MIGUEL GOMES |
A
vida
que
me pendia dos olhos
não
era medo,
era
orvalho.
A
neblina dos cascos no dorso da minha mão
ecoa,
onde?
não sei,
talvez
no veludo do chão
que
descobri ser cascalho.
A
surpresa do engano
e
a veracidade do erro,
as
somas dos olhares
que
me subtraem ao espartano,
nem
o quadro que pintei na madrugada das tuas telas
esconde
as vidas do teu baralho.
Tenho
saudades do simples, de deixar escorrer os dias numa chávena matinal de café e
encontrar todas as letras e forças numa "malga" de sopa... Os meus
dias têm vários anos acoplados, os horizontes escasseiam quando a estrada é
imutável porque os sonhos não as pintam.
Vou
partir,
quando
os teus olhos nascerem
e
os meus esmaecerem
já
terá o Sol
suspenso,
na pauta de todas as rimas
e
nos versos,
ancorado
as letras que escondi
por
trás da noite existente no hiato
entre
duas palavras.
Dorme,
é
apenas orvalho...
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