quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

ENRICO CARUSO

PAULO SANTOS SILVA
Se fosse vivo, faria hoje 142 anos de idade, um dos maiores vultos do canto lírico de todos os tempos – o Pagliacci, de Leoncavallo foi a primeira gravação na história a vender 1 milhão de cópias. Dono de uma voz invulgar, a que se aliava uma qualidade interpretativa muito acima da média, foi também uma personalidade que se deixou contagiar pelas novas tecnologias que surgiam ao nível da gravação, o que proporcionou que muitas das suas magníficas interpretações tivessem ficado registadas até aos dias de hoje. Algumas delas, foram remastarizadas e publicadas em CD e constituem, ainda hoje, um referencial interpretativo para cantores de todo o mundo. O repertório de Caruso incluía cerca de sessenta óperas, a maioria delas em italiano, embora tenha cantado também em francês, inglês, espanhol e latim, além do dialeto napolitano, das canções populares de sua terra natal. Cantou perto de 500 canções, que variaram das tradicionais italianas até as canções populares do momento. Apesar de todos os cuidados que certamente terá tido com a sua saúde, contraiu uma pneumonia que degenerou numa complicação em forma de pleurisia. Esta patologia, originou problemas sérios nos seus pulmões, que levaram à sua morte a 2 de agosto de 1921, com apenas 48 anos de idade.
italiano Enrico Caruso. Nascido na cidade de Nápoles, famosa (entre outras coisas menos recomendáveis…) pelas suas canções tradicionais, apenas iniciou a sua carreira aos 21 anos de idade, tendo sido discípulo de Guiglelmo Vergine. O facto de ter começado a carreira com esta idade, não o impediu de ter sido o primeiro cantor clássico a atrair grandes plateias em todo o mundo. A título de exemplo, a sua interpretação de Vesti la giubba, da ópera

A voz, é certamente o instrumento musical mais precioso que existe. Qualquer outro, à distância de mais ou menos euro, pode ser adquirido. A voz não. É um instrumento único, pessoal e intransmissível. Ninguém “dá” voz a ninguém, embora muitas vezes ao trabalhar-se a mesma, surjam surpresas muito agradáveis. Já quanto aos cuidados a ter com ela, o cenário muda de figura. Não faltando profissões, além dos cantores, que fazem da voz e do seu uso a sua vertente mais importante (jornalistas, apresentadores, professores, etc.), importa refletir sobre alguns dos cuidados a ter com ela. Sendo as cordas vocais músculos, devem ser corretamente exercitadas para que não se ressintam do esforço. Aquando da utilização da voz, nomeadamente para cantar, devem ser “aquecidas” para que possam revelar as suas capacidades com a máxima qualidade e mínimo esforço. No que diz respeito aos cuidados a ter ao nível do que ingerimos, importa destacar que a bebida adequada ao bom uso das cordas vocais é a água natural, à temperatura ambiente. A propósito, deve ser desmistificado o célebre “afinar da voz” com bebidas como o Vinho do Porto, que mais não faz do que transmitir uma falsa sensação de conforto (devido ao açúcar) e uma maior desinibição (devido ao teor alcoólico). Outro dos fatores a ter em conta para a boa utilização do aparelho fonador, é a respiração. Uma correta respiração, utilizando de forma adequada um músculo importantíssimo como o diafragma, é fundamental para a qualidade da utilização da voz. Numa próxima crónica, dar-lhe-ei algumas dicas de exercícios para que possa exercitar da melhor forma o seu aparelho fonador.

A vida de Caruso foi retratada no filme O Grande Caruso (The Great Caruso), rodado em 1951, sendo a personagem de Caruso interpretada por Mario Lanza, outro dos grandes intérpretes do canto lírico. Uma vez que o argumento deste filme foi altamente ficcionado, acabou por originar a proibição da sua exibição em Itália. Também os últimos dias da sua vida são apresentados de uma forma romântica, na canção Caruso de Lucio Dalla, composta em 1986. 

Deixo-o com uma das suas interpretações míticas – a ária “Una Furtiva Lacrima” da autoria do compositor italiano Gaetano Donizetti.

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