terça-feira, 13 de março de 2018

TRÊS IRMÃOS

ELISABETE SALRETA
Personalizamos os nossos animais de estimação, dando-lhes sentimentos humanos. Mas não terão eles já esses sentimentos? Não serão eles um espelho do que lhes mostramos, tal como os nossos filhos?

O Óscar está chateado e mostra bem o seu descontentamento fungando. Simplesmente porque o dia não lhe corre bem, ou foi acordado por uma das manas, ou porque…. Sei lá porque um gato pode estar chateado.

Mas, como a todas as crianças, existe uma altura em que se diz aquela palavrinha que ninguém gosta de ouvir – NÂO!

Pois. Ele agora não funga. Vai tapar a comida com o tapete que estiver mais perto. Tal e qual um rapazola frustrado, entorna a taça da água e usa a sua força de grande macho para fazer as maiores asneiras e o que mais nos irrita. Olha para nós com as orelhas direitas, em forma de T, com um semblante irritado, como se todos lhe fizessem mal.

Mas também tem o seu lado meigo e sensual. Sim, um gato pode ser muito sensual. Quando quer entrar para dentro da cama, olha-nos com o semblante mais doce que consegue e até nos dá beijinhos com os olhos. Se ninguém lhe liga, funga ruidosamente para chamar a atenção. Em casos estremos, alerta-nos com uma festinha. Depois de estar dentro da cama dá um suspiro de contentamento bem audível. Agarra-se à perna mais próxima, encosta o nariz e dorme profundamente. Quando está muito quente, vira a barriga para cima, numa descontração que só um gato tem. Mas quando se o destapa, fica envergonhado e corre porta fora.

O seu ronrom é desconcertante. Aplica-o tanto connosco como com as manas gatas. E com a Mia existe tanta empatia, que até distribuem lambidelas. A Mia gosta de nos lamber. A Blue enrosca-se nas pernas passando a testa e o rabinho. Três gatos com feitios tão distintos e com formas tão diferentes de abordar os humanos.

Tal como nós, três irmãos são tão diferentes como os dedos das mãos.

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