terça-feira, 31 de outubro de 2017

O ORÇAMENTO DE ESTADO DE 2018

RUI CANOSSA
O orçamento de Estado é um documento onde o Governo expõe aquilo que quer fazer para o ano seguinte, é onde insere as despesas públicas e as receitas para o concretizar. As opções neles contidas representam escolhas, e essas escolhas, porque as necessidades são ilimitadas, implicam decisões, caminhos, modos de ver e organizar a economia e a sociedade, escolhas essas que são ideológicas. E ideologicamente este orçamento é de esquerda.

Neste orçamento para 2018 podemos ver que privilegia, aparentemente, o trabalho em vez do capital, desce o IRS e não o IRC.

A ideia do Governo é devolver rendimento disponível às famílias. Aposta na reposição dos salários e pensões, bem como nos apoios sociais cortados entre 2011 e 2015, vai buscar rendimentos aos bens importados como nos automóveis e a produtos alimentares que possam ser prejudiciais à saúde, onera o crédito ao consumo, mantém as taxas de energia sobre a GALP, REN e EDP, as contribuições extraordinárias da banca , energia e farmacêuticas continuam contempla um aumento entre 6 e 10 euros para os pensionistas continua a repor os valores do RSI, entre outras.

Mas a questão que se coloca é como é que vão chegar ao 1% de défice orçamental em 2018 e uma redução da dívida pública para os 123.5% do PIB. Nesta matéria a dívida bateu o recorde encontrando-se nos 250 mil milhões de euros. O Governo não estava a contar que a economia portuguesa tivesse crescido tanto e isso permitiu-lhes ter uma folga orçamental de mil milhões de euros, que a juntar à descida das taxas de juro dão uma margem confortável para gastar. 

Vê-se neste orçamento que visa também garantir a continuação da solução governativa encontrada a chamada geringonça entre PS, BE e PCP.

Segundo Daniel Bessa, se fosse ele a governar iria pedir aos serviços para não gastar desmesuradamente e que parte dessa folga fosse poupada e garantir o saldo zero orçamental.

É que o risco é enorme, criar despesa fixa acreditando que as taxas de crescimento económico se vão manter acima dos 2% e se a conjuntura internacional de taxas de juro baixas se inverter, o petróleo pode vir a aumentar 5 a 10 dólares por barril e as economias espanhola e alemã vão desacelerar e então vamos ter um caso sério para resolver.

Por outro lado, este orçamento não fala muito sobre apoio às milhares de pequenas e médias empresas que são a esmagadora maioria das empresas em Portugal, nem fala muito em investimento, quer nacional ou estrangeiro. É que sem investimento não há empregos nem criação de riqueza para distribuir. E as famílias com os seus rendimentos aumentados em termos nominais estão já a procurar mais crédito.

O OUTONO CHEGOU E AGORA QUE CUIDADOS DEVO TER COM OS PÉS?

FÁTIMA LOPES CARVALHO
No verão os pés devido ao calor têm tendência a aumentar o seu volume, contrariamente no outono com a diminuição da temperatura a tendência é que os pés diminuam o volume pois existe redução do edema local diminuindo assim o espaço que ocupam dentro do calçado.

No outono deve-se preparar o pé para colocar num ambiente fechado, verificar se existem algumas complicações do verão nomeadamente pele grossa, calos, etc. …afetação vírica ou bacteriológica.

O calçado de outono deve proteger o pé da humidade, quer exterior da chuva; quer interior através da transpiração.

Se a humidade é devido à transpiração, a aplicação de produtos que eliminem a humidade é aconselhável quer na forma de gel, cremes ou pó.

Se a humidade é devida a fatores externos da chuva, a utilização de calçado impermeável é recomendada.

É assim aconselhável durante esta estação uma boa hidratação dos pés; esta hidratação deve ser efetuada com um bom gel de preferência à base de produtos naturais e aplicação quer de cremes, óleos ou gel dependendo do seu tipo de pé e pele.

Deve de efetuar uma esfoliação dos pés pelo menos duas vezes por semana; removendo assim as células mortas da epiderme.

Outro ponto muito importante é a secagem dos pés, nomeadamente entre os dedos, evitando assim locais de humidade.

Não deve utilizar os mesmos sapatos com frequência; deve variar todos os dias até porque os sapatos mais abertos tendem a secar muito os pés; enquanto os fechados facilitam a proliferação de fungos.

Os sapatos devem sempre que possível serem colocados ao sol para uma secagem natural.

