quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O NATAL DA MINHA INFÂNCIA



MÁRCIA PINTO
Todos nós temos histórias de Natal que marcaram a nossa vida, algumas inesquecíveis outras nem tanto.

O Natal é uma data que é impossível que nos passe ao lado, não é apenas mais um feriado, é difícil não entrar no clima natalício.

O “espírito de natal” está presente em todo o lado. Começa logo no início do mês de novembro, quando as lojas começam a apresentar as montras coloridas com as iluminações alusivas à época.

Deste modo e apesar de todas as questões comerciais, as pessoas tendem a sentir o espírito de solidariedade mais intensamente, a família aproxima-se, as pessoas querem os familiares por perto, a saudade dos que já não estão aqui é sentida mais intensamente. Eu nesta época sinto mais saudades do meu avô materno, desde que partiu o Natal deixou de ter o mesmo sentido…

Assim, e embora com muita simplicidade, os meus pais sempre mantiveram a crença da existência do pai Natal. Eu e o meu irmão, raramente tínhamos o presente de Natal que pedíamos ou queríamos, mas ficávamos sempre muito felizes com o que o velhinho de barbas brancas nos deixava. Nunca tive a barbie, que era o meu sonho, só quando o meu tio me ofereceu…Mas eramos tão felizes com tão pouco! E como era bom! Dávamos valor às pequenas lembranças que recebíamos de presente. Comprávamos uma roupa nova e uns sapatos, mas sabíamos que tínhamos que ter cuidado porque provavelmente só numa próxima festa é que voltaríamos a ter roupa e calçado novo.

Desta forma, na véspera do Natal a família mais chegada reunia-se para a noite da consoada. O prato característico era, e continua a ser, o bacalhau cozido com batatas regadas com o azeite novo. A noite continuava com os doces típicos da época, o cheiro a canela e a açúcar queimado perfumava a cozinha. Os doces sempre foram a minha especialidade, as rabanadas e os sonhos ainda hoje são feitos por mim, mas naquela altura tinha um parceiro, o avô zé! Ele escolhia um tronco de madeira, que colocava a arder logo na manhã do dia 24. Sentado à lareira era ele o primeiro a provar, e estava sempre tudo bom para ele. Ainda hoje o sinto enquanto preparo os mesmos doces, mas sem o mesmo entusiasmo de antigamente!

O encanto do meu Natal só voltou a surgir quando o vi através dos olhos brilhantes da minha filhota!

Naquela altura, antes de adormecer a imaginação começava a trabalhar nas prendas que iria receber no dia seguinte. A noite parecia ser mais longa que o habitual. De manhã bem cedo corria para a sala para ver as prendas do pai Natal. E lá estavam elas no sapatinho, uma boneca muito simples, um chocolate e uma peça de vestuário que provavelmente me estaria a fazer falta. Tudo tinha um sabor diferente, mais adocicado. Era um dia único e que não se voltaria a repetir durante o ano.

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