JOSÉ CASTRO |
Chegados a Dezembro é (na nossa cultura cristã) incontornável a questão do Natal. Centenas de religiões se denominam Cristãs e reclamam para si a respetiva Verdade! Obviamente não é o meu objetivo analisá-las, até porque os estudos ou qualquer investigação de “crenças”, conhecimentos e conceitos de determinados grupos, devem ser feitos do ponto de vista “Émico”. Por outro lado, temos um Estado que se diz “Laico” mas que “escorrega” frequentemente, dada a pressão social neste campo, para a maioria que se diz “cristã”. Vejam--se os ditos “presépios,” a árvore de Natal, e as “luzinhas”, agora de leds (mais económicas) promovidos pelas diferentes autarquias! Por fim temos todas as outras possibilidades desde Ateus, Agnósticos e seguidores de outras religiões ou “Filosofias” Espiritualistas. Estes últimos, não manifestam qualquer interesse pelo “nosso” Natal, assim como acontece com os Cristãos, por exemplo, em relação à Grande Festa, que os muçulmanos fazem, ou ao Vesak", a maior festa dos Budistas, que lembra o nascimento, a iluminação e a morte de Buda. Verifica-se mais uma vez que cada “crença” anda ao seu “ritmo”, com a sua dita “verdade”, com os seus ditos “Livros Sagrados,” influenciando, quando em maioria, poderes político e económico!
As questões que se colocam são: O Amor Incondicional é exclusivo de alguma crença? A Verdade é exclusiva de alguma crença? A Compaixão é exclusiva de alguma crença? O Perdão é exclusivo de alguma crença? A Caridade é exclusiva de alguma crença? A Bondade é exclusiva de alguma crença? A gratidão é exclusiva de alguma crença?
Se são esses valores que se querem celebrar e que são consensuais para a maioria das crenças e filosofias espiritualistas, inclusive para a Ciência, (veja-se a base da Psicologia Positiva), por que razão estamos tão afastados da Paz Mundial? Porque cada um quer defender “até à morte” a sua “verdade”, por achá-la melhor que a do outro?
A pressão social, nesta época, para “parecer bonito” e não ficar “desfasado” dos rituais natalícios é enorme. Uns endividam-se para dar prendas, outros juntam-se em convívio “forçado”, alimentando em si mais desarmonia familiar. Curiosamente, se o Natal significa festejar o nascimento de Jesus (que nem sequer foi nesta altura!), este continua o eterno desconhecido face ao Pai Natal e às suas super renas que trazem os presentes. Quando a palavra de ordem, nesta altura é o “Amor Incondicional para todos Seres” este é distorcido de muitas maneiras, inclusive até na alimentação. Afinal, para o nosso “alegado” bem estar na mesa, precisamos (porque é tradição) sacrificar o peru, o leitão, o borrego, o bacalhau ou o polvo. Afinal o Amor ao próximo ainda só é direcionado ao Ser humano (quando é), os restantes Seres, comprovadamente tidos como sencientes, ainda passam ao lado…
Assim sendo, não me revejo nestas festividades que distorcem o verdadeiro espírito do Natal, que deve ser vivido a cada dia, a cada minuto, a cada pensamento, a cada ação, ao serviço do próximo (e o próximo são todos os Seres exceto eu). Afinal, mais importante que comemorar uma data, é questionar-se se Jesus já nasceu dentro de si. Isto é, se a Sua mensagem de Amor Universal e Incondicional já trouxe mudanças para sua vida e na forma como você “toca” os outros seres que o rodeiam.
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