CLARA CORREIA |
Na nossa dita, e supostamente ditosa, era das tecnologias e comunicações por tecno-vias, seria suposto ter sido alcançada uma nova era na comunicação humana intencional ... pois não se supõe que os meios, além de, justamente, justificarem os fins, facilitem a sua concretização? … é de supor que sim! … não ficassem as nossas suposições, mais vezes do que suporíamos, no “supônhamos”!
Subrepticiamente, suponhamos que assim tenha sido, começámos a iludir-nos com os tais meios tecnológicos … e todos sabemos como uma ilusão cresce tanto mais de feição quanto mais se nos apresenta atraente a feição da comodidade, imediatamente antes de se desmascarar em esgares de comodismo. Ora, então, progressiva e sub-repticiamente, temo-nos vindo a enredar nas irresistíveis redes sociais … redes, sem lugar a qualquer discussão, mas de sociabilidade discutível, já que, em certos casos, é altamente suspeita a dependência digital, não dos apertos de mão ou abraços reais, mas das imagens (visuais ou verbais) que os ditos “amigos virtuais” emitem, eventualmente com o filtro da total ausência de espontaneidade. “Net stuff is great!” … claro que concordamos com as múltiplas tecno-facilidades sem as quais, a bem dizer, já não passamos e que nos fazem sentir quase desmembrados, caso nos faltem! Em muitos casos, não fosse o afastamento da vida real, subjugada à insidiosa tirania virtual, e “voilá”! … viveríamos na, e com, a tecno-perfeição: sem abusos de nenhuma espécie, sem estupro da privacidade, e sem aliciamento ilícito de menores e não só.
Caberá a cada elo da cadeia global de “clics” clicar no bom senso e respeitar o seu e o global interesse comunicativo, enquanto emissor e/ou receptor de mensagens mais ou menos (in)directas; o acto de comunicação nunca é inócuo, traga ou não benefícios às duas ou apenas a uma das partes envolvidas … ou aos potenciais milhares ou milhões na qualidade de receptores na montra virtual global.
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