Em Portugal as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, representam uma das principais
causas de morbilidade e invalidez.
ANTONIETA DIAS |
Se pensarmos que 17% da nossa população nos rastreios efetuados diz ser hipertensa e que cerca de 19% das pessoas acima dos 10 anos de idade referem que fumam mais de vinte cigarros por dia, sendo que cerca de 50% tem excesso de peso, não admira que as nossas taxas de mortalidade sejam tão elevadas.
Acresce ainda o fato de ser Portugal o Pais da União Europeia que mais calorias consome e que menos atividade física pratica, deixando assim reunidos os fatores de risco mais alarmantes.
Torna-se absolutamente necessário programar e aplicar planos de intervenção assertivos que consigam motivar as pessoas a alterarem os seus estilos de vida a fim de minimizar ou abolir os efeitos nefastos destes indicadores.
A morte súbita está definida como uma morte inesperada que surge nas vinte e quatro horas que antecedem os sinais ou sintomas.
Estão excluídas desta designação as mortes de causa violenta (envenenamento, homicídio, suicídio, acidente, traumatismos) ou qualquer outra causa, que não seja “morte de causa natural”.
A morte súbita cardíaca representa 50% da mortalidade cardiovascular (CV).
Nas investigações efetuadas, sabe-se que a doença coronária aterosclerótica e a insuficiência cardíaca são as principais causas de morte acima dos 35 anos de idade.
Abaixo dos 35 anos, são as patologias congénitas e hereditárias, tais como a Miocardiopatia hipertrófica (MCH), doença arritmogénica do ventrículo direito (DAVD) e anomalia das artérias coronárias que predominam, como as principais causas de morte.
Porém em 5 – 30% dos casos, a causa de morte não tem sido identificada (morte súbita de causa arrítmica).
Estima-se que nos Estados Unidos morrem por ano entre 250.000 a 400.000 adultos com morte súbita de origem cardiovascular. A cada 60 minutos, morrem quatro pessoas com uma doença cardiovascular em Portugal, enfarte ou acidente vascular cerebral (AVC). O cancro é a segunda maior causa de morte no País, matando três portugueses por hora. Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE), agora revelados, referem que morreram 104 mil pessoas em 2008 e consolidam a tendência que se vem sentindo nos últimos anos: os mortos por cancro estão a crescer e os enfartes e os acidentes vasculares cerebrais (AVC) a diminuir.
Estas dramáticas estatísticas não surpreendem os especialistas. Rui Ferreira, coordenador das doenças cardiovasculares, afirmou ao DN que os números são ainda elevadíssimos mas espelham uma "redução progressiva da mortalidade" associada ao aparelho circulatório. "Se agora temos 33 mil mortes, em 2005 tínhamos mais de 36 mil." Recuando a 2002 e 2003, a contabilidade era ainda mais negra: cerca de 40 mil óbitos anuais. Ou seja, 109 por dia, entre quatro a cinco por hora. Há mais mulheres do que homens a morrer de doença do aparelho circulatório. No cancro, a proporção é inversa.
Se o cancro e as doenças cardiovasculares mataram mais de metade dos portugueses, as patologias respiratórias surgiram logo depois, com 11 mil mortes, seguindo-se as do aparelho digestivo (4500) e as diabetes com 429 vítimas. Acidentes, envenenamentos e violências estiveram na origem da morte de outras 4500.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) as doenças cardiovasculares (cardiopatia isquémica. Enfarte do miocárdio) matam 17, 3 milhões de pessoas ao ano em todo o mundo.
Cerca de 80% dos casos surgem nos países de baixo e médio nível socioeconómico.
Segundo a mesma fonte as doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte em todo o mundo.
Estima-se que em 2030, o total de mortes possa chegar a 23.6 milhões.
Existem fatores de risco importantes que se fossem minimizados ou abolidos iriam diminuir não só estes eventos como beneficiaram o tratamento de outras doenças.
O atingimento deste objetivo é muito simples de resolver, contudo existe a necessidade de cada pessoa interiorizar a gravidade destes fatores de risco a fim de tornar exequível a pratica da mudança dos hábitos de vida, porém existe uma grande resistência por parte da população, prejudicando os níveis de adesão e a eficácia nem sempre é conseguida tendo em conta que existem fatores sociais, econômicos e culturais que dificultam a intervenção na mudança comportamental na população em geral e na pessoa em particular .
