ANTONIETA DIAS |
ENT:
O vírus Zika pode assemelhar-se a uma
gripe e tem um período de incubação de 10 dias. É tratável, mas pode provocar
malformações em bebés cujas mães tenham sido infetadas. Em Portugal já se conhecem
quatro casos de pessoas vindas do Brasil. Se viajar, saiba que cuidado deve
tomar.
TXT:
Uma vez mais, um pequeno mosquito coloca inúmeros países em alerta.
Vírus
Zika: o que provoca?
O vírus Zika é um
vírus, cuja classificação científica é do Grupo IV, Família Flaviviridae, (tal como o vírus do
dengue, da encefalite japonesa, da febre amarela ou encefalite do Nilo), Género
Flavivirus, Espécie Zika vírus.
Este vírus provoca a
doença designada zica ou febre zica, no homem, sendo o veículo de transmissão a
picada do mosquito Aedes Aegypti.
Como
se transmite?
Estes vírus predominam
na África e na Ásia, sendo a transmissão da doença através da picada do
mosquito, que geralmente pica no final da tarde e à noite. Os hospedeiros são
os macacos e os humanos, sendo o período de incubação do vírus de dez dias.
Importa ainda referir
que, se o mosquito não for portador do vírus Zika, mas se picar um paciente
doente, fica contaminado e passará a transmitir a doença às pessoas não doentes
através da picada.
Quais
são os sintomas mais comuns?
Os sintomas da doença
são semelhantes aos do Dengue, mas menos graves e desaparecem ao fim de quatro
a sete dias, porém este facto não exclui a necessidade de recurso ao médico. A
doença caracteriza-se por:
- Exantema maculopapular
(manchas avermelhadas que se iniciam na face e que podem vir a espalhar-se pelo
corpo);
- Poliartralgias (dor
nas articulações);
- Febre baixa (37,8 °C
e 38,5 °C);
- Cefaleias (dores de
cabeça) de intensidade moderada (localizadas atrás dos olhos);
- “Mal-estar geral”;
- Conjuntivite
(inflamação do olho, cor vermelha, sensação de picada, lacrimejar, edema
palpebral e presença de exsudado amarelo);
- Fotofobia (maior
sensibilidade à luz do dia);
- Astenia marcada
(falta de energia).
Por vezes esta doença pode
ser confundida com um quadro gripal, pelo que é necessário fazer o diagnóstico
diferencial com o dengue e gripe.
Podem ainda surgir
outros sintomas, embora menos frequentes (dor abdominal, náuseas, vómitos,
obstipação ou diarreia, prurido generalizado e aftas).
O
vírus Zika nas grávidas
Se a doença surge numa
mulher grávida, o vírus pode ser transmitido ao filho, provocando uma doença
grave (microcefalia).
O vírus também pode ser
transmitido através do leite materno ou por via sexual.
A síndrome de Guillain–Barré é outra das complicações
possíveis. Trata-se de uma doença grave que, se não for tratada, pode ser
altamente incapacitante (o paciente deixa de andar ou de respirar) ou até ser
fatal.
Tratamento
adequado
O tratamento desta
doença é muito semelhante ao tratamento do Dengue e passa pela implementação de
medidas de suporte:
- Anti-histamínico;
- Antipirético;
- Colírio (aplicado nos
olhos três a seis vezes por dia);
- Repouso (sete dias);
- Alimentação rica em
vitaminas e minerais;
- Grande ingestão de
água.
O ácido
acetilsalicílico e os seus derivados, não devem ser usados pelos riscos de
hemorragia.
Diagnóstico
O exame complementar de
diagnóstico mais específico é o RT-PCR, que está disponível nos laboratórios,
mas nem sempre é possível identificá-lo devido ao fato de o vírus permanecer na
corrente sanguínea durante cinco a dez dias.
