CLARA CORREIA |
Não faltam definições de “Arte”, certamente tantas e tão variadas como as correntes e influências estéticas ao longo da História da Arte. “A obra de arte nasce da renúncia da inteligência a racionalizar o concreto.”, segundo o escritor francês Albert Camus, ou, de acordo com o realizador Fellini, “Toda a arte é autobiográfica. A pérola é a autobiografia da ostra.” Bastante menos pacífico do que definir o mistério artístico (de subjectividade facilmente aceitável) é catalogar com suposta idoneidade o que é “obra prima”, obra modesta, de valor artístico menos modesto (que a atribuição de valor monetário justo é uma questão não menos “bicuda”), ou isenta de cunho artístico. É conhecida a dependência da cotação artística de diversos factores, até o “estar no lugar certo à hora certa”, pois que “olheiros” não há só no futebol. A verdade é que, por muito (ou por pouco) que os conceitos e critérios de classificação na Arte variem, nada se transforma na perda artística, dita de “artistas desconhecidos”, um pouco por todos os cantos do mundo onde se propague a expressão da criatividade … seja a céu aberto numa qualquer artéria de metrópole (animada pela provisória paralisação de admiração dos transeuntes), seja na magia vocal intimista criada num restaurante pelo intérprete contratado, seja nas páginas de um livro, publicado ou por publicar, de autor dito “sem nome”, seja nos pincéis de um eventual Picasso em potência que, vá-se lá saber porquê, não é potenciado … seja no dom do declamador amador que nos entranha na alma o mais simples poema, nos dedos do executante musical que diz “tocar para os amigos”.
Manda, afinal, a sensibilidade e cada contexto e subjectividade individuais que exclamemos, ou não, “Arte à vista !” .
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