JOANA M. SOARES |
Foi a 9 de Julho que o Público publicou a história altamente deliciosa ‘A minha família teve uma escrava’. O autor/jornalista desta reportagem, história de vida pessoal, genuína é Alex Tilov. Um relato verídico e impressionante que dá bons argumentos ao jornalismo, à sua essência. O que me fez enveredar pelo jornalismo, em primeira mão, é o poder contar histórias. Ouvi-las e ter a capacidade de as recontar ao público para dar voz à história, dar voz ao mundo. Assim, escrito, parece fácil, na essência isto é o jornalismo: ouvir, saber recontar, ouvir.
Alex Tilov põe-se a nu, abre as portas de casa da própria vida a um relato extraordinário da cultura do seu país de origem, Filipinas, das raízes familiares, da emigração para os Estados Unidos, da escravatura que tinha o nome Lola, dentro da sua família. A história é tão deslumbrante que a tive de partilhar nas redes sociais. A história é tão deslumbrante que o Público, jornal de referência português, teve de a comprar para que nós, pessoas, portuguesas, falantes deste idioma velho, pudéssemos aceder a ela, ao bom jornalismo, ao mundo, ao saber e à cultura. Mais não digo: basta pesquisar na galopante internet para ler o belíssimo texto
Como moramos numa época em que o tempo corre à frente do relógio, em que ler é na diagonal, em que as palavras cambaleiam aflitas às pressas no significado, houve comentários aflitos a dizer que era plágio, que o jornalismo esteve no seu pior. Errado. Por hábito aponta-se logo o dedo aos jornais e ao jornalismo.
Uma reportagem assim, linda, livre de acesso, livre de palavra-passe para ler a reportagem virtual tão real vale a pena e, assim, o jornalismo merece uma vénia. Um aplauso.
É economicamente bem pensado e jornalisticamente viável, órgãos de comunicação nacionais comprarem reportagens e estabelecerem parcerias com outros órgãos de comunicação internacionais para que todos de igual modo tenhamos acesso à informação global. Isto sim são os aspectos positivos das redes, da globalização.
Alex Tilov ganhou um Pulitzer, o Público traduziu e assinou devidamente a peça, explicou a parceria, e ofereceu-a, assim, à inocência do nosso pensamento, da nossa leitura. Para crescermos mais um pouco, e deixarmos contagiar por este jornalismo que merece o pódio da sociedade.
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