ALINA SOUSA VAZ |
A minha relação com o desporto começou cedo, lembro ainda na primária vestir um fato de ginástica que aos meus olhos de menina mais parecia um fato de banho com mangas. Era lindo e os dias dos saraus eram dias importantes! Mais tarde, já quase no final do 3º ciclo, captaram-me para jogar voleibol e apesar de a estatura não ser das mais altas, o espírito competitivo da equipa em que estava inserida manteve-me naquele desporto durante dez anos da minha vida.
Qualquer treva que percorresse a mente de uma atleta adolescente ou a angústia feroz de uma estudante na época de frequências ou exames eram combatidas no pavilhão desportivo. O melhor medicamento era, sem dúvida, praticar desporto (três vezes por semana)!
Durante este percurso os pais apenas davam o “ar da sua graça” nos dias de jogos. As cornetas e os burburinhos gritantes eram peculiares e a claque fazia-se ouvir, porque afinal, nalgumas situações, “quem não se sente não é filho de boa gente”! Tudo fazia parte da festa de uma competição.
Hoje, como mãe, continuo a olhar o desporto com a mesma carga afetiva, pois mais que uma prática física que faz bem à saúde é, sem dúvida, cá em casa, um estilo de vida. Mas há algo que me move no desporto: - a competição com tudo o que ela implica! Sublinho que ser competitivo não é querer ser melhor do que o outro, mas querer ultrapassar todas as dificuldades individuais.
Aos rapazes ensino que fazer desporto competitivo é difícil. Além da apetência física, o rigor no treino, a assiduidade, os objetivos e o prazer têm que estar presentes sempre na mente de um desportista. A força mental é que faz um bom atleta… porque ser campeão, para além de tudo isto, é necessário outros fatores… aliado ao fator sorte.
Atualmente, os pais estão cada vez mais presentes na vida desportiva dos filhos, mas uma das primeiras questões que vale a pena refletir prende-se exatamente com a função dos pais no desporto. Qual será o nível de envolvimento desejável por parte dos pais na atividade desportiva dos seus filhos?
Os tempos modernos obrigam investigadores da área do desporto a discutirem esta questão; a pressão parental e o receio por parte dos atletas acerca das avaliações negativas, tanto de pais como treinadores, constitui uma das suas principais fontes de pressão e é um dos problemas que mais lhes geram ansiedade antes de iniciarem uma determinada competição; outro fator relaciona-se com o investimento familiar levando o jovem a sentir-se cada vez mais saturado ficando prisioneiro no papel de atleta, podendo esta situação levar posteriormente ao abandono da prática desportiva.
No entanto, também há estudos que afirmam que quando os pais não exercem demasiada pressão os atletas demonstram maiores níveis de rendimento, divertimento e maiores níveis de autoestima na atividade desportiva. A relação positiva estabelecida entre o jovem e pais é que, muitas vezes, determina a experiência desportiva do atleta. Assim, a atitude certa dos pais será aquela que passará pela expetativa mais realista sobre o rendimento desportivo, que encoraja e apoia o esforço demonstrado pelos filhos enquanto atletas, e que raramente responde com avaliações negativas quando acontecem prestações desportivas menos boas. Os pais que apenas têm uma visão centrada nos seus filhos sem entenderem que, biológica e psicologicamente, as crianças são distintas e logo, existem ritmos de aprendizagens e maturação diferentes, aqueles que procuram nos filhos o sucesso que nunca experimentaram, os que alimentam expectativas exageradas quando surgem bons resultados nunca contribuirão para o prazer da prática desportiva dos filhos.
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