SUSANA DIAS DR |
Esta é uma notícia inspiradora.
Admito que tenho uma incontornável admiração por pessoas que perseguem sonhos que irradiam esperança de um futuro melhor para a humanidade.
Ouvi falar de Malala Yousafzaï quando ela foi vitima do atentado perpetrado pelos taliban, esse grupo político, militar e fundamentalista islâmico, opressor das liberdades individuais, que atua particularmente no Paquistão e no Afeganistão. E quis entender melhor os motivos que transformaram uma miúda de 15 anos numa ameaça para esse grupo terrorista. E a satisfação da minha curiosidade tornou-me sua admiradora.
O seu nome, Malala, inspirado por uma heroína libertária afegã, Malalai, conhecida por “Pashtun Heroine”, já indiciava um destino profético. Filha de um poeta e activista, a miúda paquistanesa precocemente entendeu que a Educação é a condição mais importante para pôr termo ao ciclo de pobreza que aprisiona milhões de pessoas em todo o mundo, que aquela é a única forma de uma jovem escapar aos tentáculos do oportunismo, da escravatura, da exploração sexual, da fome. Porque o interiorizou pelas piores razões, sob a opressão de um regime que impede o acesso das mulheres aos direitos mais básicos, como a escolarização e liberdade de expressão, Malala tornou-se numa defensora do acesso das raparigas à escola.
Mas ao defender a igualdade de oportunidades para as raparigas paquistanesas, tornou-se numa personna non grata, uma voz incómoda para os opressores/ invasores taliban. Afinal, a escolarização, o poder da Palavra esclarecida é o maior inimigo das ditaduras, dos déspotas que se apropriam e mantém o poder pela violência. Nunca os ditadores incentivaram a educação das massas, muito menos das mulheres, porque a ignorância propícia a letargia da população e é condição fundamental para a permanência da opressão.
Seguem-se as ameaças de morte à jovem e família e o atentado contra a sua vida, em Outubro de 2012, ao invés de intimidar e silenciar a sua voz contestatária, gerou um movimento de solidariedade internacional e potenciou as virtudes da sua acção humanitária. O mundo descobriu Malala e a sua coragem. Até este momento, do Nobel, Malala já viu a sua luta ser reconhecida por vários prémios, em vários países, incluindo o prestigiante Sakharov, em 2013, pelo Parlamento Europeu.
E hoje, Malala já não é a menina que aos 11 anos escrevia sob anonimato num blog para a BBC, onde partilhava as suas ideias de educação, mas é a jovem que se metamorfoseou em farol para a humanidade. Na precocidade dos seus 17 anos, ela encarna a esperança para as 60 milhões de raparigas vergadas à ditadura da pobreza, negligenciadas por poderes patriarcais, vergonhosamente machistas, escandalosamente opressores.
Malala é feita dessa matéria que molda os grandes homens, daqueles que acreditam e agem movidos por utopias, por sonhos que carregam a poética e fundante ideia de transformar o mundo. Bem diferente da matéria degradável e volátil dos heróis do ocidente, que se esboroam tão abruptamente como eclodem.
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