Teresa Silva pediu a colaboração da audiência para a explicação das expressões idiomáticas. DR |
Maria
Teresa Vieira da Silva nasceu em Durban, Natal, South Africa, a 19 de março de
1968. Fez o ensino primário na Glenwood Primary School, o ensino preparatório e
secundário na Park View Junior School e na Durban Girls’ High School, todas em
Durban, vindo a finalizar o ensino secundário em Portugal, na Escola Secundária
de Santa Maria da Feira, para onde veio viver aos 14 anos.
Em
2003 conclui a Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas – variante de
Estudos Portugueses e Ingleses – Ramo Educacional na Faculdade de Letras da
Universidade do Porto. Em 2010, na mesma universidade, conclui o mestrado em
Estudos Anglo-Americanos, variante de Literaturas e Culturas – com a
dissertação: “The young Rebecca West and early twentieth century feminism :
militancy through writing”.
Atualmente,
frequenta o doutoramento na Universidade de Salamanca no departamento de
Filologia Inglesa – subordinado ao tema “leitura extensiva no ensino de língua
estrangeira no ensino superior”.
Tendo
já trabalhado antes como professora freelancer em várias escolas privadas de
línguas e também públicas, encontra-se há seis anos a lecionar na UTAD, como
leitora de inglês.
Dos
projetos desenvolvidos ao nível da academia, Teresa Silva foi membro da
comissão organizadora do “Forum on World Issues” no ano letivo de 2009/2010 e
2010/2011; membro da comissão organizadora do EIRI no ano letivo 2012/2013 e
vogal do departamento na gestão dos Cursos Livres de Línguas Estrangeiras
2012/2013 e 2013/2014.
Teresa Silva foi uma das oradoras convidadas do evento “Ser Profissional de Comunicação Além-Fronteiras: Que Desafios?”, que decorreu no auditório da Biblioteca Central da UTAD na passada quarta-feira, dia 20 de novembro, com a comunicação “How can I say it?”
A Bird Magazine esteve à conversa com a docente da academia transmontana.
Ricardo Pinto
(RP):
Ao adquirir uma nova língua, acabamos por colocar um pouco de nós, da nossa
cultura, dentro dela. Todavia, que cuidados devemos ter na utilização dessa
nova língua?
Teresa Silva
(TS):
Essencialmente, aquilo que o José Carlos Ramalho dizia na conferência: “fazer
uso do bom senso”. Um conhecimento linguístico facilita mas deve ser
aprofundado e exercitado através de uma leitura ávida na língua que se quer
adotar, escutar os nativos quer na televisão, quer na rádio e, até mesmo, nas
ruas. Há muito mais que podemos fazer mas se fizermos isto e lhe acrescentarmos
uma boa dose de bom senso evitaremos situações de embaraço e de ofensa para com
os falantes da língua.
RP: Há expressões
idiomáticas em inglês, tal como nós as temos em português, que caso não sejam
conhecidas não têm tradução literal. Pode elencar alguns exemplos?
TS: Começaria pelo
primeiro exemplo que dei na conferência: o “Yellow journalism”, que em
português corresponde à imprensa cor-de-rosa.
Segundo:
“Spill the beans”, que significa contar tudo, dizer até mais do que deveria.
Este deverá ser o objetivo de qualquer jornalista/repórter, conseguir a máxima
informação da sua fonte de informação.
E,
finalmente, dou um outro exemplo: “Get the jump on someone”, que significa ganhar
vantagem em relação aos outros. É disto que os nossos jovens precisam neste
momento.
RP: Na sua opinião,
qual a importância da existência de cursos livres de línguas no Departamento de
Letras, Artes e Comunicação da UTAD, numa altura em que as elevadas taxas de
emigração vêm corroborar o fenómeno da globalização?
TS: Faz parte da
missão da UTAD promover o ensino ao longo da vida e os cursos livres sempre
existiram com esse objetivo. Curiosamente, a publicidade feita aos cursos tem
sido basicamente o «passa a palavra» e todos os anos os números de inscritos
tem aumentado. Em anos anteriores, os docentes da casa garantiam a docência
destes cursos e, por conseguinte o número de turmas e formandos ficava limitado
à disponibilidade dos professores. Com a conjuntura económica a obrigar à
deslocação dos nossos recém-licenciados, o DLAC em conjunto com o GFORM optaram
pela estratégia de aceitar todas as inscrições. Foram abertas turmas com um
número limitado de formandos e formou-se uma carteira de formadores
qualificados para garantir o funcionamento de todas as turmas abertas até uma
determinada data limite. O facto dos nossos jovens não se limitarem a procurar
emprego dentro do próprio país já corrobora o fenómeno. No entanto, se nesta
fase a taxa de emigração foi despoletada pela crise, não podemos esquecer que
faz parte das características inatas do povo português esta necessidade de
fazer parte da aldeia global, sempre fez…muito antes do termo ter sido cunhado por
McLuhan. Se assim não fosse, não nos teríamos aventurado por esse mundo
desconhecido numas frágeis naus.
RP: Quanto ao
provérbio português que diz – “burro velho, não aprende línguas”. Será por
isso que cada vez mais, desde o ensino primário é importantíssimo o contacto
com uma nova língua, o caso do inglês?
TS: Qualquer
sistema educativo (que se preze) deve apostar em despertar e fortalecer
conhecimentos linguísticos desde a mais tenra idade. É evidente que não se pode
ficar apenas pelas línguas, mas estas são instrumentos valiosíssimos neste
mundo cada vez mais próximo e onde há cada vez mais necessidade de entender o
outro e de se fazer entender pelo outro. Vejamos o caso dos países nórdicos,
cuja excelência do ensino está constantemente em foco no nosso país: as
crianças entram em contacto com, pelo menos, uma língua estrangeira já na idade
do pré-escolar. Este contacto precoce visa uma maior facilidade na aquisição do
novo sistema fonológico e lexical. Mas não se fica só por isto (não deve ficar)
– é necessário tomar consciência da cultura agregada a essa mesma língua. É
necessário uma espécie de “submersão” linguístico-cultural. Apostando nos mais
novos, a aprendizagem de uma língua pode formar um falante quase (ou até mesmo)
proficiente porque acabará por se sentir tão à-vontade com a língua estrangeira
como com a língua materna. Claro que qualquer um poderá estudar e, até, dominar
uma língua estrangeira, com maior ou menor facilidade, em idades mais adultas;
mas, se queremos auxiliar os nossos aprendentes, devemos tornar esse percurso o
menos penoso possível e valorizar a aprendizagem ao longo da vida – para mim,
esta não se limita apenas à aprendizagem adquirido em adulto; pelo contrário, ao
longo da vida implica um percurso que se inicia na infância e termina quando o
ser deixa de fazer uso das suas faculdades mentais.
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