SARA MAGALHÃES |
Na cultura contemporânea sobrepõem-se linguagens, paradigmas e projetos. Uma trama plural com múltiplos eixos problemáticos. Neste cenário, considerado como o do fim da modernidade, o problema original da sobrevivência, da vida na Terra coloca-se de maneira crucial. Em termos ambientais, no sentido da necessidade da manutenção e implemento do equilíbrio de toda a vida. Em termos éticos, face às grandes e imponderáveis desigualdades entre diversos grupos humanos. Em termos existenciais, considerando-se a felicidade, o conhecimento, como busca de novos termos para a sua frutificação, fora do âmbito restrito do consumo e da sobrevivência material. Em termos educacionais aparece a preocupação de conceber a criança, o jovem ou o adulto, ao longo do seu processo educativo e formativo como potencial cognitivo de transformação e de criatividade.
É este o tempo que se pretende estudar evocando como um espaço e uma forma de estar, viver e comunicar. Um tempo que se abre para uma consciência crescente da descontinuidade, da diferença, da necessidade do diálogo, da polifonia, da complexidade, do acaso, do desvio. A educação deve buscar uma mudança comportamental; não se pode confundir apenas com a transmissão de conhecimentos.
Sonho acordada com uma escola onde se imagina, porque imaginar é evocar seres, colocá-los em mundos novos e fazê-los viver. É criar um mundo à medida da sua fantasia e nela se libertar. Tudo é possível; tudo se realiza. Todo o imaginário é explorado e daí retira-se uma visão. Esta não pode ser comunicada a outro senão por símbolos, facilitadores da comunicação. A criança exprime o seu imaginário, em primeiro lugar, pelo jogo, pelo gesto, pelo corpo e depois adota o desenho, a pintura, a narrativa. As crianças devem viver nas aulas a capacidade de potencializarem o seu imaginário através das suas experiências cognitivas e interpessoais. Através do imaginário, a criança descobre laços entre si e o mundo que a rodeia e do qual faz parte e interioriza significações. O céu torna-se infinito; a noite torna-se mistério. Estas expressões são pontos de referência simbólicos. O movimento dialético entre o imaginário e o racional é o que assegura o equilíbrio do indivíduo.
A escola é um lugar de encontro e confronto com o mundo social e recuperar, desejar e sentir o imaginário é desenvolver capacidades para que a criança com da possa construir o seu Eu, mesmo tendo alguns fracassos e desilusões.
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