PAULO SANTOS SILVA |
Várias versões deste musical, têm sido produzidas em vários países do mundo, entre os quais Portugal. A última, esteve em cena por estes dias, no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa. No elenco, destacava-se à partida o nome de Mia Rose, sendo que os restantes seriam pouco conhecidos da generalidade do público. Visto o espetáculo, é de inteira justiça realçar a tremenda qualidade do mesmo. Excelentes atores (também cantores e bailarinos), músicos de grande qualidade e uma produção (onde se inclui o trabalho de encenação, cenografia e guarda-roupa) exemplar, transformam este espetáculo num dos melhores que vi recentemente e que recomendaria vivamente a qualquer pessoa. Não terá sido, aliás, por acaso que na estreia estiveram presentes o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente e o Núncio Apostólico do Vaticano em Portugal, D. Rino Passigato.
Em conversa com o produtor do espetáculo, a pergunta sacramental:
- Para quando o Godspell no Porto?
A resposta foi célere.
- Não vai ser possível porque não há nenhum teatro disponível. Vamos a Aveiro, em princípio Braga, talvez Guimarães, mas o Porto não vai ser possível porque a Casa da Música é muito cara, o Coliseu é uma sala demasiado grande e cara, o Teatro S. João é Teatro Nacional e o Rivoli e o Teatro do Campo Alegre, que são Municipais, estão fechados a qualquer tipo de produção externa.
Confesso que me encontro, desde domingo, num misto de revolta e estupefação. Que país é este em que alguns municípios fecham os seus equipamentos a quem deles pretende usufruir, colocando nos seus palcos espetáculos de elevada qualidade? Importa referir que a cedência destes teatros nunca foi gratuita, pelo que a argumentação de que os seus custos com pessoal e equipamento não eram cobertos pelos utilizadores cai por terra. Numa investigação rápida, descobrimos que o Teatro Municipal do Porto, dispõe de um Diretor de Programação escolhido em concurso público (polémico, diga-se em abono da verdade…). Na teoria, o Teatro Municipal do Porto funcionará através de dois polos - Rivoli e Campo Alegre - passando a apostar em coproduções e assumindo-se como "uma ferramenta de trabalho dos artistas e companhias", afirmou Tiago Guedes, o programador.
O Rivoli, equipamento central da cidade, estará mais voltado para a dança contemporânea e outras expressões artísticas como circo e marionetas, enquanto o Teatro do Campo Alegre será "um laboratório criativo e uma plataforma rotativa para as companhias da cidade".
Na prática e conversando com vários agentes culturais, que regularmente levavam os seus espetáculos ao palco destes dois teatros, a verdade é nenhum destes dois espaços está disponível para outras produções que não sejam as próprias ou ligadas à programação própria. Lamentável para aquela que é a segunda cidade do país e que sempre foi uma cidade de cultura. Felizmente que outros municípios não lhe têm seguido o exemplo!
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