sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

O NATAL, O CONSUMISMO E A PAZ FALSA

LUÍS PINHEIRO
Chegamos aos últimos dias do ano, à altura das confraternizações natalícias e das comemorações festivas de final de ano, em simultâneo, com uma corrida desenfreada às compras de prendas. Contudo no meio deste alvoroço todo, podemos ter perdido a verdadeira essência deste tempo. Será que estamos a comemorar o Natal da forma correta? Será que estamos a transmitir para a próxima geração os valores corretos quando centralizamos o Natal nas prendas?

É nesta altura que acontecem os eventos que todos esperamos, os jantares de natal com os colegas da universidade, as trocas de prendas, os amigos secretos, as viagens para os reencontros com amigos que não falamos durante todo o ano e que temos a oportunidade de os encontrar “apenas” nesta altura, as deliciosas comidas contudo somos bombardeados pelos mídia e por toda a sociedade para comprarmos, para comprarmos mais, cada vez mais, como se de um encantamento se tratasse, passando a ideia de que quanto mais se comprar mais feliz será.

Ao pedirmos a uma criança para escrever uma carta ao pai natal com a lista de brinquedos que ela quer passamos sublimemente a ideia que o natal é isso, a altura de saciarmos o nosso consumismo, o consumismo que a sociedade nos incute. 

Estamos na mudança do paradigma do Ser para o Ter, o ser uma pessoa bondosa, o perdoar as falhas cometidas durante o ano, o ser amigo do próximo cai em prole do ter um bom carro, o computador mais moderno, o smartphone mais evoluído, criando aqui um patamar social baseado nos bens que temos.

Nesta altura do ano, a preocupação das pessoas tende a estar associada à obtenção de bens supérfluos, com o intuito de responderem a um pedido de uma estrutura de sociedade que cada vez está mais doente.

Os valores associados a esta época do ano (sendo crente ou não) é algo mais forte e transversal, a força do amor, o momento de partilha em família e com os nossos significativos e a esperança que o próximo ano traga melhores frutos deve ser a questão centra do natal.

Acredito que existe esperança quando, vejo, crianças a escreverem cartas ao pai natal a pedirem amor, alegria e saúde sem intervenção do adulto. Generalizar estas cartas é necessário mas de forma genuína e não através de uma farsa. Remato a dizer que as crianças não são as únicas vítimas deste tempo, somos todos nós, pois vivemos numa sociedade capitalista e corrompida de valores.

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