PAULO SANTOS SILVA |
Todos os anos, por esta altura, o
cenário se repete. A azáfama instala-se na vida de qualquer professor,
nomeadamente na vida de um professor de Educação Musical. A juntar ao trabalho
que todos os professores desenvolvem por estas alturas, surgem as atividades de
final de período que envolvem, em muitas escolas, as Festas de Natal.
Recuando alguns anos até à minha
infância, dou comigo a relembrar como eram as Festas de Natal desses tempos.
Do pré-escolar que frequentei por
três anos, recordo vagamente algumas festas em que cantávamos algumas canções
das quais já não guardo memória.
Da escola primária (era esta a
denominação usada e que, curiosamente, ainda hoje se ouve recorrentemente),
ainda são menos as memórias. Aliás a única que guardo de uma festa, foi no
final da 4ª Classe. Data dessa festa, a minha primeira apresentação pública a
cantar – o tema da Abelha Maia. Deprimente… Quanto ao mais, o último dia de
aulas antes das férias do Natal, era dedicado a ver uns diapositivos da
história “A Galinha dos Ovos de Ouro”, sendo a mesma narrada pelo professor que
nesse dia abandonava a sua capa de austeridade e revelava a sua faceta de ser
humano. Que a tinha.
Do ciclo preparatório, a receita
era sempre a mesma – alunos todos no ginásio, os que não conseguiam “escapar”
porque eram alunos do Prof. César de Morais (insigne professor, músico e
compositor portuense já desaparecido e a quem seguramente dedicarei um dia, uma
crónica), iam para o palco cantar temas de Natal. A seguir, cinema. Um filme
que, como não poderia deixar de ser numa escola, seria de caráter pedagógico.
Seria, mas não sei bem porquê, naquela altura e naquela escola não era. A menos
que “O Regresso do Inspetor Martelada”, protagonizado pelo inconfundível Bud
Spencer tivesse ensinamentos que fossem além da pancadaria generalizada que, eu
confesso, nunca descobri. Mas pronto, como era uma comédia, a petizada (gosto
deste termo…) ficava deliciada.
Ao desfiar estas memórias, dou comigo a refletir em como as coisas são diferentes hoje em dia. Claro está, que na altura não havia a tremenda quantidade de recursos que existe hoje em dia e que permite que “à distância de um click”, se encontrem inúmeras canções para ensinar às crianças, ou versões instrumentais de outras que se podem adaptar à quadra. Tudo depende hoje em dia da vontade de fazer porque meios e opções, não faltam.
Regressando ao título da crónica
e ao tempo que estas atividades nos ocupam, na sua idealização, preparação e
execução, direi apenas que são as horas do nosso trabalho melhor remuneradas.
Parece um contrassenso mas na verdade não é, porque os sorrisos, a cara de
felicidade dos alunos e o prazer que retiramos de ver o reconhecimento do nosso
empenho, por parte daqueles a quem ele se dirige – os alunos – é a maior
recompensa que podemos receber. E isso, não há nada que pague!!!
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