Gabriel Vilas Boas DR |
A paciência não
é uma virtude moderna! Muito menos uma virtude atraente, apelativa ou destinada
a portugueses. As sociedades modernas excomungaram-na, as mentes que fazem a
nossa mente ignoram-na. No entanto, ela é um eixo fundamental dos países
organizados e que proporcionam aos seus cidadãos uma vida agradável. As pessoas
pacientes raramente se arrependem de o ser.
Na minha
opinião, não é uma questão de feitio, mas sim de inteligência, disciplina e…
tempo. Quase tudo precisa de tempo: as pessoas, os sentimentos, as
mentalidades, a natureza, as empresas, as organizações, os países. Não temos?
Claro que temos. Conhecer a paciência é a primeira medida inteligente de quem
tem pressa.
Se olharmos com
atenção para o atual estado económico e social de vários países, percebemos que
muitos daqueles que se encontram numa situação favorável são aqueles que
souberam identificar as suas forças e fraquezas, antecipar o futuro e pôr em
prática os projetos que lhes eram mais convenientes. Com segurança, com
paciência. Obviamente que parece que para eles o tempo passou rápido, porque os
vemos a alcançar algo de sustentado e duradoiro. Passou o mesmo tempo que para
nós. Só que nós, portugueses, discutíamos o fútil; pulávamos de projeto em projeto,
desacreditando de todos; gastávamos o melhor das nossas energias destruindo os
argumentos do parceiro do lado, criticando qualquer tentativa de grupos e
organizações que apresentassem um projeto a médio /longo prazo. A permanente
pressa trouxe-nos a esta profunda depressão, de que achamos já não haver saída,
perdida que está a esperança. Mais uma vez falta-nos realismo e paciência.
No meu entender,
temos de perceber que a vida é uma aventura extraordinária que só merece a pena
ser vivida procurando a excelência de nós, enquanto seres individuais e
coletivos. E o tempo não nos falta… nem nos sobra, pela exata razão de que não
sabemos de quanto dispomos. Portanto, não o usemos como desculpa. Desculpa é,
também, dizer que a paciência é virtude que não nos assiste, que isso é coisa
de alemão ou chinês e, portanto… desistimos antes de começar. Na verdade é medo
de fazer as coisas simples. E não conseguir. “Ser normal”, fazer as coisas que
todos fazem, tomar decisões ponderadas, ser coerente e consistente não é
chique, não dá destaque internacional, likes
nas redes sociais ou causa inveja ao vizinho. Apenas comete a
desinteressante proeza de tornar a vida bem mais fácil.
Atenção que não
devemos confundir a paciência com o medo, inoperância ou preguiça, como
observo, infelizmente, em muitos governantes portugueses. Jamais a paciência
implica inação. Ser paciente é saber esperar os resultados daquilo que se
planeou e depois se pôs em prática. É não desanimar aos primeiros revezes. É
uma atitude interior de grande coragem, força, determinação.
E que fazer
quando verificamos que passaram os anos, as oportunidades, as gerações e não
temos nada na mão? Temos apenas o coração cheio de dúvidas e angústias e
dívidas e penhoras por todo o lado. Parece que a solução é simples, mas não é
fácil, pois implica contrariar todo um estilo de vida e uma mentalidade com que
nos comprazemos e desculpamos há séculos (não há aqui algum exagero literário)
e adquirir hábitos de regularidade, persistência e trabalho.
Primeiro há que
perceber que há coisas que todos os povos têm que fazer e assegurar, como por
exemplo, a sua subsistência. Alguém tem de tratar disso. Depois, entender que
há coisas que consumimos mais, porque gostamos mais, do que outros povos.
Alguém tem de tratar disso. De seguida, há que antecipar aquilo que somos bons
a fazer e os outros gostam e vão querer ter na próxima década. Há que investir
nessas áreas, formar e apoiar aquelas pessoas que se disponham a tratar disso.
Mas não podemos deixar de tratar disso.
Não podemos, no entanto, esquecer um condimento fundamental para a que a receita resulte: temos de acreditar em nós e naqueles que nos rodeiam. Acreditar sem invejar, perceber que tem de haver espaço para todos. Entender o sucesso do outro como o nosso sucesso. Saber que o caminho é longo, certamente espinhoso, mas possível. Muito possível, aliás. Falta a paciência, aquela “coisa” pouco sexy que possui o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem.
Não podemos, no entanto, esquecer um condimento fundamental para a que a receita resulte: temos de acreditar em nós e naqueles que nos rodeiam. Acreditar sem invejar, perceber que tem de haver espaço para todos. Entender o sucesso do outro como o nosso sucesso. Saber que o caminho é longo, certamente espinhoso, mas possível. Muito possível, aliás. Falta a paciência, aquela “coisa” pouco sexy que possui o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem.
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