SÓNIA MAIO |
Adoro o Alentejo.
É provavelmente o meu local preferido, todo ele, qualquer lugar que dele faça parte.
As minhas melhores memórias de infância situam-se lá.
Enquanto adulta, faço questão de voltar, sempre, uma e outra vez, se possível, diversas vezes.
O ano passado tive a oportunidade de me deslocar a Beja, ao Hotel Rural Clube de Campo Vila Galé, por indicação de um familiar que já lá tinha estado e que tinha adorado a experiência.
Após uma breve pesquisa online achei por bem aí passar também as minhas férias e assim foi.
À semelhança do ano anterior, neste verão também lá despendi alguns dias para retemperar forças após um longo ano de trabalho.
Considero esta estadia a continuação da primeira, pelo que, as palavras que se seguem não farão qualquer distinção entre a minha primeira permanência e a segunda.
Ao chegarmos somos logo bem recebidos, primeiro pela paisagem deslumbrante das vinhas e das árvores de fruto, depois pelo edifício que é lindo e muito característico da zona e, por último, pela simpatia familiar com que ao balcão da receção somos acarinhados com um “Sejam bem-vindos!” e “Fizeram boa viagem até aqui?”.
Feito o check-in, é tempo de nos deslocarmos ao quarto, onde encontramos um espaço acolhedor e perfumado com uma temperatura bastante agradável que contrasta com o muito calor que se faz sentir na rua por esta altura.
O hotel dispõe de uma oferta muito variada e bastante apelativa de atividades que se podem fazer de forma a ocupar o tempo.
Caso não se queira permanecer na zona da piscina exterior, que é bastante convidativa, temos a opção de nos aconchegarmos a ouvir música ou a ler um bom livro nos sofás que se encontram no alpendre da zona de restauração.
Foi o que fiz numa das tardes. Ao ouvir música passei pelas brasas, ali mesmo, ao sabor daquele calor que nos envolve e sossega.
E que bem que me soube dormir ao ar livre!
Uma das coisas de que mais gostei foi o à vontade com que qualquer hóspede se pode deslocar pelos caminhos da herdade fazendo passeios a pé ao sabor lento da paisagem que se perde de vista e da barragem do Roxo cujo vislumbre nos tranquiliza.
Aliás, os empregados do hotel incentivam-nos a fazê-lo e a provarmos as peras que podemos colher nós mesmos. Comidas acabadinhas de apanhar, com um céu azul salpicado de nuvens de algodão sobre as nossas cabeças e um chão de terra vermelha sob os nossos pés, adquirem outro paladar.
Adoro este contacto tão próximo com a natureza. Relaxa-nos a mente e o corpo.
Aqui tudo parece adquirir um ritmo próprio, mais lento, vagaroso, apaziguador.
As horas da refeição são uma tentação para os sentidos.
Inúmeros pratos fazem as delícias dos nossos olhos e do nosso estômago.
É impossível pensar em manter uma dieta rigorosa rodeados de tão apetitosas iguarias, sendo que, para mim, provar um bocadinho de cada prato, faz também parte da experiência que é estar neste lugar.
A dieta virá depois.
Agora, o imperativo é matar saudades dos sabores de infância.
E que recordações saborosas por lá encontrei.
A atenção que cada um dos empregados da restauração nos dispensa é um mimo que trago no coração.
Sempre amáveis e atenciosos, saúdam-nos quando nos veem dentro e fora dos edifícios.
Perguntam-nos se passámos bem a noite e se estamos a gostar.
Aproximam-se das mesas com um sorriso e dão-nos sempre um novo conselho.
Do que mais gostei foi “Agora sente-se ali fora nos sofás e veja o pôr do sol.”
E vi.
Lindo.
Colorido.
Gigante.
Como forma de ocupar o pouco tempo que por lá permaneci, fiz um passeio de jipe e um passeio de moto 4.
Ambos os instrutores se revelaram bastante simpáticos e descontraídos como se mais do que clientes fôssemos conhecidos de longa data.
Gosto desta forma como nos fazem desfrutar ainda mais das experiências já por si prazerosas.
Toca-me particularmente o contraste entre o caminho áspero de terra batida, a imensidão a perder de vista da paisagem e o sorriso afável por entre palavras de instrução e informação relativamente à herdade, à barragem e aos caminhos percorridos.
Sem dúvida que estes dois momentos de descanso, separados por um ano de intervalo, se repetirão mais vezes nos tempos que hão de vir.
O tempo aí passado, mais do que lazer, foi um reencontro de amigos que antes não se conheciam, mas que na despedida desejaram “Uma boa viagem de regresso a casa.” e “Até à próxima.”
No que a mim me diz respeito espero que esteja para breve o meu regresso.
Faltam apenas trezentos e sessenta e cinco dias, mais hora menos hora, para estarmos todos juntos novamente.
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