No
dia 14 de Novembro comemora-se o dia
Mundial da Diabetes.
ANTONIETA DIAS |
A Diabetes
mellitus (DM) é uma doença crónica,
que exige um acompanhamento médico multidisciplinar com terapêuticas mais ou
menos agressivas, conforme o grau de severidade com que se instala esta doença
e com maior ou menor precocidade com que é diagnosticada.
Sendo só por si uma doença crónica,
invasiva, com fatores de risco marcados e com potencialidade de atingimento de
vários órgãos alvo, o que fragiliza e deixa muitas vezes as pessoas
debilitadas, incapacitadas e dependentes de terceiros.
Tem sido desde que foi conhecida alvo
de grande investigação médica, destinada a tratar, minimizar sequelas e
sobretudo a prevenir o seu aparecimento.
A insulina foi descoberta em 1921 por Frederick Banting e Charles Best e
revolucionou o tratamento desta doença
tão complexa, que mobiliza imensos profissionais de saúde para responderem
às necessidades dos cuidados prestados a estes doentes.
Estes pacientes exigem milhares de
decisões individualizadas e de grupo para serem tratados adequadamente.
Os dados do observatório Nacional da
Diabetes, publicados em 2014, revelam que a prevalência da diabetes na população portuguesa com idades
compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,8 milhões de indivíduos) foi de
13.0%, isto é mais de 1 milhão de portugueses neste grupo etário sofre de
diabetes.
Esta
doença tem vindo a aumentar sendo a percentagem nos homens de (15.6%) e nas
mulheres (10.7%).
Nos Centros de Saúde existe uma
consulta específica e consta-se que a procura por parte dos pacientes têm vindo
a aumentar (6.1% em 2011 e 8% em 2013), sendo a tendência a subir ainda mais.
Em Portugal
a diabetes de tipo 1 em 2013, atingiu 3262 indivíduos (crianças e jovens) com
idades compreendidas entre os 0 e os 19 anos, o que corresponde a uma
prevalência de 0.16%.
A diabetes
é uma doença crónica que afeta uma percentagem muito elevada da população,
sendo uma preocupação cada vez maior por parte de todos os responsáveis da
Saúde em Portugal que têm contribuído com várias recomendações e orientações
fundamentais destinadas a prevenir e a minimizar as sequelas desta doença.
Assim, e de acordo com os conhecimentos
científicos vigentes até a data e que se mantém em permanente investigação,
apesar de a diabetes ser uma doença conhecida desde a antiguidade egípcia, a
investigação científica só se iniciou em finais do século XIX, tendo as
múltiplas investigações realizadas revolucionado conceitos, tratamentos e
moldagem de comportamentos incríveis.
Mas, apesar de todo o investimento
efetuado, nem sempre estes objetivos são conseguidos e constatamos que é
urgente implementar medidas mais agressivas, mais eficazes, destinadas e
dirigidas para estes grupo de doentes que nem sempre despertam para a gravidade
potencial da sua doença e muitas vezes não colaboram de forma mais assertiva, o
que determina que não se envolvam tanto quanto deviam nos planos de tratamento que
lhes são propostos pelos vários profissionais especializados para os tratar ficando
assim mais suscetíveis para adquirirem complicações tardias que poderiam ser
evitáveis.
Se conseguirmos motivar os diabéticos
de forma a criar rotinas diárias e estilos de vida saudáveis, iremos de certeza
contribuir para diminuir os efeitos mais nefastos desta doença.
Apesar de todo o investimento dos
programas de saúde emanados da Direção Geral de Saúde dirigidos para estes
doentes nem sempre são concretizados os seus objetivos.
Não chega sinalizar, é preciso cuidar,
prevenir e tratar envolvendo os doentes em programas terapêuticos individualizados,
eficazes e de aplicabilidade prática.
A
educação dos diabéticos é fundamental, contudo, constatamos que a
percentagem de diabéticos que adere as terapêuticas propostas é muito baixa.
Apesar das recomendações sobre a
frequência da monotorização das glicemias capilares destinadas ao controlo e ao
ajuste adequado das terapêuticas, menos
de 30% dos doentes diabéticos de tipo 1 o fazem.
Quanto aos registos efetuados, cerca de
metade são adulterados, ou porque não são determinados ou porque o doente os
tenta ajustar para valores mais aproximados dos padrões normais.
A
ministração da insulina falha em 25 a 30% dos casos.
O exercício físico é de fraca
aderência, os programas alimentares nem sempre são cumpridos, pois os níveis de
adesão são baixos.
E se falarmos da adesão ao tratamento
nos diabéticos de tipo 2 constatamos que ainda é mais reduzida.
Leona Miller em 1972 promoveu um ensaio
em Los Angeles destinado à educação dos diabéticos, cuja terapêutica conseguiu
reduzir os dias de internamento de descompensação da diabetes de 5,4 dias /ano
para 1,7 dias /ano, o que foi um secesso.
Todavia, enquanto não conseguirmos envolver
o diabético nos programas terapêuticos, na efetivação do exercício físico e na
mudança dos seus hábitos nutricionais, fazendo com que a partilha da
responsabilidade das decisões entre os pacientes e os profissionais seja uma
realidade, a gestão desta problemática não será minimamente obtida.
Em suma, educar é transmitir heranças culturais eficazes e assertivas, é
desenvolver aprendizagem de técnicas específicas, com modelos de auto –
aprendizagem, de regras padronizadas centradas no ensino clássico, com
modelos de intervenção individualizados identificando as vantagens e
desvantagens de cada um deles.
Adaptar a cada situação programas de
ensino planeados para estilos de vida cuja teoria seja facilmente concretizável
fará com que os modelos planeados e os conteúdos programados desenvolvam
aprendizes mais eficazes.
Só assim conseguiremos prevenir muitos
casos de diabetes de tipo 2 e diminuiremos as complicações tardias da diabetes
de tipo 1 e dois.
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