Aconselho durante esta estação uma consulta Podológica (www.centroclinicodope.pt), para efetuar uma análise biomecânica da pegada plantar e avaliação do seu tipo de pele.

NOVEMBRO CÁ NA TERRA

ELISABETE SALRETA
A tradição já não é o que era. É verdade. Muito se perdeu. Infelizmente.

Mas tempos houve em que era fonte de imensa alegria. Eram dias memoráveis, datas em que uma serie de coisas eram permitidas. Era o dar, o receber, o amealhar, ou ficar com uma valente dor de barriga.

Hoje fala-se do Halloween, tradição com origens Celtas, importada e com uma vertente comercial arreigada.

Mesmo assim, é possível usar a imaginação e festejar com os amigos, a tal dádiva.

Mas, cá na terra, festejava-se o dia de todos os santos, dia em que os mais pequenos se juntavam em grupos, muitas vezes de primos, e faziam uma ronda pelo bairro, pela terra e pelas casas dos familiares. Fazia muito que as mães passavam o serão a fazer o saco do Pão por Deus, fiel guardião de inúmeras iguarias, verdadeiros testes culinários às vizinhas. E livre-se de quem nada tivesse para ofertar. Seguiam-se gritos e canções esganiçadas com o intuito de cansar e irritar o prevaricador. 

Havia os mais velhos, que aproveitando-se do dia, tentavam a sua sorte:

- Pão por Deus, Pão por Deus.

- Um pau pelas costas e vais com Deus. – Escutavam eles em resposta.

Cá por casa, a tradição começou muito cedo. Mas a criança, afoita, queria fazer tudo sozinha. Faziam-se dois sacos. Para ela e o seu fiel companheiro de brincadeiras. Ele não só a acompanhava, mas mais importante, protegia-a. Eram dois irmãos, naquele dia. Ela com o saco no braço, ele com um saco ao pescoço. Sacos iguais, diferentes no tamanho. Ela batia à porta e recebia a sua iguaria. Ele também. Embora uma visita inusitada, acabava por ser bem-recebido, mais que não fosse pela singularidade. E lá iam de porta em porta, até o saco estar demasiado pesado para as suas mãos pequeninas. Ele, oferecia o peito a mostrar o saco que levava ao pescoço, participando daquele ritual. A primeira reacção era de assombro, depois de um sorriso do dono da casa, a aceitação. E também ele recebia o seu brinde.

Chegados a casa, era o abrir dos sacos e a divisão das iguarias. O que se podia guardar e o que seria para comer no dia.

No primeiro ano, ficamos curiosos por saber o que o Pantufa (um podengo cruzado de beagle), traria no seu saco. Alguns rebuçados, nozes, ração de cão, broas e até moedas.

Ele ficava deleitado a olhar a sua menina, abanando o rabo e no seu semblante a imagem do dever cumprido. É isso que os deixa felizes. Serem uteis ao seu mestre da matilha.

Ela cansada ia dormir a sesta, porque os doces até nem eram assim tão importantes. Apenas a diversão e as moedas, que ela sempre gostou de guardar.

E assim preparávamo-nos para o Natal que estava logo ali à porta.

Pão por Deus, Pão por Deus.

À ESPERA DO MILAGRE

REGINA SARDOEIRA
Esporadicamente, leio jornais. Ontem aconteceu - me ter à mão a revista do Expresso e, logo que a abri, dei com o texto intitulado "O hamster", de Clara Ferreira Alves.
Li umas linhas e soube, de imediato, que o hamster é, segundo a metáfora ridícula da jornalista, o primeiro-ministro, António Costa. 
Pensei no pobre animal de pseudo-estimação, um ratinho de olhos vivazes que, para gáudio dos humanos, é encerrado numa gaiola e obrigado, pelas circunstâncias do seu cativeiro, a girar o corpo numa roda, qual suplício medieval. E, literalizando a metáfora, substituí o rato pelo primeiro - ministro. Soube então, depois de ler algumas frases do texto referido, que são pessoas como esta mulher/jornalista as responsáveis por termos um primeiro-ministro, encerrado numa gaiola a fazer círculos absurdos numa roda, querendo caminhar livremente, mas com entraves contínuos vindos de muitos quadrantes.

