sábado, 27 de dezembro de 2014

PODIA SER NATAL

Hélder Barros
Cidade de Belém na Palestina, parte central da Cisjordânia, dia 25 de dezembro de 1981, nasce um menino de nome Jesus, filho de um casal humilde, José e Maria, ele bastante mais velho do que ela.

Deus entendeu na sua Infinita sabedoria, que o Mundo estava precisado de uma nova epifania, de uma presença física de Si na terra, uma revelação divina, tal o estado de degradação social, ambiental e política, a que a moderna civilização aportou. O caminho que o homem seguiu de um consumismo exacerbado, de ausência de valores humanos e religiosos, de destruição do meio ambiente de forma acelerada, assim o exigiam.

Deste modo, no inicio de Janeiro de 2014, Jesus saiu de casa de sua Mãe, com seu velho Pai já muito debilitado, partindo numa missão que tinha interiorizada, desde sempre. Estava no Mundo para tentar chamar os homens à razão, dado que à sua volta e contra tudo que foram os ensinamentos de seus pais e que a sua sabedoria Divina preconizava, o ódio, a mentira, a falsidade, tudo o que de pior a condição humana pode intentar, fazem parte da ecologia existencial contemporânea.

Os pais de Jesus aceitaram sem nenhuma condição esta sua partida, reconhecendo nele um enorme esforço de evangelização e de fazer acordar os homens para o Bem. No fundo, eles sentiam que nele habitava um alterego Divino, naquele ser frugal, que muito meditava e orava, um homem que viveu sempre com eles, ajudando ao sustento da casa, carreado de pensamentos positivos de Paz, de perdão e de esperança. 

Jesus partiu com dois amigos de infância que queriam viajar e que também estavam prenhes da sua vontade de Infinito, muito por obra dos ensinamentos e meditações que Jesus lhes foi transmitindo, sempre com enorme alegria e voluntarismo. Um chama-se Paulo, o outro, Pedro.

Seguiram em direção a um ponto de tensão entre os homens, junto da fronteira da Palestina com Israel, nos colonatos. Bem pregou Jesus para os primeiros, que sendo seguidores da religião muçulmana, bem se riram, vilipendiaram e apedrejaram Jesus e seus dois amigos. A corrida foi tal que tentaram passar a fronteira, mas foram detidos pelas tropas de Israel, que os correram a rajadas de metralhadora em direção aos seus pés, não adiantando o facto de Jesus falar em Paz. Para os militares de Israel, aqueles três homens humildemente vestidos, só poderiam ser terroristas suicidas, além disso, queriam pregar o Cristianismo...

Perseguidos e acossados por todos os lados, foram seguindo entre a Jordânia, Egipto e Líbia, até que depois de muitos meses de sofrimentos e de desaires físicos e psicológicos decidiram ir a Roma apelar ao Papa, Francisco I, no sentido de que a sua mensagem fosse ouvida e difundida, também pelo mais alto representante de Deus na terra.

Para isso, a única hipótese que tinham para atravessarem o mediterrâneo, seria a de seguirem a bordo de uma débil embarcação com emigrantes clandestinos que, decidiram, no limite da sua desesperança, fazer a longa e arriscada travessia em condições, verdadeiramente, subumanas. Foram sempre ostracizados pelos companheiros de viagem que, nunca os queriam ouvir, já não queriam mensagens divinas, mas apenas atingir solo europeu em segurança, no sentido de poderem sobreviver à pobreza e miséria em que viviam. Claro está que vencidos pela fome e doenças, foram morrendo alguns dos tripulantes, principalmente crianças e velhos que eram lançados borda fora, de modo a não estorvarem mais...

Chegados a Itália, informaram as autoridades portuárias e serviços de apoios aos refugiados que apenas pretendiam dirigir-se ao Vaticano para falarem com o líder da Igreja Católica, mas todos os apelos foram em vão. Desiludidos, tentaram escapar numa corrida furiosa, foram avisados com tiros para o ar, mas como continuaram a correr, os militares pensando que eram terroristas muçulmanos, abateram-nos pelas costas, desarmados, a 25 de dezembro de 2014, no dia em que Jesus faria 33 anos de vida.

As últimas palavras de Jesus ouvidas pelos militares que os alcançaram foram: “Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem e a mim que falhei esta missão que me atribuíste, não consegui chegar ao coração dos homens, eles já não acreditam no Natal... nem na Páscoa, andam distraídos a destruir a Tua obra; só mesmo Tu nos poderás salvar meu Pai e Deus do Mundo!”

Podia ser Natal

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