CLARA CORREIA |
Se a Vida, a colectiva e a pessoal, é feita de ciclos, estes nem sempre são percepcionados por nós, sujeitos a reboque da rotina, mais ou menos monótona, com mais ou menos dissabores, a que estamos sujeitos. Já dos ciclos sujeitos à sazonalidade, guardamos, geralmente e com especial facilidade, as referências que nos conduzem àquelas memórias quase sempre protagonizadas por celebrações de datas festivas, como o Natal, ou por circunstâncias sazonais, como as férias de Verão. Portugal tem como fado ser, nas memórias de quem nos visita, o “país do Verão” … é-o na tradição dos nossos emigrantes, os das vagas anteriores às das recentes vagas de jovens pela “crise” empurrados “lá para fora”; é obrigatório o nosso Verão para nós próprios, sazonalmente, assim, mais próximos do espírito da “silly season” ostentado pelos veraneantes nórdicos e de países onde o sol quase não ostenta a sua coroa de astro – rei.
Entra Junho, entram os Santos Populares, à cabeça Sto. António, pelo nosso popular e anual portal de partida para um Verão deliciosamente aromatizado, ou não cheirasse, e bem, a Lisboa e, já na segunda quinzena, a Porto, que se perfuma a preceito para a recepção nocturna, madrugada dentro, ao S. João. Se a conquista de alguns homens (e mulheres também) se faz pela boca, todo um povo é conquistado pela sardinha, deitada no pão ou recostada no pimento, a seduzir (só a lusa alma sabe como) o paladar colectivo nacional e, pelo que se observa nas ruelas debruadas a manjerico e animadas por bailaricos, são de várias nacionalidades os paladares que se deixam seduzir por ela, a “Sardinha linda!” no pregão que, ande ou não esquecido, não o esquece a tradição! Assim, vamos “indo” … no “ir” tão caracteristicamente nosso, mas de andar muito mais airoso em tempo de estio!
O nosso Verão, tal como o nosso Fado, deveria ser Património Imaterial da Humanidade ou, pelo menos, constar no “Guinness”, por ser, certamente, recordista na extensão costeira de muito cobiçadas, de tão preciosas, praias!
Gostei. Parabéns. Abraços aqui do Brasil.
ResponderEliminarAt. Escritor ADhemyr Fortunatto
Crónica ligeira e agradável de ler, por destacar - sem uso de prolixidade - as coisas boas e simples que a vida nos eferece e que teimamos em torná-las tradição. Quanto às festas dos santos populares e, particularmente, o São João de Braga, vejo sempre uma animação e uma alegria genuína estampada nos rosto dos participantes nos inúmeros eventos e nos visitantes, a deixar a vontade de regressar no próximo ano. Quanto ao "guiness"... constará certamente o consumo de 13 sardinhas por segundo durante o ido mês de junho. Um abraço, Clara Correia.
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