quarta-feira, 17 de setembro de 2014

AS VINDIMAS NO ALTO DOURO VINHATEIRO


ALINA SOUSA VAZ
DR
As vindimas começaram! 

Desde o período da colheita das uvas até ao início da produção do vinho, os trabalhadores das vinhas não param. Entre montes e vales do Alto Douro Vinhateiro, inicia-se um dos mais característicos momentos da etnografia portuguesa.

Este trabalho sazonal que emprega muitos jovens, homens e mulheres desempregados desta e outras regiões, junta também famílias inteiras que se deslocam por esta época às suas terras para colaborarem e ajudarem nesta tradição que atravessa gerações. As mulheres, auxiliadas pelas crianças quando o período escolar permite, cortam com as suas tesouras, já amoladas, os cachos maduros para baldes de plástico que horas depois os homens transportam às costas, pelas encostas íngremes, para as dornas que se encontram nas carrinhas ou tratores. Como o acondicionamento das uvas é muito importante, exigindo um permanente cuidado, estas têm dois caminhos possíveis, ora seguem, rapidamente, para as adegas cooperativas, ou para as adegas dos pequenos agricultores que produzem vinho de consumo, pois as uvas amassadas, concomitantemente com o calor, que pode ainda marcar a época das vindimas, pode levar a uma fermentação prematura das uvas. Nas adegas, as uvas são descarregadas num pegão ou selecionadas a partir de um tapete rolante, seguindo o desenlaçamento das uvas e o seu esmagamento, do qual resulta o mosto, que por sua vez, é fermentado e assim transformado em álcool. No final do processo de fermentação, o vinho é conservado em reservatórios de madeira, cimento ou inox até estar próprio para consumo. 

As vindimas, apesar de toda a adaptação aos tempos modernos, continuam a ser um trabalho duro e violento. Contudo, imprimem em si nostalgia e um certo romantismo que ajudam a contornar as dificuldades económicas pelas quais os pequenos agricultores passam. 

Esta magia ainda é associada a uma certa folia, levando os trabalhadores a festejar o fim de um ciclo de imenso trabalho: depois da poda em janeiro e da formação dos cachos na primavera, as uvas ganham cor e aroma durante o verão culminando a faina na recolha do fruto. 

E porque até “à lavagem dos cestos é vindima”, o descanso chega apenas pelo S. Martinho, época em que “matas o porco, chegas-te ao lume, assas castanhas e provas o teu vinho”.

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