RUI SANTOS |
A gripe, conhecida de todos nós, existe há milhares de anos e sofre diversas alterações ao longo dos tempos, através de mutação ou recombinação sendo muito difícil controlar a sua proliferação, podendo despertar sintomas muito diversos conforme a resistencia de cada indivíduo e a sua condição física (sexo, idade, doenças concomitantes).
A gripe foi descrita há cerca de 2400 anos por Hipócrates ( asclepíade, isto é, membro de uma família que durante várias gerações praticara os cuidados em saúde). Não quer dizer que anteriormente não existam, relatos de gripe , mas uma vez que a sintomatologia é semelhante a outros problemas respiratórios é difícil conhecer a sua história.
Em 1943 está registada uma enorme pandemia de gripe, com a colonização do Continente Americano. Após a Chegada de Cristovão Colombo toda a população indígena das Antilhas foi dizimada por uma epidemia muito semelhante à gripe.
O primeiro registo credível de uma epidemia de gripe descreve um surto ocorrido em 1580, que teve início na Rússia e se espalhou para a Europa através de África. Só em Roma foram mortas 8000 pessoas e várias cidades espanholas foram quase dizimadas. Ao longo dos séculos XVII e XVIII ocorreram várias pandemias esporádicas, a maior das quais ocorrida 1830-1833 e que infectou cerca de um quarto das pessoas expostas ao vírus.
A Gripe Espanhola é um dos relatos mais conhecidos na história (tipo A e subtipo H1N1) entre 1918 e 1919. Esta pandemia foi descrita como o "maior holocausto médico na História" e pode ter sido responsável pelo mesmo número de mortos da Peste Negra. A doença atipicamente grave matou entre 2 e 20% das pessoas infectadas, ao contrário das epidemias típicas, cuja taxa de mortalidade é de apenas 0,1%.
As pandemias posteriores não foram tão devastadoras. A Gripe Asiática de 1957 (tipo A, estirpe H2N2) e a Gripe de Hong Kong de 1968 (tipo A, estirpe H3N2), as quais, embora de menor dimensão, foram responsáveis pela morte de milhões de pessoas. Nas pandemias mais recentes estavam disponíveis fármacos para controlar as infeções secundárias, o que pode ter ajudado a reduzir a mortalidade em comparação com pandemias anteriores.
A gripe exige da sociedade um elevado custo económico, não apenas direto devido à perda de produtividade e aos tratamentos de saúde associados, como também indireto através da despesa com medidas de prevenção. Os governos mundiais gastaram vários milhares de milhões de euros na preparação e planeamento de uma potencial pandemia de gripe aviária H5N1, sobretudo com a compra de fármacos e vacinas, no desenvolvimento de medidas de gestão e em estratégias para o controlo de fronteiras. Numa a avaliação da pandemia de H1N1 em 2009 em alguns países do hemisfério sul, os dados sugerem que todos os países foram afetados em termos sócio-económicos devido à diminuição temporária do turismo em consequência do medo da doença; no entanto, não se conseguiu ainda estabelecer se a pandemia provocou impacto a longo prazo.
A investigação de novas vacinas é particularmente importante, uma vez que as vacinas atuais são de produção lenta e demorada e têm que ser reformuladas anualmente. Estão também a ser investigados para potenciais tratamentos uma série de biofármacos para o tratamento de infeções provocadas por vírus. Os biofármacos terapêuticos são desenhados para ativar a resposta imune a vírus ou antígenos.
A gripe é uma infeção respiratória aguda de curta duração. É causada pelo vírus Influenza, que ao entrar no nosso organismo, multiplica-se, disseminando-se para a garganta e restantes vias respiratórias, incluindo os pulmões. Os primeiros sintomas da doença surgem entre 1 a 4 dias após a infecção pelo vírus (período de incubação) e a sua severidade varia de acordo com a pessoa infectada. De facto, o vírus Influenza pode afectar qualquer pessoa, no entanto, as pessoas com idade avançada ou doenças crónicas são mais vulneráveis, apresentando sintomas mais severos e maior mortalidade.
Ao detetar o vírus da Gripe, o nosso sistema imunitário inicia um processo de defesa que vai sendo apurado enquanto actua. Este processo de defesa está associado aos sintomas da doença e, de um modo geral, resulta na eliminação do vírus em cerca de uma semana.
A gripe apresenta-se, na maior parte das vezes, sob a forma epidémica afetando milhões de pessoas por ano, das quais cerca de um milhão desenvolvem pneumonias que podem levar à hospitalização e morte. Durante as epidemias de gripe, cerca de 5 a 15% da população é afectada por infeções respiratórias.
Para além de constituir um sério problema de saúde pública, a gripe é também responsável por ausências ao trabalho e à escola, causando uma perturbação social e económica significativa. Estratégias de prevenção são elaboradas tendo em consideração medidas de custo e benefício, envolvendo a saúde e a economia.
Uma das medidas preventivas mais importantes contra a gripe sazonal é a vacinação anual.
É também a melhor forma de reduzir o impacto de uma epidemia. As vacinas contra a gripe estão disponíveis e já são usadas há mais de 60 anos. São vacinas seguras e eficazes, reduzindo não só a incidência como também a gravidade e a mortalidade entre os idosos e doentes crónicos.
De acordo com algumas diretivas da Organização Mundial de Saúde (OMS), devem ser vacinados, preferencialmente em Outubro:
• indivíduos com idade igual e superior a 65 anos;
• grupos de pessoas com um risco acrescido de complicações (nomeadamente, pessoas com doenças crónicas ou com o sistema imunitário enfraquecido);
• e, grupos de pessoas que podem transmitir o vírus a outras pessoas consideradas de risco (por exemplo, médicos e enfermeiros).
Existe, no entanto, um grupo de pessoas que não se deve vacinar porque já teve, por exemplo, uma reação alérgica à vacina. É, por isso, essencial que a vacina seja sempre aconselhada pelo seu médico.
Como a quota de vacinas atribuída a cada país é limitada, a vacinação indiscriminada de todos os indivíduos pode comprometer a disponibilidade de vacinas para os grupos populacionais que, de facto, beneficiam dela, daí ter de se recorrer a casos prioritários e fazer um bom rácio das mesmas.
Prevenir é o melhor remédio. Como diz o ditado, mais vale prevenir do que remediar. Simples acções como lavar bem as mãos (antissépticos ); evitar compartilhar talheres, louça , alimentos e objectos pessoais, manter o ambiente ventilado e evitar aglomerado de pessoas e com pouca circulação de ar; não se auto-medicar (consultar o médico ou farmacêutico); ao espirrar, cubra a boca com a parte interna no braço, nunca com as mãos; fazem toda a diferença e diminuem o risco de contágio.
Ajude os outros e ajude-se a si mesmo, a combater esta doença que tantas complicações pode trazer aquando não tratada devidamente.
Esteja preparado para enfrentar este Inverno com saúde e boa disposição.
Sem comentários:
Enviar um comentário