Alina Sousa Vaz DR |
Escrevo para dar forma às minhas ideias. Não procuro seguidores, apenas que os meus pensamentos se expliquem por palavras com sentido. Porém, dar significado a este momento do ano que atravessamos torna-se cada vez mais difícil de tradução pelo paradoxo da existência de tantos valores apregoados por aqueles que são ávidos de exuberantes consumos.
Portugal é um país católico e daí ser importante referir que as festas natalícias se iniciam a 8 de dezembro e terminam a 6 de janeiro com o dia dos Reis. Todavia, ainda o mês de Outubro não tinha acabado já os enfeites de Natal se espalhavam pelas montras ou num tom desesperado por melhores índices de vendas ou no alargar de alegria e bem-estar que a época a muitos propicia nesta fase soturna que o país atravessa. (Variantes que dariam um bom estudo de análise).
Notícias recentes revelam que por todo o território português as populações apregoam que este ano será um ano com poucos presentes e que apenas a criançada será contemplada na hora da oferta. Dar-se-á valor à apresentação de uma boa mesa e a reunião da família será o mais importante, bem como a reconciliação, a paz, o amor, amizade, a solidariedade… E agora pergunto eu: - Então não era isto que se fazia outrora?!!! - Estou enganada ou esta crise veio unificar as pessoas e trocar a azáfama consumista pelo verdadeiro sentido das festas natalícias? Se assim é, deve-se agradecer à crise? Na minha opinião, o que aconteceu foi que cada um de nós no seu estado de reflexão interior, que poucas vezes exercitamos, o melhor do nosso “eu” veio ao de cima. Procura-se o presente certo, a mensagem personalizada, as decorações ideais e uma alegria de sonharmos com coisas positivas rodeados por aqueles que mais amamos e nos dão força para continuarmos em frente. O Natal, acima de tudo, é a festa da família, onde a partilha de afetos é a verdadeira riqueza do ser humano.
Daí glorificar que Trás-os-Montes em época de Natal faz bem à alma. Envolta de um frio gritante, de um nevoeiro cerrado, de geadas brancas, do silêncio das serranias, a região torna-se majestosa de simplicidade cultural através da memória viva de ritos ancestrais, apenas com algumas variantes de terra em terra. É o caso das festas dos rapazes de Ousilhão, de Varge, de Aveleda, o chocalheiro de Bemposta, a festa das Morcelas ou da Mocidade em Costantim e as festas de Inverno de Parada de Infanções, entre muitas outras. A alegria reina nas vilas, nas aldeias e nas cidades transmontanas que mantêm vivas as tradições e o Natal tem mais brilho, tornando-se mágico.
Em Trás-os-Montes há, também, autenticidade na cozinha que nos remete de imediato para a sua paisagem e as suas gentes. Variada e colorida, as iguarias na época de Natal são o espelho da identidade da região, porque como rezam os provérbios tipicamente transmontanos “ande o frio por onde andar, no Natal há-de chegar” e “Em Janeiro, um porco ao sol, outro no fumeiro” nos irão deliciar.
O Natal é tudo e tão somente isto, a apreciação dos valores partilhados e a simplicidade das memórias dos nossos antepassados!
A TODOS UM SANTO NATAL!!!
Simplesmente majestosa no teu discurso. :)
ResponderEliminarSimplesmente majestosa no teu discurso. :)
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