Apesar de relativamente difícil e subjectiva, a auto-análise comportamental e de personalidade permite, quase sempre, a consciência das nossas características mais marcantes ou, pelo menos, mais visíveis. Por isso, não receio quaisquer protestos de quem me conhece, ao afirmar que não tenho o hábito, nem sinto a tendência, de me “impingir” e às minhas convicções, ideias ou ideais, nem, portanto, de me “vender” despropositada ou inoportunamente enquanto autora (mesmo esta crónica, escrevo-a por sugestão alheia). É claro que, em coerência com a minha condição de autora sem “nome” nem “máquina de marketing”, naturalmente não me coíbo de divulgar na Internet e de informar quem se mostra receptivo acerca do meu trabalho publicado.
Apesar de um livro não se parecer minimamente com um robot de cozinha nem com uma poltrona de massagem caseira, por exemplo, nem ser, como esses artigos, passível de técnicas de venda agressiva, partilha com eles a necessidade do impulso publicitário, independentemente da forma que este possa e deva tomar … independentemente da qualidade do próprio livro (gráfica e de escrita/conteúdo), independentemente do público-alvo e da diversidade de estímulos e desejos que o movam. Autora sem “nome” e, portanto, sem milhares de livros vendidos, acredito saber, por essa razão e pela experiência da publicação do meu primeiro romance-thriller, o nome de boa parte dos leitores que investiram o seu dinheiro e tempo na compra e na leitura do livro “Segredos da Praia das Camarinhas”, de uma ilustre desconhecida cuja escrita, sem o lustro da tal “máquina de marketing”, lhes despertou a curiosidade, fosse pelos excertos divulgados na internet, pela amizade (alguns), ou pelas apreciações de bloggers isentos. Com a publicação do meu primeiro romance-thriller, há cerca de dois anos e meio, descobri a responsabilidade de sair não só do “armário”, como “tecelã de enredos” mas, sobretudo, da gaveta, como autora reproduzida no número de exemplares editados.
Com a publicação do meu segundo romance-thriller, “Teias Movediças”, tornei-me ainda mais consciente da mais preciosa “mais valia” que me enriquece não só ao receber, por diversas vias, as opiniões favoráveis dos leitores, mas também nos dois, ou mais, dedos de conversa nas sessões de autógrafos ou noutras ocasiões relacionadas com a concretização material do meu gosto pela escrita ficcional: o contacto com as pessoas que, além de gostarem de livros, se aventuram no desconhecido mundo das obras de autores desconhecidos. Ainda assim, e sabendo que contava com a decisiva ajuda de pessoas ligadas de alguma forma à cultura, para a organização e promoção do lançamento de “Teias Movediças”, no passado dia 21 de Março, foi com grande surpresa e satisfação que constatei a progressiva falta de cadeiras no auditório da Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos, na Amadora, local do evento (nada que, porém, não se tenha resolvido com a migração de outras cadeiras). O inestimável contributo de dois amigos, excelentes artistas nas áreas performativas da poesia e da música, a intervenção voluntária de elementos do público presente enquanto leitores do meu primeiro romance-thriller (só agora confesso que me agradou saber ter sido a causa, sob a forma de livro, de uma noite em claro de uma simpática leitora), a disponibilidade, tomada pelo gosto, das pessoas que, comigo na mesa de honra, apresentaram “Teias Movediças”, a vinda directamente do aeroporto do autor da foto de capa, regressado da Bélgica nesse mesmo dia, a viagem propositada de quase duzentos quilómetros feita por novos leitores para estarem presentes … tudo e todos foram a prova de que, à semelhança do que terá dito o poeta, vale tudo a pena quando não é pequena a entrega ao que genuinamente gostamos. Ciente da impossibilidade de agradar a “gregos e troianos”, desejo que mais leitores dêem por bem empregue o seu tempo de leitura deste meu segundo romance-thriller, como parece já ter sucedido com os seus primeiros leitores que, entretanto, tiveram a amabilidade de terem feito chegar-me o seu feedback. Bem hajam todos, pelo vosso voto de confiança nas minhas/vossas “Teias Movediças” … como na vida, tecido de quase todas as emoções a moverem as relações humanas.
O livro "Teias movediças" é fascinante, pois a autora, Clara Correia, sabe combinar na perfeição a escrita fluente e atrativa, com uma trama de mistério que nos envolve até ao fim.
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