GABRIEL VILAS BOAS |
Infelizmente a cultura da Fama começa na escola, onde o importante passou o ser o sucesso em vez da aprendizagem, a quantidade em vez da qualidade, o número em vez da pessoa.
Ser conhecido, ser famoso tornou-se o grande objetivo de vida de centenas de milhares de pessoas. Por causa dele, elas são capazes de sacrifícios enormes, alguns completamente desproporcionados face aquilo que pretendem alcançar.
Ouço diariamente as conversas, os sonhos, os objetivos de vários adolescentes e jovens e não deixo de me interrogar: seremos todos assim tão vaidosos? Como não é claro para eles que só alguns (muito poucos) alcançarão a glória pretendida? Não faltam exemplos de gente triturada e esmagada pela cruel máquina de fazer estrelas instantâneas.
A Fama é como o canto das Sereias: sedutor, poderoso, irresistível… implacável! As suas características não a recomendam a toda a gente nem toda a gente a elege como única deusa do seu altar. O problema é que a Fama se tornou num fator imprescindível ao triunfo social de qualquer indivíduo.
Para qualquer lado que nos viremos sentimos o intenso perfume da Fama: no facebook, na televisão, nas revistas de sociedade. O importante é que falem de nós. Mal ou bem, é quase irrelevante, desde que falem.
Ora, nem todos nós sentimos esta irresistível atração pelas câmaras. Cada ser é único e não pode ser formatado por uma cultura da Fama que lhe assalta a alma, que lhe consome as forças e os valores, para em pouco tempo o vomitar para fora da engrenagem, pois já outros esperam impacientemente a sua vez no carrossel das vaidades.
A afirmação e triunfo pessoais podem ser alcançados por outros caminhos! Há pessoas que desejam trilhar essa estrada alternativa, mas a cultura dominante desaconselha uma escolha livre e pessoal.
Não censuro quem elege ser famoso como objetivo de vida, mas revolta-me que a sociedade em que vivo tenha desenvolvido uma espécie de ditadura da imagem, onde quem quer seguir outro caminho está out.
Uma sociedade livre e madura promove a diversificação, não constrange, não impõe. Gosto da ética e da estética, mas, se tivesse de escolher, não hesitaria em optar pela primeira. Precisamos do belo e do bom e já agora também necessitamos do feio, do erro e da dúvida. A nossa liberdade tanto se afirma na aceitação como na rejeição de modelos apelativos, mas essencialmente totalitários.
A Fama promete-nos uma glória concentrada em cinco minutos. O que queremos fazer com todo o resto?
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