Em 1981, a comunidade médica foi surpreendida com relatos, oriundos de Los Angeles, de uma pneumonia à data chamada de pneumonia por Pneumocystis carinii que atingia jovens, previamente saudáveis. Eram as primeiras descrições do que viria a ser denominado, em 1982, de Síndroma de Imunodeficiência Adquirida (SIDA). Hoje sabemos que, embora se tenham documentado casos esporádicos de SIDA anteriores a 1970, a atual epidemia começou em meados da década de 1970 e dispersou-se pelos cinco continentes durante a década de 1980. Em Portugal, os primeiros casos de infeção por HIV datam de 1983. Os primeiros anos foram devastadores: diariamente apareciam novos casos, o conhecimento sobre a doença era muito reduzido e não existia praticamente nenhuma terapêutica.
Embora Portugal continue a apresentar das mais elevadas taxas de novos diagnósticos de infeção por VIH e de incidência de SIDA registadas na União Europeia (UE), essas taxas apresentam tendência decrescente que, em análise comparativa do número de casos com diagnóstico nos anos 2007 e 2016, foi de 40% nos casos de infeção por VIH e de 60% em novos casos de SIDA.
O ponto de situação em Portugal, em 2016 era que:
– 91,7% das pessoas que viviam com a infeção VIH estavam diagnosticadas (dados de 2016)
– 86,8% das pessoas diagnosticadas estavam a ser tratadas (dados de 2016)
– 90,3% das pessoas que estavam em tratamento tinham carga viral indetetável (=200 cópias/ml) (dados de 2016)
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) pertence à família dos retrovírus e ao género lentivírus. Existem dos tipos, o HIV-1 e o HIV-2, sendo que o HIV-1 é mais frequente e virulento.
O HIV “ataca” o sistema imunitário, mais precisamente os linfócitos T CD4+ por mecanismos que levam à destruição destas células que nos defendem dos agentes agressores.
Volta e meia ainda ouço pessoas confundirem HIV e SIDA. O HIV é o vírus. As pessoas que estão infetadas com HIV são seropositivas, e podem ou não desenvolver SIDA. Por sua vez, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) ocorre quando o HIV causa danos graves no sistema imunológico. A SIDA trata-se de uma situação complexa com sintomas que podem variar de doente para doente e cujos sintomas estão relacionados com outras infeções, perante um sistema imunitário tão frágil que já não consegue combater infeções.
Inicialmente a pessoa infetada com HIV está assintomática. Posteriormente pode desenvolver sintomas inespecíficos (febre, dores de cabeça, cansaço, gânglios aumentados, etc). Depois poderão surgir sintomas mais graves como perda rápida de peso, infeções graves, diarreia prolongada, distúrbios neurológicos.
A sua transmissão ocorre através de relações sexuais desprotegidas (não utilização de preservativo) com pessoas infetadas por HIV. A partilha de agulhas, seringas, ou outro equipamento utilizado na preparação de drogas ilícitas para injeção representa outra via de transmissão. Pode ainda ocorrer transmissão de mãe para filho, durante a gravidez, o parto ou pela amamentação.
A única forma de saber se está infetado é fazer o teste ao HIV. O período de incubação corresponde ao tempo compreendido entre a infecção pelo HIV e o aparecimento de sinais e sintomas. Este intervalo de tempo pode variar. O teste mais comum é o teste de rastreio que pesquisa os anticorpos ao vírus no sangue. Os anticorpos são uma espécie de proteína que o organismo produz resposta à presença do HIV. Este teste pode ser feito com sangue extraído de uma veia ou através de uma picada no dedo, e não exige qualquer preparação nem é necessário estar em jejum. Entre outros locais, este teste poderá ser realizado na sua unidade familiar.
Um resultado reativo pode significar que está infetado. Nesse caso será referenciado para uma consulta num hospital à sua escolha onde será feito um teste de confirmação e, caso se confirme a infeção, iniciará o tratamento. A deteção precoce da infecção permite a adoção de práticas que impedem a transmissão da infeção e de iniciar o tratamento.
Se o resultado não for reativo significa que não está infetado, mas se tiver tido um comportamento de risco recente e o teste ter sido realizado dentro do período de janela imunológica, poderá ser necessário repetir o teste em algumas semanas.
Janela imunológica é o termo que define o tempo que decorre entre a infeção e o aparecimento de anticorpos ao HIV detectáveis. De um modo geral, desde o momento da infecção, o corpo demora cerca de 3 meses para produzir anticorpos suficientes para serem detectados por um teste.
Atualmente não existe nenhuma vacina por isso o cumprimento das medidas de proteção continua a ser a única forma de garantir que a infecção não ocorre.
Por isso, lembre-se da importância do preservativo. São acessíveis gratuitamente na sua unidade de saúde familiar.
Inquéritos revelam que menos de metade da população portuguesa usa preservativo quando inicia um relacionamento e apenas 19% utilizam preservativo sempre que têm relações sexuais. Estes dados mostram que esta informação será, portanto, útil a cerca de 80% da população Portuguesa.
Nunca é de mais a informação porque de nada servirá se não houver prevenção. – basta um comportamento de risco para ficar infetado.