Alina Sousa Vaz DR |
As culturas regionais são, no mundo globalizado, vistas como requintes de arte, pois projetam universalmente aquilo que diferenciam cada um dos grupos ou comunidades. Em Portugal existem regiões cujas características se apresentam bem delimitadas, porque são segundo Jorge Dias, “(…) fruto, não só de condições ambientais diferentes, como de ascendência cultural e possivelmente étnica diversas”.
A região do Alto Douro corresponde a esta definição porque é por, excelência, uma região com características únicas bem definidas que proporciona às suas gentes uma identidade própria, logo uma cultura particular. Particularidades ímpares que justificaram a sua classificação como Património Mundial da Humanidade. Atributos que se verificam nas vivências que o povo mantém com o espaço e a terra que lavra, fazendo surgir a cultura duriense como aquela que está associada à forma como o homem vive o seu quotidiano, ou seja, ela é caracterizadora do modus vivendi do Homem do Douro.
São muitos aqueles que imortalizaram a região duriense nas suas obras ou porque nasceram nesse lugar “maravilhoso” ou porque ficaram apaixonados pelo seu encanto. António Cabral, filho de pais humildes e lavradores durienses remediados, dedicou a vida à projeção da terra e do homem duriense, pois em toda a sua obra e atividade está presente a memória cultural da região do Douro.
Autor de uma obra muito diversificada, é como poeta que António Cabral tem o seu lugar na literatura portuguesa. Por isso António Pires Cabral, escritor transmontano, entende que António Cabral é o grande poeta do Douro laboral perpetuando usos e costumes, tradições e hábitos que se vão perdendo. Segundo as suas palavras, António Cabral “É o poeta que mais canta a região em quantidade e que presta mais atenção ao Douro laboral. Não propriamente a paisagem muito bonita, mas os dramas humanos que se passam no Douro, como o cultivo ou a exploração do trabalhador”.
A cultura de cariz popular é aquela que sempre inspirou António Cabral a desenhar um trilho de luta em toda a sua ação cultural e obra literária, tornando-se, assim, um ícone da Cultura Transmontano-duriense.
Na sua poesia, António Cabral deixa transparecer o Douro laboral, dos humildes e explorados e este drama é escrito por si com simpatia e respeito na sua obra Antologia dos Poemas Durienses. Obra que aconselho vivamente!
Alina Sousa Vaz gostei, mais uma vez, de ler o teu texto. Podias publicar um poema ou um excerto dum texto de António Cabral, por exemplo no teu mural, para que possa apreciar a beleza dos textos do autor.
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