"EXPERIMENTAÇÃO DE SUSHI, POR GABRIEL VILAS BOAS" |
GABRIEL VILAS BOAS NA FEIRA DO CHOCOLATE |
Somos aquilo que comemos?
A alimentação é um elemento estruturante da nossa vida, mas está longe, na minha opinião, de ser o mais decisivo.
É verdade que a alimentação se tornou num dos sete pecados capitais dos tempos de modernos e, por conseguinte, numa fonte de preocupação para milhões de pessoas, quando as opções erradas de todos os dias puseram a saúde em perigo.
Gordos, muitos gordos, diabéticos ou anoréticos perceberam claramente quanto a alimentação determina o seu estado físico, psíquico, emocional e a sua autoestima. Pensarão, várias vezes, com algum pesar, que se tornaram naquilo que comeram ou ainda comem, como se a comida fosse uma espécie de prisão que os torna infelizes. Quando recuperam o seu bem-estar e equilíbrio físico e menta, graças a alterações estruturais na sua forma de se relacionar com a alimentação, continuam convictos que “são aquilo que comem”, só que agora com um sorriso na face.
No entanto, esta ideia está longe de ser partilhada por uma larga maioria de pessoas para quem a comida evoca sentimentos bem diferentes.
Antes de mais, comer é uma fonte de prazer que muitos conseguem desfrutar sem danificar a saúde; para outros, uma oportunidade de conviver ou fazer negócios; há também aqueles que tornam a comida campo fértil para vivenciar experiências únicas e exóticas. Há quem viaje através dos sabores do mundo.
Talvez estes também possam dizer: “Somos aquilo que comemos”, mas seguramente estão a atribuir à frase um sentido bem diferente daqueles que queimam penosamente calorias no ginásio.
Acho muito interessante termos a noção de quanto uma boa ou má alimentação pode marcar profundamente a nossa vida por longos anos, mas está unicamente nas nossas mãos determinar o papel que lhe cabe.
Não gostaria nada de ser conhecido por aquilo que como. Sou muito mais do que isso!
Apraz-me a ideia que tudo aquilo que saboreio é tão-somente um parceiro misterioso que me ajuda a descobrir os recantos maravilhosos da vida e não um déspota que a comanda.
Como em tudo na vida, os erros repetidos e acumulados deixam-nos cada vez menos opções válidas.
A comida exerce sobre nós um fascínio irresistível, mas não admite erros!
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