"António Costa está a tornar - se um hamster da rodinha. Está a tomar conta do negócio da família, o partido, está a administrar a relação com a direita que o abomina, está a administrar a relação com a esquerda dividida entre o prazer do poder e o horror do poder. Uma esquerda reaccionária que odeia o povo e não admite a perda. Para realizar o projecto da tomada do Estado, esta esquerda tem de roubar do PS. Por cima de todos eles, um Presidente atento e incansável com uma popularidade brutal. "


Se lermos o texto distraidamente (às vezes, acontece!) escapar-nos-ão detalhes importantes. 
Em primeiro lugar, a ideia de um primeiro-ministro sob absoluto controle, dentro de uma gaiola, girando ao sabor de uma roda mecânica. E comandada por quem? Lá estão eles: o partido (ou "negócio de família "), a direita "que o abomina ", a esquerda "dividida entre o prazer do poder e o horror do poder" e, por cima deles todos, "um Presidente incansável e atento, com uma popularidade brutal."
Repito, de propósito, as frases do excerto, para que sobressaiam. 
Imaginar um homem - este primeiro -ministro do Portugal de agora - numa tal situação, em que, praticamente, todos os que deveriam contribuir para o sucesso de um projecto governativo estão a dar corda à rodinha do hamster, tendo por cima, como peso propulsor maior, o Presidente da República é devastador. Isto significa que, para a cronista do Expresso, e para outros que pensam como ela, ninguém está no seu lugar, a fazer o que lhe compete, visto que, todos apostaram em estontear o pobre hamster engaiolado e ele, desse modo torcido, em círculos sem fim, não pode ver claro e muito menos agir.
No entanto, dizem certas notícias (ao mesmo tempo que outras as contradizem) que, em termos gerais e graças ao esforço do tal hamster humano e de alguns apoiantes (curiosamente, segundo a cronista, também accionadores da rodinha ), a situação actual dos portugueses é melhor do que em 2015 e tende a evoluir positivamente. Aliás, em recentes eleições, os resultados mostraram uma adesão expressiva ao hamster e um repúdio pela "direita que o abomina ". E todos deram conta disso.
Não foi por acaso que, logo a seguir às eleições, uma calamidade incendiária se abateu sobre as terras e as gentes, tendo o propulsor maior da roda do hamster e a direita que o abomina desatado a pedir, histericamente ou com uma máscara afivelada de piedoso e católico sentimentalismo, o rolar de cabeças, presumivelmente responsáveis por este cataclismo (e pelos outros todos).
Ora, para quem não anda cego - e, ontem mesmo, uma mulher do povo me dizia que "o povo bem vê, o povo não é estúpido!" - tais cataclismos, nunca dantes vistos em Portugal, são fabricados, provêm do ar ou do chão, ordenados e organizados por todos aqueles que chamam "geringonça " a este governo, plenamente legítimo, e não se conformam com as derrotas notórias e o declínio visível de que são alvo.
Ler este texto e dar conta da ira da cronista, que não compreende o que significa ser de esquerda (e a frase que ela usa para mostrar a sua profunda estupidez é expressiva :" dividida entre o prazer do poder e o horror pelo poder" ou ainda: "uma esquerda reaccionária que odeia o povo e não admite a perda") é sentir uma profunda revolta e uma extrema preocupação. 
São estes escribas e também arautos (porque ela fala na televisão ) que revelam o que está por detrás das máscaras e que, se estivermos atentos, nos podem ajudar a ver a luz ao fundo do túnel. São úteis, portanto? Sim, devemos lê -los e ouvi-los com atenção, espreitar as entrelinhas e interpretar, cuidadosamente, o sentido das suas metáforas. 
Não se esqueçam: um hamster na gaiola é o primeiro-ministro de Portugal, os accionadores da rodinha que o entontece são "a direita que o abomina", "a esquerda. ..etc." e "o presidente. ..etc"., também; a gaiola é o país prefigurado, por esta mente tacanha, numa coisa minúscula, onde o povo, decerto, não cabe. 
Há mais na crónica desta cronista do Expresso, uma raiva insultuosa ao primeiro-ministro e à esquerda. Segundo ela, "se, por um milagre, Portugal passasse a ser bem administrado e menos desigual e injusto, os comunistas desapareceriam. E do bloquismo restaria o perfume do caviar. " E depois uma lista monótona, em que cada frase começa com a palavra "que", informando os leitores da maravilha que o país seria se não fosse o hamster e os que dão corda à rodinha, e logo todos os que deveriam unir - se e governar ou colaborar com o governo, portanto, todos os responsáveis com o Presidente da República a fazer o maior esforço, porque está "por cima de todos eles" e é "incansável "!
Quem, senhora cronista, excluindo todos esses que se ocupam a manobrar a rodinha do hamster, fará, então, de Portugal o paraíso verde que a sua crónica prenuncia? 
Terá que ser mesmo obra de um milagre, claro.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

HALITOSE - DETETAR E TRATAR

INÊS MAGALHÃES
A halitose, vulgo mau hálito, define-se como um hálito desagradável e incómodo, podendo ter diferentes origens.

