terça-feira, 12 de dezembro de 2017

PORTUGAL, PAÍS DAS MARAVILHAS

RUI CANOSSA
Maravilhoso, nos últimos tempos as boas notícias em relação à economia portuguesa são mais que muitas. Ora seja porque Portugal saiu do Procedimento por Défices Excessivos, ou porque o crescimento bateu recordes de 17 anos, o desemprego está em mínimos de 8 anos. A confiança dos consumidores está em alta, o turismo cresce a um ritmo alucinante. É a propalada devolução do Rendimento Disponível dos Particulares. A enxurrada é tal que parece que vivemos no país das maravilhas.

Mas, é mesmo assim? Os frutos que estamos agora a colher foram semeados com a crise. Durante o período da Troika as nossas exportações subiram de 28% para 42% do PIB, num processo que atingiu a maior parte dos setores de atividade, alguns deles impensáveis há uns anos como o ramo das hortofrutícolas. Outro dos rostos deste aumento das exportações – nos serviços – é o turismo, o petróleo português. Este crescimento e recuperação do emprego não se deve à atuação do governo mas sim aos empresários privados que ainda vão investindo.

A política de devolução de rendimento disponível às famílias é um embuste. Se por um lado estão a devolver rendimento nominal às famílias é preciso fazer bem as contas ao fim do mês porque a maioria dos impostos indiretos e invisíveis estão a aumentar, o que vai se traduzir num aumento dos preços e consequentemente numa redução do poder de compra das famílias, ou seja, do seu rendimento real, aquilo que cada família pode adquirir com o seu rendimento. As famílias parecem querer voltar a pensar em comprar casa própria, um carro novo, viajar mais e comer em restaurantes, tudo aspirações legítimas, mas só peço cuidado com o excesso de endividamento que também é um problema da nossa sociedade.

E as finanças públicas? A diminuição do défice tem sido feito à custa de cativações que o governo tem feito e tem prejudicado as empresas e instituições que estão dependentes dos dinheiros públicos, nacionais e europeus. Ninguém recebe. Para o ex-ministro socialista Daniel Bessa, renomado economista da nossa praça, se fosse ele a ser o ministro das Finanças daria ordens para que se buscasse o equilíbrio orçamental, ou até mesmo a procura de superávites orçamentais para começarmos a fazer face à Divida do Estado que, também essa, bate novos recordes a cada dia que passa.

Por estas e outras razões que não me parece que estejamos a viver no país das maravilhas, apesar das reversões salariais com cada vez mais afetos.

Vamos entrar na quadra Natalícia. Quero desejar a todos os leitores um Santo e Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.

Sem comentários:

Enviar um comentário