CATARINA PINTO |
Entre as minhas múltiplas ocupações, arranjei uma que muito me tem dado imenso gozo e trabalho, diria eu, uma espécie de 2 em 1 de puzzle e enigma mas na verdade é genealogia do que se trata. Pois desde março deste ano que por uma busca que pensava ser sem frutos, resultou num sem fim de informação sobre os meus antepassados e que afinal ainda existem memórias em Portugal além disso também cuidamos delas, esse nosso passado tão presente. Descobri um pedido de conceção de um passaporte de 1909 que era de um dos meus bisavôs, e que para além do que eu sabia fiquei a saber que ele tinha uma cicatriz no maxilar esquerdo e cicatrizes nas suas mãos, pode parecer bizarro mas isto são detalhes tão únicos que nunca iria captar numa foto antiga, por exemplo. Ele viajou para o Brasil então com 24 anos em 1º classe… Bem haja as tecnologias e os arquivos digitais, os arquivos paroquias, um explendido trabalho de escrever algumas vezes até detalhadamente certos batismos, casamentos e óbitos, que são um achado entre o que seria cómico e trágico… Acreditem que a vida (sentimental) são os mesmos que nós vivemos agora em 2015… Tem sido um “ desentrelaçar” de informação que eu apenas escutava dos meus avós ou pais e agora eu sei a verdade que está escrita no papel… claro que por vezes a letra não ajuda e lá temos que arranjar um” especialista” mas até no facebook existem grupos que nós ajudam a começar esta longa e árdua tarefa… que neste momento, me leva a 1910, a um Rio de Janeiro fervilhante de Imigração, sonhos em espera, os vapores que saíram de Leixões cruzaram por 15 dias este imenso oceano. e eu acredito que vou encontrar esse entrada de bordo do meu bisavô nesse pais irmão. Apesar de parecer irreal são acontecimentos que mudaram o que seria a minha vida, a minha existência… Eu acho tudo isto fantástico. Para terminar deixo um pequeno texto que escrevi enquanto espera por uma certidão de casamento e não podia deixar de partilhar com vocês… O que são as memórias… O que são as memórias senão esboços de passados que definem o presente, criam futuros utópicos. Memórias de nós, presentes no mundo, nos dias, na saudade, na vida e na morte… Memórias da humanidade, do mundo que construímos… Memórias de fotografias amareladas no tempo… que são os nossos genes, a nossa história.
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