quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

FIGURAS DO ANO 2014



Hélder Barros
Olhando em retrospectiva o ano de 2014, na minha modesta e despretensiosa leitura, existe uma figura que claramente se destaca pela sua ação, pela lufada de ar fresco que trouxe ao mundo e, em particular, a uma instituição há muito parada no tempo, como é o caso da Igreja Católica Apostólica Romana. Trata-se do Papa Francisco I que, em boa hora, foi assim anunciado, após a saída do fumo branco da Capela Sistina, no Vaticano.

Podemos ser levados a pensar que a sua ação passa apenas pelo verbo, num plano mais teórico, com poucas consequências no Mundo real. Nada mais errado! Como verificamos recentemente, Francisco I, proferiu declarações orientadas para dentro da Igreja e para os que trabalham mais perto de si, designadamente os seus Cardeais e, as suas palavras foram de desafio, para que se mudassem certos hábitos menos apropriados, precisamente lá, na Cúpula de Roma.

Muito mais cómodo seria estar calado, não dar a tal pedrada no charco, cujas ondas concêntricas que se expandiram em virtude do forte impacto, atingiram os círculos mais próximos num primeiro momento, mas que se espera que alastrem aos pontos mais afastados da Cúria, em última análise, a todas as pessoas, a nós todos e a cada um de nós.

Em termos gerais o Papa criticou duramente o conservadorismo, o carreirismo, o comodismo, de muitos dos seus cardeais que, manifestamente, não pretendem largar o seu espaço de conforto e sair para a luta que significa tornar toda a Igreja, numa instituição de combate mais efetivo contra as injustiças, a pobreza, a falta de apoio espiritual desta humanidade, que está deserta de valores e de vontade de mudança, com homens cegos pelo facilitismo, imediatismo e pelo endeusamento do capital, do consumismo exacerbado e do liberalismo selvagem.

Claro que a ação de Francisco I extravasa de longe esta função de agitação interna. Seja lá quem for a pessoa, independentemente da sua raça, credo, ou orientação ideológica, existe uma grande aceitação de todos, na nova postura deste Papa, pela sua tentativa de abrir ao Mundo uma instituição que, genericamente, desde a sua Cúpula até às suas bases, está profundamente desfasada do seu tempo e dos problemas das pessoas neste início de século XXI.

E nem tudo são rosas no mandato de Francisco I, senão recorde-se que recentemente recusou uma audiência particular com o Dalai Lama, para que supostamente não se prejudiquem as relações entre o Vaticano e a China que, ultimamente, têm vindo a ser melhoradas. Trata-se de uma cedência de princípio, que não me deixou feliz, mas eu não sou possuidor de toda informação necessária para formar uma opinião sobre este tipo de assuntos, sempre delicados, relativos à diplomacia do Vaticano.

Para mim, este aspeto melindroso, em nada impede de que eu faça uma avaliação global, altamente positiva, sobre o papado de Francisco I. Começa pela sua forma de expressão, muito menos canónica e, muito mais dirigida aos problemas sociais do nosso Mundo, em que se “chamam os bois pelos nomes”, sem medo de afrontar entidades e pessoas que estão em contra ciclo com as suas ideias. 

Há quem mesmo, dentro da Cúpula Romana, seja conta este tipo de mensagem, seja na forma de a difundir que, dado o seu carácter quase sempre fraturante, tende a procurar “abanar” as consciências de quem receia a mudança e não quer que se mude um paradigma existencial confortante para as elites do poder.

Assim, a minha esperança passa pelo facto de que Francisco I, não seja de qualquer forma “amordaçado” e que possa ser “apenas” a figura de relevo do ano de 2014, mas que marque uma nova era, da Igreja e da sua envolvente.

Em Portugal, a figura de destaque de destaque do Ano 2014 está em Amarante e é personificada numa menina muito especial, de seu nome Diana Vasconcelos que, veio dar muito sentido à expressão, contida nos versos de António Gedeão “que sempre que o homem sonha o Mundo pula e avança...”. Diana, que continues a sonhar e a realizar os teus sonhos, para que o mundo seja um lugar melhor para as crianças do Quénia, que vão ter uma Escola – “...como bola colorida entre as mãos de uma criança”.

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