ALINA SOUSA VAZ |
Na comemoração do dia Internacional da mulher, os textos afloram-se sobre a importância desta na sociedade! E se de ano para ano o conteúdo é sempre tido como debate, é porque, apesar de muitas mudanças e evoluções ao longo dos tempos, a questão ainda é preponderante de reflexão.
Falar sobre os direitos e objetivos da Mulher não é colocar o debate na esfera do femismo (ideologia de superioridade da mulher sobre o homem), mas na esfera do feminismo (conjunto de movimentos políticos, sociais, ideológicos e filosóficos que têm como objetivo comum os direitos baseados em normas de igualdade de género).
Muitos julgam que este debate não se coloca, pois, nos tempos modernos em que vivemos, a mulher ocupa já lugares de grande destaque. Contudo, os estudos revelam que, apesar desta evolução ser visível aos olhos de todos, ela, ainda, não é efetiva de igual modo entre homens e mulheres.
Quando me interpelam, de forma curiosa, sobre a minha participação, enquanto mulher, nas últimas eleições autárquicas, eu própria me interrogo o porquê de tal curiosidade, quando em nenhum momento vi que tive um papel mais ou menos preponderante do que um outro companheiro homem que tivesse sido ativo na sua ação. Eu aceitei um projeto, sem em nenhum momento pensar que estivesse a ser convidada pela “lei da Paridade” ou das “quotas voluntárias dos partidos”, adotadas por 23 dos 28 países da União Europeia, inclusive por Portugal (Lei Orgânica nº 3/2006. de 21 de agosto, implementada no ciclo eleitoral de 2009) que promoviam a igualdade de género na política, e que, por sua vez, contribuíram muito, como todos sabemos, para o aumento do número de mulheres neste âmbito.
Sem dúvida, e há estudos que o comprovam, que a sub-representação das mulheres na política é um fenómeno universal, no entanto, na minha opinião, acredito que será uma questão de duas, três gerações, para que as mulheres estejam em maior número na esfera política. A influência cultural ainda não as conduz, é certo, mas não tardará serão elas as mais interessadas em fazer parte de um processo neste âmbito. Não, por se julgarem mais competentes do que os homens, mas, porque, para além das suas habilitações, trazerem a este meio características inerentes da sua condição de mulher que tanto fazem falta a esta democracia que todos debatemos e defendemos.
Muitos são os fatores que tornam difícil a mudança, se Portugal, por volta de 2009 se situava em 42º lugar, com apenas 21,3% mulheres no Parlamento, hoje, a Lei da Paridade situa a nação em 29º lugar (34,8%), estando entre os 30 países mais paritários do mundo, em 193 países.
Hoje, a forma de fazer política continua muito igual àquela que se fazia no passado e mesmo com a implementação da lei, ainda não são percetíveis mudanças claras nas estratégias e na forma de fazer política. Para isto mudar, a mulher tem que ser mais participativa e ativa, fazer, também, lobbying (clubes de mulheres) para que haja cooperação entre elas e uma maior rede de relações de poder.
A mulher não deve ficar à espera do seu lugar deve, se assim o desejar, continuar a lutar por ele!
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