quarta-feira, 4 de novembro de 2015

OUTONO: INSPIRAÇÃO OU DEPRESSÃO?

ALINA SOUSA VAZ
A diversidade do ser humano e as suas diferentes particularidades fazem-me, sem dúvida, olhá-lo com “olhos de ver”,… talvez seja da idade, é que isto a partir dos trinta tem, realmente, outro fascínio. 

O relógio bateu as 9 horas da manhã, e dou por mim naqueles 5 minutos antes de começar o meu dia planeado na noite anterior. Sentada no café, à porta de casa, observo o corrupio do entra e sai das pessoas que, normalmente, costumo ver por ali e, sepultada no meu silêncio, permito-me ouvir o zum zum do palavreado dos outros. O fascínio começa aqui: há pessoas que são uma beleza, outras, uma mão cheia de personalidade, muitas, um céu aberto de futilidade, e há aquelas que, todos os dias, são verdadeiros queixumes ambulantes! A estas últimas, não lhes consigo não achar graça, porque sei, que, apenas, não sabem olhar o mundo com outros olhos. Que podem elas ser, se nunca ninguém as ensinou a ser? 

Vivemos tempos difíceis e a realidade é dura! Não haja ilusões nos acordos empoeirados entre políticos. O que se está a passar é histórico no país, estejamos atentos, mas a esperança de ter uma vida melhor, apenas, está em cada um de nós. Eu também reclamo, óbvio: custa-me sentir que sou nova demais num sistema que não absorve as minhas habilitações, odeio sentir que não tenho oportunidades concretas, porque o meu pai não se vende a amigos de ocasião e esmoreço quando vejo o tempo a passar e o sonho a abrandar. 

Mas naqueles 5 minutos, por entre os queixumes, apercebo-me que há mil sonhos a viverem em mim e se um tende a demorar, há outros que já se personificaram e me transformaram no que sou, seja lá o que isso possa significar. E nesse preciso momento, percebo que necessitaria de outra vida para a realização de todos. 

As palavras dos que se lastimam parecem ter saído, todos os dias, das mesmas páginas do dicionário; crise, falta de dinheiro, o emprego não desejado, a doença, a dor, as birras dos filhos… e até o cinzento dos dias de outono são motivo de mergulho nas profundezas do que se não tem. 

Não há forma de passar pela vida sem problemas. A verdade é que para uns é mais fácil do que para outros, sabemos disso, mas, também, são os que passam pelas maiores dificuldades que se tornam mais fortes. A cura pode estar na forma como abraçamos o dia a dia; as coisas mais simples da vida são a força motriz que nos empurra a seguir em frente. 

Procuremos olhar a vida com olhos positivos, pois, muitas vezes, as dificuldades são criadas pelos muros que construímos à nossa volta. Em época outonal atreve-te a mergulhar na floresta mais perto de ti. Sente o cheiro das raízes profundas que se agarram à terra escura libertando a folha para mais uma regeneração do ciclo da vida. Sente a energia da mudança, inspira-te nos degradés das folhas caídas. 

Liberta-te do que te apoquenta e procura, também, a renovação da tua vida!

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