Esta condição afeta quase a totalidade dos indivíduos, mesmo que de uma forma ocasional e transitória, podendo levar a repercussões sociais, afetivas e psicológicas. Na grande maioria dos casos a origem da halitose está na cavidade oral, contudo pode ainda representar o início de uma doença sistémica.

De manhã, ao acordar, é normal que sintamos por vezes um hálito mais intenso, que até nos pode levar a sentir a necessidade de lavar os dentes. Este hálito matinal é fruto, não só da diminuição da quantidade de saliva produzida durante a noite, mas também da abstinência, durante várias horas, na ingestão de líquidos e alimentos. Este hálito, geralmente, é normalizado depois da primeira refeição, seguida da primeira higiene oral do dia.

As causas orais da halitose podem estar relacionadas com vários aspetos. Exemplos disso são: uma má higiene oral, cáries dentárias, doenças gengivais (gengivite e periodontite), ulcerações e infeções orais (bacterianas, virais ou fúngicas), próteses dentárias associadas a má higiene oral, xerostomia (diminuição do fluxo salivar) e cancro oral.

Contudo, está cientificamente provado que a presença de bactérias, associadas à presença de um substrato proteico, que contem enxofre, libertam compostos sulfurosos voláteis, resultando então numa sensação de hálito desagradável.

Estas bactérias encontram-se por toda a cavidade oral, contudo elas preferem alojar-se em zonas mais rugosas, amplas e onde a higiene se torna mais difícil, como é o caso da língua. Nesta zona, associando a placa bacteriana com os resíduos alimentares, saliva e corrimento nasal posterior obtemos o substrato ideal para a libertação dos compostos acima mencionados que resultarão em mau hálito.

As causas externas da halitose estão relacionadas com a ingestão de determinados alimentos (ex. cebola e alho), bem como a ingestão de álcool, tabaco ou qualquer medicamento que reduza o fluxo salivar.

É de salientar que, por vezes, esta halitose pode ter outra origem que não a oral, como por exemplo sinusites, refluxo gastro esofágico, diabetes e o próprio ciclo menstrual.

Para prevenir a halitose é essencial manter uma higiene oral correta (uso do fio dentário, escova e pasta dentífrica), nunca esquecendo de no fim escovar a língua, desde a sua parte posterior até à sua ponta. A ingestão adequada de água também favorece uma correta hidratação e, consequentemente, um correto fluxo salivar.

Se a sensação de mau hálito persistir é essencial consultar um profissional de saúde oral, que o irá aconselhar qual a melhor forma de combater a halitose.

O DESTINO É INCERTO

RITA TEIXEIRA
Sou simplesmente uma pessoa incerta num mundo de incertezas.. Vagueio sem rumo certo para um futuro de incertezas.. 

Caminho por bosques abundantes em trilhos sinuosos e precipícios perigosos. Navego por ondas furiosas nas águas turbulentas do oceano. 

Voo por entre ribombar dos trovões e pelas faíscas dos relâmpagos num céu carregado de nuvens sombrias. 

O destino é incerto e mantenho me nas incertezas da vida 

Minha única certeza é aquela que fazem questão de me confrontar com ela: "Sou exigente , impaciente, manhosa e não consideração nenhuma por ninguém. "

Abstraio-me da realidade, escuto apenas o silêncio e procuro em meu interior as certezas da minha existência. Descubro que a minha alma é fiel a Deus, nosso Pai. Nela reside a crença de que Deus estará sempre a meu lado, porque possuo uma alma generosa, bondosa e amável. 

O coração, um jardim de beleza incalculável, mantém a amizade perfumada com a fragrância do amor. O seu exterior repleto de cicatrizes, expõe as facadas infligidas pela traição de quem não soube valorizar o diamante bruto da verdadeira amizade. 

