Alina Sousa Vaz DR |
Depois destes dias
atribulados devido ao tema da coadoção e adoção por casais do mesmo sexo, não
posso deixar passar esta fase sem me pronunciar, também, sobre o tema, sabendo
antemão que a minha opinião vale o que vale.
Eu sei que
vivemos em democracia e que cada um tem direito à sua opinião. Mas, começo por
dizer que fico em modo alvoroçado quando gente da minha geração expõe em
público afirmações superficiais refletindo o seu pobre espírito intelectual
sobre a questão em debate. Não quero dizer com isto que não são inteligentes,
não! Apenas referir que falam de tudo, menos no verdadeiro ponto da questão.
Não está em
causa se concordamos ou não com a adoção de crianças por casais homossexuais.
Esta realidade já existe! Sabiam que a lei não proíbe homossexuais de adotarem,
desde que o façam individualmente, já que a adoção por famílias monoparentais é
possível?
Então começa
aqui outra vertente da questão. A partir de 2010 a
Assembleia da República aprovou com 126
votos a favor, 97 contra e 7 abstenções o acesso ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo em Portugal, com
exclusão da adoção.
Agora comecem a
refletir… Então interditam a possibilidade de adotar quando permitem a adoção
por homossexuais individualmente? A que chamam a isto? A isto eu chamo HIPOCRISIA.
A preocupação do legislador não teve em conta o interesse da criança, mas a
sensibilidade de um país ainda avesso a estas mudanças culturais.
O que realmente importa
é não ignorar o superior interesse da criança, o direito a ter uma família. O
que realmente importa é estas crianças, que já vivem em famílias homossexuais concretas,
se
encontrarem desprotegidas juridicamente por não verem a sua outra mãe ou o seu
outro pai reconhecidos enquanto tal legalmente.
Será justo, caso ocorra a morte ou
doença grave do cônjuge com direitos parentais, estas crianças poderem ser
retiradas do ambiente familiar que sempre conheceram? Na minha opinião, é DESUMANO!
Portugal
é conjuntamente com a Rússia, a Ucrânia e a Roménia, países que ainda não aceitam
a parentalidade de casais do mesmo sexo, impedindo-os dos seus direitos de
constituir família. Portugal viola os direitos da Convenção Europeia dos
direitos humanos e a legislação deve ser alterada tal como manda o Tribunal
Europeu. Logo, é ADIAR O INADIÁVEL!
Numa democracia não se deve referendar
direitos humanos de minorias. É INJUSTO!
Uma criança precisa e quer amor. Quer
alguém que a oriente na vida. Que a ensine a perceber a diferença entre o mal e
o bem, que a ajude a ser correto e amar o próximo com respeito. Quer alguém que
a eduque e a ajude a crescer saudável e feliz!
Por tudo isto, Portugal não precisa de
referendos… E utilizando as palavras de Bruno Nogeira em tom irónico, “não há
dinheiro para investir no ensino especial nas escolas públicas e há dinheiro
para referendar?” Gastar mais 10 milhões como no último referendo? Não,
muitíssimo obrigada!
Em jeito de conclusão, refiro a alta
voz: O mundo dos afetos não se devia referendar. E lembrem-se que toda a criança adotada por um casal gay foi gerada e
abandonada por um casal heterossexual.
Gosto muito do teu texto, Alina Vaz. Primeiro, porque reflete totalmente o meu pensamento face a este tema. Depois, porque está muito bem escrito, o que não é novidade nem de estranhar, mas deve-se sempre sublinhar.
ResponderEliminarObrigada Gabriel! :) É com real apreço que recebo as tuas palavras. Caminhemos juntos e sublinhemos as nossas conquistas passo a passo. :), talvez assim custe menos. Não nos sentimos sós. :)
EliminarAlina Sousa Vaz