SARA MAGALHÃES |
O desejo da paz faz parte dos anseios mais profundos da pessoa e marca a história, a arte e a cultura dos povos. Em todos os tempos e lugares o ser
humano fala, escreve, pinta…procura a paz. No íntimo de si mesma, cada pessoa
sempre quis e continua a querer a civilização
do amor, edificada na justiça,
na harmonia, na concórdia e na paz.
Este foi o sonho de Nelson Mandela. Nasceu em 1918 na África do Sul e pertencia ao povo (tribo) Themba.
Ficou órfão de pai e foi adotado por um tio. Mais tarde foi estudar para uma
escola católica.
Nesta altura, percebeu a divisão racista em que o seu país vivia. Durante anos o apartheid marcou toda vida
social e política da África do Sul. Para lutar contra a discriminação entre
brancos e negros juntou-se ao Congresso Nacional Africano (ANC) para garantir
uma vida melhor para as pessoas negras e uma sociedade mais justa.
Em 1962 foi preso, julgado e condenado à morte. Entretanto, alteraram a sua pena para prisão perpétua. Durante os 27 anos de reclusão, conseguiu viver
sem rancor, sem ódio, mesmo sentindo uma profunda injustiça. O seu discurso era
coerente, firme, sustentado pelos valores mais profundos do ser humano: liberdade; igualdade de oportunidades;
justiça.
Serviu como modelo de inspiração no mundo inteiro pelos valores que
defendia e pelo amor que sentia pelos seus irmãos negros.
Em 1990 é finalmente liberdade e termina o sistema político do Apartheid.
Finalmente fez-se justiça e uma nova era chega a este país. Recebe o Prémio
Nobel da Paz em 1993 e é eleito Presidente da África do Sul em 1994. Cargo que
ocupa até 1999.
Sempre afirmou que a paz é indispensável ao relacionamento entre os povos
e as pessoas e que não é possível haver paz sem justiça. Invicto, morre em
2013.
A paz deve nascer dum diálogo
sincero e não é, de todo uma ideia abstrata. Mas antes um gesto radical de ir
ao encontro do outro na busca da verdade e da justiça e de soluções válidas
para os problemas que surgem continuamente na vida interpessoal, social e
universal.
A paz é um bem precioso e supremo, o único ambiente onde é possível uma
vida verdadeiramente humana. A sua construção envolve cada um de nós. A paz não
é apenas ameaçada pelas armas, mas também por todas as formas de injustiça:
pobreza, marginalização, agressão, terrorismo…. A estes males deve responder-se
com uma atitude pessoal e coletiva baseada na justiça, na solidariedade e
fraternidade universal.
Recordo o poema que Willian Ernest Henley escreveu e que jamais sonharia
que os seus versos pudessem inspirar um homem com a grandeza de Nelson Mandela
para suportar durante 27 anos o cativeiro.
INVICTUS
Da noite escura que me cobre,
Como uma cova de lado a lado,
Agradeço a todos os deuses,
A minha alma invencível.
Nas garras ardis das circunstâncias,
Não titubeei e sequer chorei,
Sob os golpes do infortúnio,
Minha cabeça sangra, ainda erguida.
Alem deste vale de ira e de lágrimas,
Assoma-se o horror das sombras,
E apesar dos anos ameaçadores,
Encontram-me sempre destemido.
Não importa quão estreita a passagem,
Quantas punições ainda sofrerei,
Sou o senhor do meu destino,
E o condutor da minha alma.
Willian Ernest Henley
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