A mente, coitada! Uma confusão total! Está num caos de duvidas e incertezas. Boa! Continuarei a rumar numa vida de incertezas!!!

domingo, 29 de outubro de 2017

ENTRE A ILUSÃO E A MAGIA +

NUNO ANDRÉ
Qualquer palavra escrita corre sempre o risco de ser redutora estando limitada a um ponto de vista diferente de muitos outros. Porque muito se tem escrito acerca dos temas mais variados e porque haverá sempre algo a dizer, fica a promessa de não me esgotar em cada tema abordando-o a partir da minha experiência pessoal e assumindo como uma verdade que não pretende sobrepor-se às outras verdades. Este pensamento livre, aberto e tolerante é característico nas personagens que nos chegam através de livros ou filmes e a quem chamamos de magos ou mágicos. Personagens normalmente com uma idade avançada, solitárias e de poucas palavras. Em contraste podemos imaginar um saltimbanco que na frescura da idade viaja e delicia os olhares dos curiosos com as suas artes da prestidigitação. Os mágicos, como os conhecemos hoje, são fruto de uma longa caminhada entre as luzes da ribalta e das trevas. Dos Magos do faraó até ao ilusionista de palco muito havia para contar. Uns procuraram a pedra filosofal, acreditando que um dia seriam capazes de transformar o chumbo em ouro mas outros aprenderam formas de encantar com a arte das palavras e dos gestos brincando e pondo à prova a ciência. Na verdade, quando estamos num espetáculo de magia ou ilusionismo esperamos algo que nos leve a experimentar o terror e o fascínio. O fascínio pelo encantado, pelo brilho da surpresa que por sua vez está envolta em espectros de impossibilidades que a cada momento se tornam verdades, mesmo que aparente. Depois vem o terror da morte, projetada no fazer desaparecer alguém, o terror de conseguirem ler a nossa mente tendo acesso aos nossos maiores segredos, o terror de alguém conseguir tornar possível o que acreditamos ser impossível.

No palco, brincamos assim com tudo isto e muito mais pedindo ao público não aplausos, mas que se deixe levar pelas nossas palavras a fim de que em cada um daqueles corpos que vive de forma exacerbada os sentidos, possa por um instante voltar a libertar-se das amarras da vida e voltar a sonhar, mesmo que para isso tenha que prender os seus “titãs”. Os titãs eram os primórdios dos deuses na mitologia grega e um deles, apesar de ser um dos maiores, com medo de ser destronado, engolia todos os filhos à nascença. Falo de Cronos. Regia o destino do universo e tudo devorava, mas Reia, sua esposa, conseguiu enganá-lo e trocou um dos filhos por uma pedra envolvida num pano. Foi assim que Zeus sobreviveu e acabou por enganar o seu próprio pai dando-lhe uma poção mágica que o fez vomitar todos os filhos, aprisionou os titãs no mundo subterrâneo e assim se tornou o senhor dos céus. 

De Cronos herdámos a palavra “tempo” e é tudo o que vos vou pedir a cada crónica que escrever. Convido-vos ainda a fazer o seguinte exercício: assumam o papel de mágico e entrem em cena no palco da vossa vida, vivam cada momento e olhem o público de frente, encantem-nas! Mudem o mundo daquelas pessoas e deixem este mundo um pouco melhor, depois, antes do último ato, surpreendam e deixem que eles vos aplaudam de pé, desapareçam e voltem a aparecer no meio deles, como se nunca dali tivessem saído.

ENXERTIA

MIGUEL GOMES
As uvas que ficaram para o podador pendem mutiladas de ferroadas agrestes, da vida e das abelhas, ébrias também de zunidos que mais ninguém escuta. O acre odor das intrusas americanas encosta-se à tristeza de um Outono confundido, onde todos se queixam do queixume, sem permitirem ao azedume avinagrar na exacta medida do incorrecto, engolindo indiferentes as tragédias entre duas garfadas. O tempo de vindimar passou há muito, as folhas alaranjadas e avermelhadas aveludam o chão de pedras toscamente assentadas. Há um percurso aberto em par pelo portão de madeira que se vai desprendendo das chumbeiras e o musgo verde pacientemente aguarda a chegada do orvalho da manhã seguinte. 

Chama-me à atenção a existência de um simples e alvo carrinho de bebé à entrada do pequeno carreiro. Faço por estacionar uns metros à frente e vejo a criança acompanhar o percurso com o ligeiro virar da cabeça, enquanto lhe cai das mãos o brinquedo simples e vulgar. Uma mão surge, suja, escura pelo ruborizado suco que cai quando as uvas, gordas, fartas, se esborracham em sentidos ao toque das mãos virginais de quem é pobre, bom, simples e, por isso, rico. A mão apanha o brinquedo que é soprado e colocado no colo da criança, sorridente, sem desviar olhar e ranho que brilha na minha direcção.

Vejo umas escadas de madeira, o homem e a mulher quase indistinguíveis no género sob as vestes sujas simples e divinais de quem labuta o que Deus dá. Percebo algumas folhas no caminho, soltas das solas de quem percorre os poucos metros entre o carreiro e a carrinha de caixa aberta, com uma jovem adolescente sentada no taipal, onde aguardam cestos e gigas abertas, de plástico e de vime, com letras marcadas, pintadas, na inocência caligráfica de quem aprendeu a escrever da própria vida.