Prevenção
A prevenção da doença
passa pela eliminação do criadouro do mosquito do género Aedes aegypty, que visa:
- Remoção adequada dos
lixos;
- Utilização de água
potável;
- Evitar as águas
estagnadas;
- Limpeza dos objetos
destinados a alimentação de gatos ou cães;
- Uso de filtros nos
ralos das banheiras e dos quintais;
- Uso de areia em vasos
de plantas;
- Uso de repelentes e
vestuário que proteja os membros superiores e inferiores (locais eletivos para
a picada do mosquito);
- Evitar abrir janelas
ao amanhecer e ao anoitecer;
- Promover o uso de
anticoncetivos nos períodos de epidemia para evitar que as gravidas se infetem.
Consulta
do Viajante
Se uma pessoa suspeitar
que está infetada pelo vírus Zika, deve ir imediatamente ao médico que fará o
diagnóstico e instituirá o tratamento caso venha a ser confirmado.
A consulta
do viajante é aconselhável e recomendável para todas as pessoas que viajam,
devendo ser realizada antes e depois da viagem, sendo os seus objetivos
instituir medidas antecipatórias, prevenir, diagnosticar precocemente as
doenças, instituir tratamento atempado e evitar o aparecimento de complicações.
Indicações
da Direção-Geral de Saúde
Em comunicado,
a Direção-Geral de Saúde indica as medidas a adotar, no caso de se deslocar
para as áreas afetadas.
1. Antes do início da
viagem procurar aconselhamento em Consulta do Viajante, em especial mulheres
grávidas;
2. No país de destino
seguir as recomendações das autoridades locais;
3. Assegurar proteção
contra picada de mosquitos:
·
Utilizar vestuário adequado para
diminuir a exposição corporal à picada (camisas de manga comprida, calças);
·
Optar preferencialmente por alojamento
com ar condicionado;
·
Utilizar redes mosquiteiras;
·
Ter especial atenção aos períodos do dia
em que os mosquitos do género Aedes picam mais frequentemente (a meio da manhã
e desde o entardecer ao por do sol).
Aplicar repelentes de
insetos observando as instruções do fabricante, bem como notar que:
·
Crianças e mulheres grávidas podem
utilizar repelentes de insetos apenas mediante aconselhamento de profissional
de saúde;
·
Não são recomendados para recém-nascidos
com idade inferior a 3 meses;
·
Se tiver de utilizar protetor solar e
repelente, aplicar primeiro o protetor solar e depois o repelente de insetos.
Por outro lado, os
viajantes provenientes de uma área afetada que apresentem, até 12 dias após a
data de regresso, os sintomas acima referidos, devem contactar a Saúde 24 (808
24 24 24), referindo a viagem recente.
Aconselham-se, ainda,
as mulheres grávidas que tenham permanecido em áreas afetadas que, após o
regresso, consultem o seu médico assistente mencionando a viagem.
Cronologia
do surto
1947 – O vírus foi
isolado inicialmente em macacos, designadamente no macaco – reso (Macaca
mulatta), na floresta de Zika, na Republica do Uganda.
1951 – 1981 - Foram
notificados casos de infeção humana no Uganda, Tanzânia, Serra Leoa, Egito,
Gabão, Malásia, India, Indonésia, Filipinas, Vietname e Tailândia.
1968 - Descobertos os
primeiros casos na Nigéria.
2007 (Abril) – Primeiro
surto desta doença descrito em território diferente da África e da Ásia: ilha
de Yap nos Estados Federados da
Micronésia.
2015 – No Brasil os
primeiros casos de doença (cerca de 500) foram diagnosticados no primeiro
semestre do ano, na cidade de Salvador de Bahia, tendo na altura sido
associados à grande entrada de pessoas (turistas) oriundas de vários Países e
que visitaram o Brasil no ano de 2014, durante o Campeonato do Mundo.
2016 (jan) – Desde
novembro de 2015 até à data, a transmissão local do vírus já foi registada em
14 novos países e territórios.
De acordo com as
informações da DGS, em Portugal foram diagnosticados até à data quatro casos,
confirmados pelo Instituto Ricardo Jorge, de pessoas provenientes do Brasil.
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