PAULO SANTOS SILVA |
É o caso do tema da crónica de hoje – o Dia Internacional de Combate ao Cyberbullying.
Numa sociedade cada vez mais dominada pelas novas tecnologias da informação, parece pertinente fazer alguma reflexão sobre o tema.
Nunca como hoje, as redes sociais e a internet tiveram tanta importância na divulgação de informação que normalmente não passa nos canais habituais de informação em massa (poderíamos debruçarmo-nos sobre os motivos dessa “censura”, mas só isso dava uma crónica…). À distância de um clique, para bem e para mal, a informação está na rede e passa a ser do domínio público. Tal como uma faca da cozinha que pode servir para cortar alimentos ou para matar, o problema não está no utensílio mas em quem a usa e de que forma. O mesmo acontece com a internet e com as novas tecnologias.
Estas invenções maravilhosas, têm no entanto os seus perigos. Atrás de um ecrã de computador, atrás de um telefone que não identifica o número chamador, qualquer um de nós pode ser quem quiser e o que quiser, usando de esta forma menos escrupulosa uma identidade falsa através da qual poderá cometer as maiores atrocidades.
Bullying é um termo inglês utilizado na descrição de atos de violência física ou psicológica praticados por um indivíduo, normalmente o “Valentão” de um grupo ou turma. Em inglês, o Bully. Os ataques são normalmente feitos aos indivíduos que não se podem defender, fisicamente e/ou psicologicamente mais fracos, em minoria ou com maiores dificuldades de adaptação social. Daqui resulta que cyberbullying consiste na prática de bullying, recorrendo às tecnologias de informação como internet, telemóveis ou quaisquer outras tecnologias digitais que permitam interação entre utilizadores. Este termo é, por norma, utlizado quando o agressor e a vítima são menores de idade.
Como detetar, então, se estamos perante uma criança ou jovem que é vítima de cyberbullying?
Os sinais poderão ser diversos, tais como alterações comportamentais e emocionais, comportamentos agressivos para com outras crianças (por ex. irmãos mais novos), perda de interesse generalizada, súbita relutância em frequentar a escola e alterações na utilização da Internet ou de outras tecnologias. É vulgar que uma vítima de bullying seja, também ela, um bully.
Como devemos reagir perante uma situação destas?
A reposta pode ser dividida em três vertentes distintas – a escola, os pais e as próprias crianças e jovens.
No que diz respeito à escola, sugere-se que apoie as vítimas através dos serviços apropriados disponíveis nas escolas (Serviços de Psicologia e Orientação), que tenha algum cuidado a lidar com este tipo de casos para não ultrapassar as fronteiras do seu âmbito de atuação (comunidade escolar) e que possa articular-se com os encarregados de educação na gestão destas situações.
No que diz respeito aos pais, aconselha-se que não subestimem os casos reportados pelas suas crianças/jovens. Embora por vezes não seja fácil, devem evitar reagir intempestivamente e não castigar a vítima (retirando-lhe o acesso à Internet) com a intenção de a proteger, optando antes por “trabalhar” com a criança/jovem para encontrar uma solução. Devem, ainda, articular com a escola a resposta adequado à gravidade dos atos e, caso se justifique, contactar as autoridades.
No que diz respeito às crianças e jovens, sugere-se que parem algum tempo para refletir, não respondendo a este tipo de ações. Se possível, bloqueiem o utilizador. Acima de tudo, não tenham medo de denunciar. Falem com alguém da vossa confiança e partilhem a situação para que possam ser ajudados. Quanto mais tarde o fizerem, quanto mais deixarem a bola de neve crescer, pior ela se tornará.
Termino, sugerindo a visualização deste vídeo sobre o tema, produzido pela organização Childnet International.
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