Vindima-se escada acima e escada abaixo, sobe-se e desce-se os degraus de madeira escorregadia, peganhentos. Faço de conta que leio algo depois de disfarçar a minha presença com um telefonema fictício onde articulo uma conversa imaginária comigo mesmo. O bebé parece preferir o movimento dos, imagino, seus pais e facilmente se esquece de mim. De vez em quando o adolescente na carrinha assobia e o bebé sorri na sua direcção, familiarizado com o som e o amor que o mesmo parece fazer vibrar mecanicamente o ar que os separam. O homem ergue um cesto, grande e pesado, a mulher limpa o cabelo da fronte com as costas da mão enquanto sorri para o bebé, a adolescente recebe o cesto do pai e orienta-o para uma das gigas vazias, afagando depois o dorido ombro do pai, num bálsamo que só o toque de quem em ama consegue massajar. 

Não faz sentido esta vindima, tardia, neste fim de manhã quente. Há quem diga que isto traz o diabo no ventre! Mas vejo agora que o divino está acima do bem e do mal, a vida tem planos não coplanares para cada órbita dos átomos que me compõem e eu, que até ali pouco sorria, vejo-me no retrovisor e percebo que a alegria me fez, no olhar, uma enxertia.

ME TOO E NETO DE MOURA

JOANA M. SOARES
Nas últimas duas semanas surgiu no facebook a hashtag #metoo. Uma iniciativa para alertar para o combate ao assédio à mulher, à perseguição feminina, ao machismo, e à igualdade de género. Passado poucos dias da campanha, rebenta a polémica do acórdão escrito pelo juiz desembargador do Porto, assinado por uma juíza, que atenua a pena a dois homens acusados de violência doméstica. Isto porque, o juiz amparou-se no adultério da mulher que, nas palavras de Neto de Moura, citando frases bíblicas, feriu “a dignidade do homem”. Neto de Moura vai mais longe e ao invés de se apoiar na Constituição de 1976, espreita o Código Penal de 1886, este mesmo do século XIX.

Ora, vivendo nós no século XXI, passadas intensas e longínquas lutas pela igualdade socia e de género, pela evolução positiva das sociedades, ainda há gente, ainda por cima com responsabilidade social elevada, que teima em regredir no tempo, em atrofiar Portugal e as suas gentes. Mais: tudo isto sob os holofotes dos media internacionais.

Portugal ficou com a imagem ridicularizada lá fora, e sofreu um abalo interno que despoletou imediatamente em manifestações - não vá a mente machista e retrógrada do juiz pegar moda e o presente regresse ao passado.

Quem achava cómica a hashtag me too e li em muitos sítios da internet que o caminho não era por aí: utilizar uma hashtag para alertar para um problema que nem existe. Pois, mas é um problema e existe. É real, ainda, persiste, no tempo e agrava-se, além de nós.

O mais assustador neste episódio é ler os comentários sobre o assunto nas páginas online dos jornais: gente ignorante, que julga, que chama nomes, que insulta…à mulher! Esta mulher vítima de violência doméstica, de um crime, punível, atraída para uma cilada montada entre marido e amante.

É aterrador ver que à luz de seres, supostamente, humanos, que andam por aí, olham a mulher como pecadora e merecedora de castigo, merecedora da moca com pregos com que foi atingida severamente.

Cuidado, muito alerta, muita sabedoria para mudar mentalidades, para lutar contra o errado. Nesta luta junto-me às palavras de ordem nas manifestações feministas sobre este assunto: Machismo não, Justiça sim. E Com hashtag #me too.

A CATALUNHA E AS VANGUARDAS

MOREIRA DA SILVA
As ruas da Catalunha têm-se enchido de milhares e milhares de pessoas empunhando bandeiras amarelas e vermelhas e transportando dentro de si, no seu peito ofegante e cansado de tanto lutar, um sonho antigo de serem catalães por inteiro, de terem a autonomia total, de verem a sua Catalunha completamente independente e livre do domínio espanhol. É um sonho muito antigo que não morreu e que veio até aos dias de hoje, porque é uma nação, se for considerada a sua história, cultura, língua própria e até direito civil.

A Catalunha já conseguiu, através de muita luta autonómica, política e jurídica desenvolvida ao longo dos tempos, uma autonomia quase total, só que os catalães consideram que não alcançarão a sua independência cultural, social e económica, enquanto a Catalunha fizer parte do Estado Espanhol. Para materializar esse sonho de autonomia total, uma aliança muito heterógena de partidos políticos conseguiu aprovar e submeter uma proposta de independência aos eleitores catalães.

