“lua
de setembro
lá
fora o vento claro
varre
as estrelas”
Rogério
Martins
ANABELA BORGES DR |
Setembro: nono
mês do ano no calendário gregoriano, tendo a duração de 30 dias, deve o seu
nome à palavra latina septem (sete),
dado que era o sétimo mês do calendário romano, que começava em Março.
Em 22 ou 23 de
Setembro, o Sol cruza o equador celeste rumo ao Sul. É o equinócio de Setembro,
começo do Outono no Hemisfério Norte e da Primavera no Hemisfério Sul.
Setembro é o mês
de todos os recomeços.
Como li,
recentemente, num artigo, “Setembro é o [mês] da rentrée”.
Muita coisa entra em vigor em Setembro: o aclamado
início do ano lectivo; o arranque do ano judicial; muitas empresas e
instituições, que encerram para férias em Agosto, reabrem portas em Setembro; muita
aprovação de diplomas, entradas em vigor e propostas de Lei têm a sua notação
para este mês; séries da TV começam ou trazem novas temporadas.
DR |
A minha gata
começa a dormir mais a partir de Setembro.
Muito de nós entra em vigor em Setembro.
O início do ano
lectivo costura muita bainha em torno do país, logo começam todos os
movimentos, como formigas que se vêem na obrigação de percorrer os carreiros à
vida. Os alunos por causa da escola, os pais por causa dos filhos, uns por
causa de uns, uns por causa de outros. O nosso país, em muitos aspectos,
organiza-se mediante o calendário escolar. Tenho como exemplo muito próximo o
meu marido, que não é estudante (embora o seja, que, num sentido lato, todos o
somos) nem professor (embora o seja, porque o somos em variadíssimas
situações), mas organiza a sua agenda em termos de ano lectivo e não em termos
de ano civil. Creio que é uma tendência.
O mês de Agosto,
a despeito de ser considerado o mês das férias, dos encontros, das esplanadas,
dos jantares, das reuniões em família, deixa para trás muita tristeza, muita
vida ceifada, muito sangue corrido. Pouco calor.
Setembro é também
o mês de muitas contrariedades. O mês que começa traz consigo expectativas e
muitas incertezas também. E terror, do mais bárbaro terror. É o mês de lembrar
os atentados do nine/eleven. É o mês
de ver o que se vê e de não ver o que se perde nas pregas mal costuradas do
mundo.
Os especialistas
dizem que chegam também a ansiedade, o stress,
os males-estares, as diarreias, na fase de adaptação, no ajuste de horários que
é Setembro.
Mas, neste mês,
nasceu a minha filha Inês. E como sou feliz em Setembro por essa dádiva!
Gosto de
Setembro. Gosto da lua de Setembro e da luz de Setembro, das estrelas,
lentamente, a serem varridas, como num mistério cósmico, a preparar dias novos,
dias diferentes. E, no entanto, passando essa mansidão diáfana do Outono, não
gosto (quase nada) do Inverno, longo e frio, como uma eternidade enferma de sepulcro.
“As luzes de Setembro ensinaram-me a
recordar os teus passos desvanecendo-se na maré. Sabia já então que o rasto do
Inverno não tardaria a apagar a miragem do último Verão […]”.*
No fim de
contas, eu sempre penso que Setembro traz promessas e isso enche-me de uma
inequívoca esperança. Precisamos de ter em mente que o caminho, para que haja
mudanças para melhor nos nossos dias, tem de ser caminhado pelo bem, pelo menos
pela maioria de nós, esperar que chegue o nosso tempo, sonhar que “[…] num lugar longínquo, as luzes de Setembro se
acenderiam […] e que, desta vez, já não haveria mais sombras no caminho”*. Maior
é o que está em nós e o que está no mundo, mas muitos avistam apenas ganância,
poder, malícia, ódio. E outra das contrariedades: o Dia Internacional da Paz
marca-se também nas calendas de Setembro.
Falta a
permanência do SER, faltam as harmonias para que os dias sejam a vibração dos
dias do nosso tempo.
Este é o meu
tempo. E eu não vou desistir dele.
*AS LUZES DE
SETEMBRO, Carlos Ruiz Zafón, Planeta Manuscrito, 2014.
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