ALINA SOUSA VAZ DR |
Em janeiro, na cidade de Vila Real, o frio e a chuva de inverno acompanhou a chegada de um grupo de estudantes da Guiné Equatorial. Na mala trouxeram sonhos que têm como base primordial a aprendizagem da língua portuguesa. Esta será, no futuro próximo, a ponte para o alcance das suas ambições profissionais no seu país que se encontra em expansão económica.
Em 2010, o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, no poder desde 1979, assinou o decreto que assumia a língua portuguesa como oficial do país, a par com o espanhol e o francês. Nessa altura, esclareceu, também, que os seus esforços diplomáticos para aderir à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) como membro de pleno direito foram intensos, pois a inclusão do português como língua oficial no país contribuiria positivamente para aumentar a cooperação no contexto afro-ibérico e luso-hispânico de nações.
À universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro coube um dos papéis principais, preparar um ensino com qualidade focando sempre a dimensão económica da língua para estrangeiros, preparando-os, não só, para a compreensão dos originais de Camões e de Pessoa, mas, também para os negócios a realizar no futuro entre as comunidades lusas.
Numa altura em que Portugal economicamente se encontra fragilizado, a língua, por tendência, sofre, também, dessa fragilidade, todavia o português é a sexta língua mais falada no mundo, a terceira europeia de expressão global e a primeira no hemisfério Sul. Se as conjecturas fundamentadas na evolução demográfica não falharem, o português tornar-se-á uma língua falada por 335 milhões de pessoas em 2050.
Presentemente, o português é falado por cerca de 250 milhões, sendo a língua oficial de Portugal, claro está, do Brasil, de Cabo Verde, de Moçambique, da Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe e Angola. É, igualmente, uma das línguas oficiais de Timor-Leste e da Região Administrativa Especial de Macau.
Neste número total de falantes também colaboram os cinco milhões de imigrantes portugueses com forte presença em países como França, a Suíça, o Luxemburgo, o Reino Unido, a Venezuela, os Estados Unidos e o Canadá. Nestas grandes comunidades, o português é utilizado quer como língua materna quer como uma língua segunda, sendo apresentado, em qualquer dos casos, como uma língua de afectos através da qual firmam uma ligação com Portugal e com a cultura portuguesa. Acrescente-se, ainda, que o português é falado em locais por onde os portugueses passaram ao longo da História como Goa (Índia) e Malaca (Malásia).
Como língua de trabalho, o português é uma das línguas oficiais da União Europeia, da Mercosul (mercado comum do sul, é a união aduaneira de cinco países da América do Sul), da União Latina (organização internacional composta pelos países cujas línguas oficiais ou nacionais são línguas românicas tendo como objetivo principal a promoção daquilo que identifica o mundo latino) e da União Africana (organização que ajuda na promoção da democracia, direitos humanos e desenvolvimento económico na África, especialmente no aumento dos investimentos estrangeiros por meio do programa Nova Parceria para o Desenvolvimento da África).
Desta forma, o português, para além de ser, segundo um estudo da Bloomberg, a sexta língua do mundo mais utilizada nos negócios é, ainda, uma língua na qual se navega para aceder ao conhecimento. Dados fornecidos pela Worldstats, o português teve o segundo maior crescimento na internet, a nível mundial, classificando-se no quinto lugar como língua mais utilizada pelos cibernautas, tendo sido apenas superado pelo árabe. Nas redes sociais, é o terceiro idioma mais usado no twitter e Facebook, depois do inglês e do japonês.
Assim, o conselho de ministros da comunidade dos países de língua portuguesa, na XVIII reunião ordinária, realizada em Maputo a 18 de Julho de 2013, salientaram a necessidade de nova visão estratégica, tendo em conta as mudanças estruturais mundiais e a dos Estados membros da CPLP. Alargar as actividades valorizando as suas potencialidades, enquanto nações, levou a que todos os Estados membros participassem de forma efetiva na realização de acordos relativamente à Concessão de Visto para Estudantes Nacionais dos Estados membros da CPLP.
Por isso não estranhem, gente de Aleu, se virem por aí grupos de estudantes da Guiné Equatorial. Por aqui andam a aprender a língua portuguesa, etapa fundamental para se tornarem mais competitivos dentro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e quiçá um dia não profiram as palavras de Fernando Pessoa: “A minha pátria é a língua portuguesa”.
Sem comentários:
Enviar um comentário