As vanguardas políticas catalãs, os partidos e os movimentos políticos movimentaram-se e mobilizaram-se, arrastando os cidadãos para uma luta que poderá levar a um vazio, e a um descontentamento generalizado e perigoso para a autonomia da Catalunha. O governo catalão efetuou um referendo, que designou de consulta realizada no passado dia 1 de outubro e os partidos e movimentos políticos marcaram desde logo a sua posição. 

A favor da independência esteve uma coligação de convergência democrática, conjuntamente com a esquerda republicana e outras organizações de esquerda. A favor do referendo esteve uma coligação eleitoral de forças de esquerda, juntamente com um partido nacionalista catalão democrata-cristão. Contra a independência e contra o referendo estiveram os populares e os socialistas catalães, associados a um partido constitucionalista, pós-nacionalista e progressista. 

Com uma taxa de participação na ordem dos 43%, o referendo recolheu mais de 2,2 milhões de votos (90,2%), o “sim” à independência obteve mais de 2 milhões de votos, o “não” recolheu perto de 178 mil votos (7,8%), à volta de 45 mil pessoas votaram em branco e perto de 20 mil foram votos considerados nulos.

Os catalães votaram massivamente, mais de 90%, a favor da independência, mas a sua vanguarda política não assumiu as suas responsabilidades, não fez aquilo que se propôs fazer, que era a declaração da independência da Catalunha. Numa habilidade política altamente criticável o presidente da Catalunha fez uma declaração de independência “suspensa”, que expôs as divisões da sociedade catalã e quebrou a unidade das forças políticas heterógenas que defendiam a independência.

É verdade que historicamente as vanguardas sempre praticaram um certo experimentalismo, só que o movimento independentista catalão precisa de ter uma certa regularidade na sua luta. Não pode viver de avanços e recuos graves e inconsistentes, que poderão comprometer e fazer retroceder as conquistas autonómicas ou levar os catalães na direção do precipício.

sábado, 28 de outubro de 2017

O MÉDICO TAMBÉM ADOECE

ANTONIETA DIAS
Na perspetiva da vida do médico, a sua forma normal de estar é sempre programada para cuidar o seu paciente.

Porém nem sempre é este o cenário vivenciado e muito menos o esperado.

Certo é, que perante a situação de ficar incapacitado temporária ou definitivamente passa a viver uma experiencia inesperada e por vezes não controlada.

A sua aceitabilidade perante a doença desencadeia muitas fases, obedece com certeza às recomendações que lhe são dadas, mas aceita com dificuldade esta mudança radical que muda a sua vida.

Não está preparado para lidar com a doença, não se conforma com a leitura obrigatória do cardápio dos medicamentos , conhece os limites da ciência, mas não consegue saber estar doente.

Conhece os hospitais, os lares, as unidades de cuidados continuados ou paliativos, sente que tem auto - estima, que está a ser tratado com dignidade, que não perdeu a autonomia, acredita na Sabedoria de quem o cuida, bem como nos limites da medicina, que consegue prolongar e dar qualidade à vida, mas não se conforma com o intervalo entre o exercício da sua profissão e o período de reabilitação.

Como cliente tem sempre razão, mas será que vale a pena ser paciente mesmo que não seja muito grave a sua situação?

Acredito que não, mesmo que seja muito otimista preocupa-se, o seu raciocínio reflete sobre as complicações, potencia e investe para obter bons resultados, não quer ser enganado, pensa como doente, age como médico e ate parece que já estava preparado.

Arranja soluções, evita complicações para combater o declínio psicofisiológico.

Entre o acordar e o adormecer, faz os apontamentos clínicos, reúne o que é importante e separa a fantasia, consolida a certeza de que a cura esperada não evita a medicação, nem muitas vezes a cirurgia mas não há outra solução para a patologia em questão.

Passa o tempo, a recuperação é prolongada, tenta preencher o dia, lendo, vendo filmes, conversando, mas as vinte e quatro horas são longas e a vontade de sair do processo da doença é enorme, que os minutos parecem horas, os dias meses, depois já exausto serena e decide que é melhor aguardar tranquilamente pela consolidação das lesões.

Já impaciente leu todos os Capítulos do Harrison, parecia que estava a preparar-se para o exame de admissão à especialidade, retinha as virgulas, os pontos, as minúsculas anotações como se fosse ainda candidato à especialidade, mas o tempo ainda sobrava para meditar, para escrever e para sonhar com o dia do términus da doença.

