LUÍSA VAZ |
Muitos de nós escolhem uma profissão que se adapta às suas características ou para a qual pensam que as possuem, ou porque sentem “um apelo” por esta ou aquela actividade ou porque simplesmente “sempre sonharam” em desempenhar esta ou aquela profissão.
No entanto também há aqueles que quase por mero acaso começaram a exercer uma profissão e por ela se deixaram encantar mas com o tempo foram desenvolvendo os seus sonhos e com eles foram abrindo portas e transformaram hobbies em actividades mais ou menos lucrativas ou com maior ou menor visibilidade.
No fundo o que interessa é abandonarmos os medos e dedicarmo-nos – sempre e quando possível – aos nossos sonhos. Muitos de nós consideram que a escrita pode ser mais do que um hobbie ou uma forma de comunicar uma matéria de que somos mais conhecedores independentemente de podermos atingir o patamar de especialistas e tornarmo-nos numa referência.
Eu concretizei muito recentemente um sonho que nem sabia que tinha. Comecei por emitir umas opiniões nas redes sociais, continuei criando o meu próprio espaço de debate e onde aprofundava em cada artigo que escrevia um tema da actualidade até que cheguei ao patamar onde confiei nas minhas capacidades e editei e publiquei um livro que se encontra agora à venda.
Quando olhamos para o Mundo e cá dentro temos o discurso do crescimento económico mas assistimos à falência dos serviços e lá fora olhamos para os Kim Jon-un e o vemos a brincar com armas nucleares apenas porque pode ou ouvimos descrições de ataques com armas de destruição maciça na Síria, a mudança de discurso de Le Pen agora que sabe que o mais certo é chegar à 2ª volta das eleições francesas que vão ter lugar na próxima semana ou outras atrocidades por este Mundo fora, o normal será questionar até onde é que o Mundo e as pessoas aguentarão. O normal será questionar o que poderemos fazer para ajudar a que isto não termine numa 3ª Guerra Mundial. O normal será questionar como é que chegamos a este ponto e a resposta vai de encontro ao início do texto, chegamos a este ponto porque houve gente que não teve medo de seguir o seu sonho e agora que o atingiu, tudo fará para que ele não seja destruído.
No entanto nem todos os sonhos são maus mas é nos piores momentos que eles teimam em surgir, que a nossa mente brinca connosco e nos demonstra que podemos sair da nossa zona de conforto e arriscar mais do que alguma vez achamos que seria possível.
Apesar de ser por muitos apelidado de “discurso catastrofista” e de alguns afirmarem “que os portugueses precisavam de sonhar e de discursos positivos” o que é facto é que foi esse “discurso catastrofista” ou real – para pessoas que vêem o Mundo com os mesmos olhos que eu – que fez com que muita gente que ao ser confrontada com perda de rendimentos, com o desemprego ou com outras situações extremas optou por sonhar e por tentar concretizar esses sonhos e teve sucesso. Fosse no Turismo ou em áreas relacionadas ou lançando negócios próprios, muitos foram os que aproveitaram a ultima crise para sair da sua zona de conforto e criar algo de diferente. Que resolveram olhar para a sociedade ou para o seu pequeno mundo e pensar “ como poderiam fazer a diferença”, “ como é que poderiam tirar o melhor proveito das suas habilidades até aí inexploradas” e o resultado foi uma proliferação de pequenos mas sólidos negócios e de adaptação de sonhos a modelos de negócio que se vão mantendo ao longo do tempo.
Se só na dor é que se cresce, só em momentos difíceis descobrimos capacidades que até aí estavam escondidas nas profundezas do nosso subconsciente e convém que consigamos fazer a destrinça pois “a língua portuguesa (só) é traiçoeira” para quem não a sabe interpretar e uma coisa é dar esperança às pessoas e permitir-lhes seguir os seus sonhos e outra é iludi-las mascarando a realidade.
Apesar de ser infelizmente a esse segundo cenário que estamos a assistir em Portugal é sempre bom acreditarmos nas nossas capacidades e na nossa capacidade de realização pois se nem todos os sonhos podem ser concretizados, muitos só necessitam de ser adaptados à realidade para que possam ser trazidos à luz do dia.
Daí que a minha mensagem desta vez seja para que acreditem em vocês e nos vossos sonhos e apesar das aparentes dificuldades nunca desistam de os concretizar pois essa concretização só vos dará força para chegarem mais longe e sonharem cada vez mais alto. Quando realmente se deseja algo, há sempre forma de o transformar em realidade, por mais que não seja seguindo as vias mais tradicionais.
Certamente, cara Luísa Vaz, vai admirar-se por eu lhe dizer que gostei do seu texto, mas...
ResponderEliminarE, como na nossa profíqua troca de opiniões, hà sempre um "mas", sobre esta sua pequena frase "uma coisa é dar esperança às pessoas e permitir-lhes seguir os seus sonhos e outra é iludi-las mascarando a realidade" permita-me dar-lhe outra visão da realidade que por acaso não é só minha:
As carpideiras estão inconsoláveis. Perante as surpreendentes subida do PIB e descida do défice arrepelam-se, rasgam as vestes, batem com os punhos no peito e clamam: só há crescimento porque o Governo mudou de estratégia; o défice só se reduz porque o Governo cortou fortemente na despesa; as projeções para 2017 são realistas e podem vir a concretizar-se — mas a partir de 2018 tudo voltará a ser pior. Enfim, as carpideiras sentem-se enganadas. Se o Governo tivesse feito tudo o que elas achavam que iria fazer — aumentar impostos e apostar no consumo privado — o país estaria à beira de pedir um novo resgate e o cheiro a enxofre já se sentiria por toda a parte.
(...) Vítor Gaspar, diretor do Departamento de Assuntos Orçamentais do FMI, veio elucidar o mundo sobre os cinco princípios básicos da política orçamental: ser contracíclica, amiga do crescimento, inclusiva, suportada pela real capacidade fiscal, e conduzida com prudência. E as gentes espantam-se: que descoberta! E as gentes interrogam-se: de onde lhe terá vindo tanta sabedoria? É que enquanto ministro das Finanças de Portugal, Gaspar fez tudo ao contrário: a política orçamental foi pró-cíclica, agravando profundamente a recessão; não foi amiga do crescimento (a recessão durou de 2011 a 2015); aumentou as desigualdades sociais; as receitas fiscais colapsaram, levando o antigo ministro a optar por um “enorme aumento de impostos”; e não foi prudente: a dor social infligida foi muito superior ao necessário. Gaspar anunciou os cinco princípios sem se rir. E nós ouvimos sem chorar. (Nicolau Santos in Expresso-22-04-2017).
Sim ! Continuemos a acreditar nos nossos sonhos ! O Futuro espera-nos !
Os mus cumprimentos.