Luís Mendonça na palestra Ser Profissional de Comunicação Além-Fronteiras: Que desafios? UTAD |
Diz o povo que o
homem é o reflexo do seu trabalho. Luís Alberto Loureiro Mendonça é, então, o
reflexo de uma vida dedicada ao jornalismo. Com 50 anos de idade, o seu
percurso profissional já se cruzou com a Agência Lusa, com a SIC, com a TSF e
com a Voz de Trás-os-Montes.
Participou
e organizou um sem número de atividades relacionadas com a área do jornalismo.
Foi repórter no Kosovo em julho de 2000 e em Timor em janeiro de 2004. Venceu o
Prémio Europeu de Jornalismo em 2009, na categoria de Rádio. Prémio, esse, atribuído
pelo Parlamento Europeu à sua reportagem: “Um dia com a eurodeputada Elisa
Ferreira”
Atualmente é
diretor da Universidade FM, tesoureiro da direção da Rádio Universidade Marão,
Vice- Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Radiodifusão,
Secretário da Mesa da Assembleia Geral da Federação Portuguesa das Rádios
Privadas.
A BIRD MAGAZINE
foi conhecer um pouco melhor este profissional. Depois da sua participação na
palestra Ser Profissional da Comunicação Além-Fronteiras: Que desafios? Que teve
lugar na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), na passada semana.
Daniela
Pereira (DP): O seu
percurso conta com experiência no jornalismo regional e no jornalismo nacional
e internacional. Pode-nos descrever as principais disparidades que encontrou entre
eles?
Luís
Mendonça (LM): Aquilo
que aprendi em todos as experiências que vivi demonstrou-me que enquanto
jornalista, tive que ser sempre o mesmo, em qualquer situação, sempre munido
das melhores ferramentas que adquiri ao longo do tempo de aprendizagem e de
profissão.
DP: Foi repórter no Kosovo em 2000 e em
Timor em 2001, como é que descreve essas experiências? Quais foram as maiores
dificuldades? Voltava a repetir?
LM: As experiências foram extraordinárias
porque estava em contacto diário com o trabalho dos militares portugueses, e
acompanhava de perto todo o seu trabalho. Como é fácil de perceber, em Timor
senti-me mais realizado, pelo facto de ser mais fácil comunicar com os locais
(os mais velhos ainda falavam português) e porque os timorenses mostravam um
carinho especial pelos portugueses.
A maior dificuldade foi a forma como
estava integrado, dentro de uma organização, NATO, no caso do Kosovo e ONU, no
caso de Timor, que de certa forma condicionavam o trabalho. De qualquer forma
fui para estes dois cenários sabendo que iria estar sempre integrado nessas
duas organizações. Na realidade, enquanto jornalista de um meio de comunicação
social local, ou regional, não tinha outra possibilidade que não esta, de poder
ter este contacto. Nos dois casos, fui com a tropa portuguesa para os dois
cenários e com eles vivi enquanto lá estive.
Gostava de poder regressar principalmente
a Timor, para poder ver as diferenças que encontrava.
DP:
No seu curriculum
podemos verificar que realizou um curso de segurança e defesa para jornalistas,
em que medida é que sentiu que esse curso era importante para o desempenho da
sua profissão?
LM: Para mim, que fui militar e que já tinha
vivenciado estas duas situações em palcos de conflitos armados, o curso foi
muito interessante, porque me deu mais ferramentas de organização do nosso país
nestas áreas, mas parece-me que de uma forma geral, o curso fazia bem a
qualquer tipo de jornalista, porque nos enriquece muito, permite-nos perceber
melhor como é que Portugal está organizado em questões de defesa e segurança.
DP: Como profissional, como é que vê o
futuro do jornalismo?
LM: O jornalismo parece estar a viver
uma nova fase, já passou por muitas e foi-se sempre adaptando, desde o
jornalismo escrito, ao radiofónico, passando pelo televisivo e pelo que se faz
através da internet.
Até hoje, o
modelo de sociedade que melhor nos tem servido é a democracia e esse é composto
por três poderes, que são escrutinados pela comunicação social - tantas vezes
conhecida como o quarto poder – enquanto assim vivermos, o jornalismo e os
meios de comunicação social fazem parte integrante das nossas democracias, e
vão por isso continuar a exercer o seu papel fundamental no desenvolvimento das
sociedades.
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