Esta noite, as bruxas sairão às ruas DR |
O dia das bruxas é festejado na noite de hoje, dia 31 de outubro. A comemoração do Halloween, como é vulgarmente conhecido teve origem nos antigos povos da Grã-Bretanha e Irlanda, que acreditavam que na véspera do Dia de Todos os Santos – 1 de novembro, os espíritos voltavam para suas casas. A festa em honra de Todos os Santos, inicialmente era celebrada no dia 13 de Maio, mas o Papa Gregório III alterou a data para o 1.º de novembro. Mais tarde, no ano de 840, o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse celebrada universalmente. A partir de então começou-se a preparar uma vigília, na noite anterior. Essa vigília era denominada “All Hallow’s Eve” (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas “All Hallowed Eve” e “All Hallow Een” até chegar à palavra atual Halloween.
Damos-lhe a conhecer as principais tradições deste dia e dos dois primeiros dias de novembro, que está prestes a começar.
As abóboras são um dos símbolos do Haloween DR |
Abóbora – símbolo do Halloween
Na verdade, este é o símbolo do Halloween. As suas origens encontram-se na história de Jack O´Lantern, um irlandês alcoólico e aldrabão que após um pacto com o diabo, foi condenado a vaguear para sempre na escuridão do inferno. Para iluminar o caminho, reza a história que usava um nabo oco, com um pedaço de carvão aceso no interior. Uma ideia que foi recuperada, mais tarde, para o Halloween. Supostamente, quando esta tradição foi assimilada pelos EUA, começou-se a usar abóboras, muito maiores e mais fáceis de esvaziar do que os nabos, para que no seu interior fosse colocada uma vela acesa.
As bruxas são também símbolos desta festa. As histórias contam que as bruxas participavam de festas realizadas pelo diabo, que, normalmente, eram realizadas em 30 de abril e 31 de outubro. Tal crença chegou aos Estados Unidos pelos colonizadores e, a partir de então, espalhou-se por todo o mundo. O Gato Preto associa-se às bruxas, pois diz-se que estas se conseguiam disfarçar, passando por “gatinhos amorosos de cor preta”. Outras superstições associadas aos gatos pretos é que estes dão azar e que também são espíritos de pessoas mortas, sobretudo quando aparecem nas sextas-feiras 13. A vassoura de bruxa aparece também com uma simbologia própria: segundo os especialistas da matéria, “é um símbolo do poder feminino em limpar tudo aquilo que traz consequências negativas para a vida, como eletricidade e pensamentos negativos”.
A troca de doces e a famosa frase “Doces ou Travessuras” (Trick or Treat, em inglês) remontam à idade média, em que era uma prática popular do Dia de Finados fazer "bolos das almas", sobremesas de massa simples com uma cobertura de groselha, sendo posteriormente distribuídos pelas crianças que batiam às portas das casas. Nos países anglo-saxónicos, onde a tradição é comum, os miúdos usam um fato - "souling" (referente à alma), dizendo "travessuras ou gostosuras?" e por cada fatia de bolo ou guloseimas que a criança ganha, tem de realizar uma oração pelos familiares, já falecidos, da pessoa que lhe deu a oferta. “Essas orações ajudariam os familiares a encontrar os seus caminhos para sair do purgatório até o céu”. Nos Estados Unidos é comum a troca não só de guloseimas, mas também de presentes entre os amigos na noite de Halloween, que assume uma comemoração de extrema relevância.
Em Portugal a comemoração é sobretudo feita nas escolas, pelo clube de inglês, que aproveita a ocasião para mostrar um pouco mais da cultura inglesa.
Dia de Todos os Santos
Já não é novidade para ninguém que o feriado de 1 de novembro foi abolidado, ou seja esta sexta-feira não é dia de paragem, como habitual em anos anteriores. Afinal, qual a importância deste dia?
A Enciclopédia Católica define o Dia de Todos os Santos como uma festa em “honra a todos os santos, conhecidos e desconhecidos”. Para a Igreja Católica, a celebração deste dia a luz ao “chamamento de Cristo a cada pessoa para o seguir e ser santo, à imagem de Deus, a imagem em que foi originalmente criada e para a qual deve continuar a caminhar em amor”. Daí conclui-se que são inúmeros os potenciais santos que não são conhecidos, mas que da mesma forma como canonizados são reconhecidos, estes vêem Deus face a face, “têm plena felicidade e intercedem por nós”. O Papa João Paulo II foi um grande impulsionador da "vocação universal à santidade", tema renovado com grande ênfase no Segundo Concílio do Vaticano.
Tradição do Pão de Deus
Em Portugal, no dia de Todos-os-Santos, eram comum os mais jovens saírem à rua em pequenos grupos para pedir o pão-por-Deus de porta em porta. As crianças quando pediam o pão-por-deus recitavam versos e recebiam pequenas ofertas: pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de pano. Esta tradição teve origem em Lisboa, em 1756, 1 ano depois do terremoto que destruiu Lisboa em 1 de novembro de 1755. Como a data do terramoto coincidiu com uma data com significado religioso (1 de novembro), de forma espontânea, no dia em que se cumpria o primeiro aniversário do terramoto, a população aproveitou a solenidade do dia para desencadear, por toda a cidade, um peditório, com a intenção de minorar a situação paupérrima em que ficaram. Assim, as pessoas percorriam a cidade, batiam às portas e pediam que lhes fosse dada qualquer esmola, mesmo que fosse pão. A partir dos anos 80 a tradição foi gradualmente desaparecendo e, atualmente, raras são as pessoas que se recordam desta tradição.
Dia de Finados, a 2 de novembro
O culto aos mortos (mais precisamente dos que se encontram no Purgatório) foi estabelecido pela Igreja católica com o nome de Finados. É comemorado no dia 2 de novembro de cada ano, logo depois do dia de Todos os Santos (1 de novembro). No início não se comemorava nos cemitérios. Só com o tempo é que a celebração evoluiu e se fez acompanhar com velas e flores nos cemitérios. Na verdade, as pessoas aproveitam o feriado de 1 de novembro para anteciparem esse culto que só deveria ser feito no dia seguinte. Se em Portugal, o dia é celebrado com bastante tristeza, no México, por exemplo, fazem uma festa enorme.
Flores dos Santos DR |
Em Portugal, é comum durante esta época lavarem-se as campas e assearem-se com flores, que normalmente são os crisântemos. Em alguns países, o crisântemo é considerado uma flor fúnebre, sendo utilizada apenas nessas ocasiões. Na França, por exemplo, as pessoas que têm o pai já falecido, colocam na lapela ou roupa, um crisântemo no dia do Pai, geralmente de cor branca ou amarela. Apesar da crise, estas celebrações envolvem imenso comércio, com as floristas e revendedores a aumentarem os preços das flores mais tradicionais, bem como das lamparinas que colocam em cima dos respetivos jazigos familiares.
Com a entrada no mês de novembro apresentamos-lhe, assim, algumas tradições seculares que se comemoram um pouco por todo o país, nestes primeiros dias do penúltimo mês do ano.
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