Alina Sousa Vaz DR |
Pegando na máxima de Helena Vaz da Silva,
ex-diretora do Centro Nacional de Cultura, “é de cultura como instrumento para
a felicidade como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos
que vos quero falar”.
Por estes dias reluzentes de um sol de
S.Martinho, o nevoeiro pairou sobre aqueles que olham a Cultura com real
apreço. O secretário de estado da cultura, Jorge Barreto Xavier, admitiu no
Parlamento que o orçamento para 2014 para o sector iria sofrer um corte de 15
milhões de euros em relação ao ano de 2013. Independentemente das oposições
lançarem outros valores diferentes e mais avultados, reitero uma tristeza
profunda que me deixa atónita e preocupada com o futuro cultural do cidadão
português.
Todos sabemos que os indicadores de
cultura estão sempre ligados aos indicadores da educação e se o inquérito do
Eurobarómetro sobre a participação em atividades culturais na União Europeia
mostra Portugal no fundo da tabela a par com países como a Bulgária e a Roménia,
tal facto revela que há muito por realizar neste nosso país em ambos os
sectores.
Os valores chocaram os intelectuais. Muitos
apontam a crise como principal motivo para esta classificação mísera, porém
outros revelam que não frequentar bibliotecas públicas, museus, espetáculos de
teatro, dança ou ópera, ler livros e visitar monumentos estará relacionado,
principalmente, com a falta de estímulo e investimento do ensino cultural nas
escolas.
Confesso que por vezes tenho ganas de
gritar bem alto. Se conhecemos os motivos do baixo índice cultural o que nos
impede de seguir em frente aplicando a lição que está bem estudada? É
necessário criar hábitos desde tenra idade, sabemos que a melhor forma de
ensinar uma criança a ter riqueza cultural é fazê-la crescer num ambiente no
qual tenha contacto constante com eventos culturais de diversas áreas.
A educação é um trabalho permanente do
sujeito para a vida integrante no mundo contemporâneo que é um mundo de
diversidade, de pluralidade, onde a questão dos diferentes diálogos, das
diferentes temporalidades que vivemos é importante para construir um sujeito
critico e participativo da sociedade, ou seja a educação desloca-se para uma
visão de articulação dos diversos subsistemas culturais. Mais do que um
professor conseguir controlar os jovens numa sala de aula e leccionar a
panóplia dos conteúdos programáticos é necessário garantir uma educação de
qualidade de acesso pleno à cultura que permita o desenvolvimento da condição
humana, um crescimento individual das pessoas podendo potencializar e
qualificar as relações sociais que geram valores.
Contudo, a educação tem sofrido
atrozmente. Com a redução de professores, aumento do número de alunos por
turma… a escola pública portuguesa tem sido apunhalada cabalmente e ao perder
os seus agentes principais de uma maneira ou de outra o fosso cultural vai
aumentar cada vez mais. Relembremos que a educação é um poderoso instrumento
para um rápido crescimento económico e para a mobilidade individual e tem sido
os professores desta nova geração o deleite de muitas escolas, por se tratar de
um corpo docente altamente qualificado, dinâmico e muito disponível para o
desenvolvimento de projetos, quer em período de trabalho, quer mesmo fora dele.
Este grupo de professores têm vindo a construir uma excelente e salutar relação
com os seus alunos, de onde advêm relações pedagógicas fortalecidas e um
incremento suplementar no processo de ensino/aprendizagem contribuindo assim
para uma maior incremento do desenvolvimento cultural.
Num país onde há falta de verbas e o
plano cultural passa para último lugar pelas chefias, que futuro podemos
esperar para a Cultura em Portugal? Nos bancos da escola sempre nos ensinaram
que o poder económico de um país verificava-se no seu elevado grau de instrução
e cultura. Como sair deste marasmo, desta nostalgia e fado que parece que nos
retrata?
Ao contrário do que muitos pensam,
Cultura gera riqueza mas cada um colhe conforme o que semeia. É necessário um
maior investimento nos sectores primordiais para que o futuro seja promissor.
Como cidadã não quero viver em modo macambúzio…
quero mais Cristianos Ronaldos espalhados por esse mundo fora com orgulho em
dizerem “Sou português e estou aqui”.
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