GABRIEL VILAS BOAS DR |
Os alunos de 4º e do 6º ano de escolaridade realizaram, esta semana, os exames de Português e Matemática. Os resultados obtidos pelos alunos influenciam em 30% a nota final dos alunos nas referidas disciplinas e, talvez por isso, os alunos empenham-se especialmente no estudo do Português e da Matemática nas últimas semanas.
Eu concordo com a existência de exames. Não só para os alunos do 12º e 9º ano, mas também para os mais novos, ou seja, os alunos do 6º e 4º ano. E concordo exatamente com a ponderação que atualmente existe, pois defende o trabalho realizado ao longo do ano letivo, nas escolas, por professores e alunos, ao mesmo tempo que coloca aos alunos e escola o “desafio” de testarem a qualidade do trabalho desenvolvido numa prova de âmbito nacional.
Muitos dirão que uma prova não prova nada! Eu direi que prova sempre alguma coisa. Em primeiro lugar, testa a qualidade do trabalho desenvolvido por professores e alunos; depois, impõe o respeito pela escola e pela aprendizagem que alguns alunos tinham perdido, quando critérios de avaliação amigos lhes permitiam passar de ano sem grande mérito. Os exames fazem muito pelos valores de exigência, equidade e justiça (relativa e absoluta) na atribuição de notas nas escolas.
Acresce a isto o fator psicológico. Alunos e encarregados de educação têm um “respeito superior” a estas provas. Preparam-nas com mais empenho e seriedade. E ainda que este medo seja, em muitos casos, tolo, não faz mal nenhum.
Acho correta a existência de exames em todos os ciclos de ensino, pois são a melhor forma de validar a qualidade do sistema. Claro que os exames não são nenhuma panaceia, mas são um contributo importante, que pode ser melhorado, não abandonado. O caminho que temos que fazer em relação aos exames é de estabilização e melhoria. A começar pelas datas em que são realizados. Este é um assunto que deveria merecer uma reflexão cuidada dos principais agentes envolvidos: professores, alunos e pais. Curiosamente, estes elementos nunca foram ouvidos sobre o assunto.
O atual modelo tem inconvenientes e algumas vantagens, todavia julgo que é possível melhorá-lo, no sentido de criar as melhores condições para que os alunos usufruam das melhores condições psicológicas para tirar bons resultados.
Na minha opinião, seria também possível criar um modelo de realização de provas que não comprometesse a realização das aulas dos outros anos letivos, pois em alguns casos alunos dos outros anos letivos podem ficar sem todas as aulas duma determinada disciplina dessa semana. Ora quando o período letivo é já de si curto e cheio de feriados, isso pode revelar-se problemático para um professor que assim terá 5/6 aulas para lecionar durante um período inteiro.
Ainda quanto à problemática dos exames, gostaria de introduzir uma outra questão: as disciplinas sobre que incidem. Os exames do 1º, 2º e 3º ciclos incidem apenas sobre as disciplinas de Matemática e Português. Ainda que reconheça uma relevância superior a estas disciplinas, considero que seria importante alargar os exames a outras duas ou três disciplinas. Uma da área das línguas (Inglês), outra da área das ciências (Ciências ou F. Química) e outra da área das ciências sociais (História). São áreas relevantes na formação dos nossos jovens e cujo trabalho nas escolas devia ser aferido do mesmo modo que o Português e a Matemática. Obviamente que isso implicaria uma calendarização mais eficaz e organizada e um maior trabalho administrativo nas escolas. Mas as vantagens seriam algumas e não negligenciáveis. Seria bom para as disciplinas em questão, para as escolas e para os alunos. Seria também um modo de todos irmos de férias ao mesmo tempo…
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