PAULO SANTOS SILVA |
Comemora-se hoje, o Dia Mundial da Terceira Idade. A comemoração de este dia, surgiu por iniciativa das Nações Unidas que pretendeu, desta forma, chamar à atenção para as condições financeiras, sociais e afetivas em que uma parte significativa da população desta faixa etária vive. Cada vez mais penso, que o grau de maturidade de uma qualquer sociedade se mede, em grande medida, pela forma como “trata” as suas crianças e a sua terceira idade. Claro está, que as diferentes culturas lidam com a situação de forma diversa. Existem, a título de exemplo, algumas tribos em que os mais velhos (carinhosamente tratados por anciãos) são os mais respeitados e ouvidos em todas as grandes decisões, uma vez que segundo os elementos mais jovens, são os que têm mais experiência de vida, logo mais conhecimento. Não é, no entanto, o que vemos no modelo de sociedade em que vivemos, nomeadamente em Portugal.
A nossa sociedade (que se diz moderna…), exige cada vez mais aos seus cidadãos no que às questões laborais diz respeito, deixando na maior parte das vezes pouco espaço de manobra a quem tem de cuidar dos seus. Surge, pois, a necessidade de as famílias se fazerem substituir nos cuidados que têm de prestar aos seus “menos jovens”, entregando-os à responsabilidade de lares, unidades de cuidados continuados ou centros de dia.
No contexto da oferta, ela será variada e para todas as bolsas. Não sendo a minha área de conhecimento, não vou analisar se ela é boa ou má, embora tal como todo o cidadão atento, ouça por vezes nas notícias os relatos verdadeiramente arrepiantes dos maus tratos que são infligidos aos idosos, em alguns desses locais. Apetece-me, antes, destacar as boas práticas das chamadas Universidades Seniores.
Socorrendo-me de um estudo realizado pelo investigador Ricardo Pocinho no âmbito da sua tese de doutoramento, dir-lhe-ei que existem cerca de 500 no país, com cerca de 50 mil alunos inscritos. Segundo este investigador, os alunos “apresentam índices altos de satisfação com a vida e baixos sentimentos de solidão. Além disso, não apresentam sintomas de depressão e ansiedade.”
Uma das disciplinas que frequentemente encontramos nelas, é a Música. Seja através de um Orfeão ou Grupo Coral, seja através de uma Tuna, a Música surge invariavelmente. Os antigos diziam que “quem canta, seus males espanta”. Talvez aproveitando esta máxima que mais não faz do que a apologia das propriedades terapêuticas da mais nobre das artes, os responsáveis pela definição curricular das diferentes Universidades não perdem a oportunidade de a incluir nas suas disciplinas. A meu ver, muito bem.
Também em casos clínicos de maior gravidade, nomeadamente nos que já não têm a autonomia física e mental que lhes permite frequentar as Universidades Seniores, a Música pode ser utilizada com excelentes resultados, numa das suas vertentes que é vulgarmente chamada de Musicoterapia. Esta terapia, utilizada inclusivamente nos cuidados paliativos de diferentes patologias, encontra-se bastante estudada e documentada, nomeadamente nos países do norte da Europa como a Noruega, a Suécia e a Finlândia. Curiosamente os tais modelos de sociedade que consideramos evoluídos e que, por vezes, damos “ares” de querer copiar, sendo que a fotocópia sai sempre de fraca qualidade… Talvez um dia reflita nestas páginas sobre o porquê!...
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