segunda-feira, 13 de outubro de 2014

DO OUTRO LADO DO MUNDO

CATARINA DINIS
DR
Desde jovem tenho uma curiosidade por conhecer novas culturas, novas ideias, diferentes maneiras de viver e acreditar.

Não posso negar que a minha paixão e preferência de pais é pelo meu amado México, ( mas hoje não irei falar nele), mas foi através das viagens que fiz de avião que encontrei tantas pessoas distintas e sempre me deixou no meu interior um, diria, bichinho de curiosidade e um deles é o Paquistão.

Pesquisei na internet, livros e em 2010 tive a oportunidade de conhecer uma Paquistanesa. Umme que estava residir no Porto, com 26 anos, nessa altura. Estava em Portugal com a sua família a pelo menos cinco anos e conclui cá estudos superiores. Ela ensinou-me a ver o outro lado de uns pais tão fustigado pela violência. E recomendou-me a ler um livro- Benazir Bhutto- a filha do destino, uma autobiografia fantástica, que deixarei para o fim da minha crónica e fala da sua vida politica mas também a sua história pessoal, que no fundo se confunde com a história de um país.

O Paquistão é na realidade a Republica Islâmica do Paquistão, que vive em constante instabilidade politica mas nas últimas décadas a luta pelo poder tem levado a inúmeras crises internas. Além disso, não há grande separação entre a religião e o direito, as leis enquanto Pais Soberano são na realidade em alguns pontos do pais em especial Fronteiriço do Norte, baseadas nas escrituras sagradas (Corão e Suna), a este tipo de Direito Islâmico dá-se o nome de Sharia.

Umme deu –me a conhecer um pouco sobre as suas origens. Natural de karachi, uma das mais populosas cidades do seu país. Considerada uma das maiores cidades do mundo urbano e onde existe uma enorme movimentação desde a industria, entretimento, investigação. Karachi é também considerada um dos centros educativos mais importantes do Mundo Islâmico. Além disso tinha a sorte de se situar na costa do Mar da Arábia Karachi já foi um dia a capital até a construção de Islamabad. Umme fala Urdu ( principal língua nativa) , Inglês e pois claro português. Aprendi a saudação em Urdu para “Olá” “ as salam alei Kum” ( isto claro com o uso do nosso alfabeto para compreender a entoação), que na realidade com o passar do tempo descobri que provinha do árabe “ que a paz esteja sobre vós”.

Raramente usava roupa ocidental, penso mesmo que só os casacos no Inverno…. Por baixo sempre vestia um Salwar Kameez, que no fundo para o descrever diria que são calças e um vestido ou túnica comprida por cima. E não devemos confundir o uso do Sari na India, pois este revela o corpo mas o Salwar Kameez , não…esconde-o com uma determinada beleza. Umme usava também um lenço, o hijab a cobrir os longos cabelos e segundo ela era a maneira de ter privacidade e sentir-se segura.

Aprendi que realmente devemos respeitar os costumes de cada um, aos nossos olhos muitas palavras podem surgir na nossa mente, e mesmo entre a sua cultura há muitas discrepâncias, como em tudo. Existem radicais mas também existem muitas pessoas que lutam pela igualdade e pelo meio-termo no entendimento das diferenças.

Por fim volto-me a referir ao livro de Benazir Bhutto, uma política, que foi duas vezes primeira-ministra no seu pais Paquistão, de amada a odiada, sem dúvida escreveu a história de um pais juntamente com o da sua vida, de destacar as histórias ao lado do seu pai, que também foi um político e primeiro-ministro Zulfikar Ali Bhutto, executado aquando de um golpe politico…

A volta do mundo está sem dúvida escrito milhares e milhares de histórias, que constrói o que nos somos enquanto humanidade, e há que nos encontrar nessa busca incessante pelo conhecimento.
 Boas leituras…

2 comentários:

  1. Gostei muito de ler esta crónica, Catarina Dinis. Cá em casa, andamos todos a ler pacientemente esse livro e estamos fascinados com o percurso de vida e a personalidade Benazir Bhutto.

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  2. Bom dia Setepecados mortais, fico muito contente pela leitura da crónica e por motivar a ler um livro muito interessante, que nos mostra um pouco das lutas internas dentro de um Pais como o Paquistão e que a religião não devia ser considerado o "motor" dessas Guerras, porque como se vai apercebendo ao longo do livro e das décadas, vai tudo muito mais para além do Islão....um dia destes li que o problema não é a religião mas as mentes que a interpretam...e esta completamente certo, .. boas leituras :-)

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