Prevenir, detetar precocemente e corrigir estes fatores de risco deverá ser uma prioridade da Saúde Publica para combater estas doenças.
Criar alternativas conducentes à promoção de novos estilos de vida e de mecanismos efetivos de apoio às pessoas que desejam modificar o seu comportamento, tornando-o mais saudável é uma medida preciosa.
Os antecedentes familiares de fatores de risco cardiovascular não são modificáveis, porém existem outros fatores não menos importantes como sejam o sedentarismo, o tabagismo e a obesidade esses sim modificáveis, pelo que devemos organizar programas dirigidos especificamente a estes grupos de risco incentivando-os e estimulando-os para a mudança comportamental de estilos de vida saudáveis.
Num recente relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), salientou a importância da hipertensão arterial como fator de risco cardiovascular major, como a primeira causa de morte prematura evitável nos países desenvolvidos.
Tratar eficazmente a hipertensão reduz significativamente a ocorrência de acidentes vasculares cerebrais.
Outro fator de risco importante é a dislipidemia que deve também ser controlada.
Sabe-se que uma redução de 10 % no valor do colesterol total resulta ao fim de 5 anos numa diminuição em 25 % da doença coronária, pelo que se deve incidir no tratamento farmacológico, e /ou dieta.
Pensa-se que a probabilidade do desenvolvimento de lesões ateroscleróticas surge a partir dos 140 mg /dl, aumentando substancialmente o risco de doença cardiovascular (DCV) para valores acima dos 180-200 mg /dl.
Outra doença que aumenta o risco é diabetes mellitus que engloba um conjunto de doenças metabólicas de etiologia múltipla.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a prevalência da diabetes em todo o mundo era de 4.6 % na população adulta.
O prognóstico nos doentes que sofrem um enfarte agudo do miocárdio ou síndrome coronário agudo é claramente pior nos doentes que sofrem de diabetes.
Nos fatores modificáveis o consumo de tabaco é o principal fator de risco evitável da DCV.
Estima-se que 1.3 biliões de indivíduos adultos no mundo sejam fumadores.
O tabaco é responsável por cerca de 5 milhões de mortes por ano e, a manter-se as atuais tendências de consumo em 2020 duplicara.
Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que cerca de um quinto das doenças cardiovasculares em todo o mundo são atribuíveis ao tabagismo.
Em Portugal e segundo o 4.º inquérito Nacional de Saúde aponta para uma prevalência global de fumadores com idades superiores a 10 anos de cerca de 19.6 por cento, 28,7 por cento no sexo masculino e 11.2 por cento no sexo feminino.
O tabaco tem efeitos fisiopatológicos nefastos a vários níveis do sistema circulatório nomeadamente efeitos protrombóticos e aterogénicos, estando por esse motivo associado a situações patológicas, tais como aterosclerose, enfarte do miocárdio, AVC, doença coronária, doença vascular periférica, espasmos coronários e arritmias entre outros.
Estudos epidemiológicos demonstram que os fumadores têm um risco 2.5 vezes maior de sofrer de insuficiência coronária em relação aos não fumadores. O risco de acidente vascular cerebral (AVC) é duas vezes maior no fumador que no não fumador.
Deixar de fumar traduz benefício em qualquer idade indivíduos fumadores sem história de doença coronária que deixem de fumar, mostram rápida redução do risco para enfarte agudo do miocárdio.
O risco de acidente vascular cerebral (AVC) após cessação tabágica desce significativamente em dois anos e torna-se similar ao dos não fumadores em cinco anos.
Em suma diminuir a obesidade, o sedentarismo, o consumo exagerado de álcool, corrigir os hábitos alimentares inadequados, excluir a terapêutica hormonal de substituição, evitar o stress e a depressão são fatores modificáveis que podem salvar o nosso coração.
Identificar, determinar e avaliar a importância dos fatores de risco a fim de implementar programas alvo adequados à prevenção das doenças cardíacas e à promoção da saúde são medidas de enorme importância que devem existir em qualquer modelo de saúde.
Se ama o seu coração evite situações de stress prolongado, controle a tensão arterial, os níveis de colesterol, dos triglicerídeos e da glicemia. Controle o peso para níveis de índice de massa corporal (IMC) normal, controle o consumo de sal e de álcool, e pratique atividade física.
Se é uma mulher hipertensa evite o uso de anticoncetivos orais.
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