroco e o estilo clássico, tendo influenciado compositores como George Frideric Handel e Johann Dismas Zelenka, os quais alegadamente possuíam cópias da missa de Lotti, a Missa Sapientiae.
Também segundo se diz, Lotti foi um professor notável, contando-se com Domenico Alberti, Benedetto Marcello, Baldassare Galuppi, Saratelli Giuseppe e Johann Dismas Zelenka, entre os seus alunos.
Termino, deixando-lhe como uma sugestão de audição ainda muito no seguimento da Semana Santa que há bem pouco terminou – Crucifixus a oito vozes, cantado pelo King’s College Choir.
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