quinta-feira, 1 de março de 2018

PORTUGUESES, OS MELHORES DE TODOS

ARTUR COIMBRA
1. Nós, os portugueses, somos um povo muito especial, marcado historicamente pela alegria e pelo fado, pelas descobertas e pelo fim do império, altura em que os aventureiros ficaram desempregados. Marca-nos a grandeza e a atrofia, o dar novos mundos ao mundo e a clausura entre as quatro paredes deste “jardim à beira mar plantado”, a guitarra e o folclore.

Somos um povo de contrastes, se calhar como os outros povos, mas seguramente mais que os outros povos.

Um povo incapaz de chegar a horas ao emprego, à reunião ou ao espectáculo.

Um povo que demonstra uma falta de civismo na estrada e até na rua, de bradar aos céus.

Um povo categoricamente bairrista e que tem uma personalidade colectiva imensamente forte, que lhe permite suportar, resignado, ditaduras, crises económicas, falências do Estado e dos particulares, intervenções externas.

Um povo que cai e logo se levanta, um autêntico “zé sempre em pé”, que é o orgulho colectivo.

Um povo com a sua forte idiossincrasia, uma alma imensa, de filantropia, de humanitarismo, de solidariedade.

Um povo adorável e hospitaleiro, que trata os estrangeiros como nenhum outro, que procura sempre entender e ajudar quem nos visita, ao contrário do que os portugueses passam (autênticas “passas do Algarve”) quando atravessam a fronteira.

Um povo muito especial que se miscigenou por esse mundo além e que é produto de fortes culturas que por aqui foram sendo espalhadas ao longo dos séculos (celtas, romanos, suevos, árabes, judeus, para referir algumas).

Um povo de antes quebrar que torcer e que tem na saudade a sua marca distintiva e emblemática, que povo nenhum no mundo consegue apreender e experienciar!

Um povo que ocupa um pequeno rectângulo no canto ocidental da Europa mas que se espalhou pelo planeta, deixando marcas culturais ainda hoje patentes em tantos lugares; que traficou escravos e foi lavando a alma com boas acções e obras da misericórdia para garantir um lugar no céu.

Um povo ainda hoje espalhado por esse mundo além, numa diáspora que identifica a nossa história e que é patente na presença de 5 milhões de portugueses e de luso-descendentes dispersos pelos cinco continentes.



2. Um povo assim, assente num pequeno país, não cabe no seu território nem no seu passado e lança-se claramente para o futuro.

Um exíguo país, nem sempre com a auto-estima levantada ao nível merecido, tem dado ao mundo homens e mulheres de imenso olhar, de talentoso valor e de incrível capacidade de criar, lutar, investigar, dar-se aos outros, às artes, às ciências, ao desporto, à política, orgulhando quem aqui permanece, sem coragem para assumir a aventura e partir para o desconhecido.

E nem falo dos imorredouros descobridores que a história universal legou, mas de portugueses que mais recentemente se foram impondo em diferentes universos.

Um pequeno país que deu e continua a dar políticos de relevância europeia e mundial, apesar de nem sempre consensuais no seu próprio reino.

Por exemplo, António Guterres que, depois de ter exercido o cargo de Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados (2005-2015), foi eleito Secretário-Geral das Nações Unidas, desde 1 de Janeiro de 2017.

Ou Durão Barroso, que foi presidente da Comissão Europeia (2004-2014).

Ou Vítor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu em fim de comissão (2010-2018).

No campo desportivo, por exemplo, Portugal sagrou-se campeão da Europa de futebol em 2016 e de futsal já este ano. Feitos inéditos no seu historial, autêntica epopeia colectiva de um povo em transe.

E tem o melhor jogador do mundo em cada uma dessas modalidades (os mágicos Ronaldo e Ricardinho).

Pelo meio, em 2017, venceu pela primeira vez o Festival da Eurovisão com uma canção bem improvável interpretada pelo Salvador Sobral. Fantástico!

Portugal dá cartas no automobilismo, nas motos, no ciclismo, no atletismo e em tantas outras modalidades.

Voltando à música, depois de Amália, o mundo rende-se a Mariza, autêntica embaixatriz da alma lusíada nos palcos das grandes cidades europeias e transatlânticas.

Na literatura tem um Prémio Nobel, José Saramago.

Portugal tem ainda uma plêiade de fabulosos investigadores, académicos e cientistas, um pouco por todo o mundo, que enriquecem a ciência e a medicina com o seu trabalho e as suas fantásticas descobertas. É seu paradigma o professor António Damásio, que trabalha nos Estados Unidos.

É claro que internamente, temos gente da melhor em tantos sectores de actividade, que nos orgulham e tornam mais ricos e felizes.

Não fora a escassa auto-estima que temos (certamente vinda do fado e da saudade…), poderíamos afirmar convictamente que somos os melhores dos melhores do mundo.






Mas é que somos mesmo, caia o Carmo ou a Trindade!

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