São estes fatos que nos fazem modelar os comportamentos, que nos elevam os pensamentos e que nos ajudam a superar o sofrimento.

Em suma, ser médico torna por vezes mais complicada a vivência e a experiência de ser também doente, mas por menos complicada que a situação seja, há fatos que não conseguimos ultrapassar, sobretudo as dores, as ideias de um insucesso terapêutico, as dificuldades em andar, o medo de piorar, o desejo de escolher a melhor opção para não falhar, os tempos de tratamento, o silencio e a serenidade de saber esperar.

A PROPÓSITO DA PERMISSÃO DA ENTRADA DE ANIMAIS EM RESTAURANTES...

SUSANA FERREIRA
Se eu concordo com esta lei? Sim concordo. Já me deparei imensas vezes com a vontade de levar a minha cadela a passar o dia na baixa do Porto, mas a problemática de ela não poder entrar em praticamente lado nenhum, leva-me a desistir da ideia.

Mas com esta nova lei levantam-se algumas questões pertinentes. Os nossos animais estão educados o suficiente para poderem estar num restaurante? Os restaurantes estarão preparados para receber os animais? Serão as pessoas educadas o suficiente para não perturbar o espaço dos outros, impondo a presença do seu animal mal educado ou mesmo mal cheiroso? 

Estamos a caminhar no sentido de valorizar os animais e reconhecer como membros da família, mas ainda falta mudar mentalidades. Ainda há tantas coisas básicas que não são cumpridas. Ainda há muitos animais sem microchip, sem cuidados veterinários básicos, sem um abrigo da chuva, sol e frio, presos a uma árvore, presos num canil dia após dia. Ainda são seres descartáveis na primeira oportunidade. E mesmo nas cidades, onde são considerados membros da família, muitos não estão preparados para conviver com outros animais, para estar num espaço público sem fazer marcação de território, sem confrontar violentamente outros animais. Noutro países onde a entrada de animais é permitida em praticamente todas as superfícies comerciais e de restauração, é obrigatório os animais irem a uma escola, fazer uma formação para poder viver em sociedade. Se nós vamos à escola para aprender a viver com os outros, fará todo o sentido acontecer o mesmo com os animais. É importante criar estruturas e mudar mentalidades antes de lançar leis.

HISTÓRIA DAS RUAS PORTUGUESAS EM PARIS E DAS RUAS FRANCESAS EM LISBOA

MANUEL DO NASCIMENTO
Rua de Lisbonne em Paris foi criada em 1826: o bairro da Europa em Paris foi construído nos terrenos comprados em 1821 por Jonas-Philip Hagerman, homem de negócios e banqueiro de origem sueca, e do empreiteiro Sylivain Mignon. O arquiteto Étienne-Hoppolyte Godde. Por ordem Real de 2 de fevereiro de 1826, permite a estes dois homens a construção de imóveis à volta da praça da Europa.

Avenida de Camões (Camoëns): esta via privada foi criada em 1904, dedicada ao poeta português Luís Vaz de Camões, onde os proprietários estavam de acordo para a atribuir a Camões. No entanto e nessa altura, não houve nenhum ato administrativo da Câmara de Paris. Uma parte dos terrenos desta via pertenciam ao conde Armand, filho do antigo Embaixador de França em Lisboa. No fundo desta avenida encontra-se a estátua do poeta Camões.

Rua do Tage (Tejo): antigo caminho de Bel-Air, depois rua do Génie, e em 1877 é denominada rua do Taje, nom do rio luso-espanhol.

Avenida dos Portugueses (Portugais): a 14 de julho de 1918, o Conselho Municipal de Paris nomeou a avenida de Sofia para avenida dos Portugueses em honra dos portugueses do Corpo Expedicionário Português que combateram ao lado das forças pela libertação da França na Primeira Guerra mundial.

Rua Maria Helena Vieira da Silva: em 2013, Paris deu o nome a uma rua em homenagem à artista portuguesa que viveu em Paris de 1928 até 1992.

Passeio Amália Rodrigues: num jardim da capital francesa, foi inaugurada a Promenade Amália Rodrigues que teve lugar no dia 11 de junho de 2010, por António Costa, presidente da Câmara de Lisboa e Bertrand Delanoë, presidente da Câmara de Paris. A “Promenade Amália Rodrigues”, uma espécie de circuito pedonal num jardim aberto.

Avenida de Paris e a Praça Pasteur em Lisboa: o plano do Bairro do Areeiro data de 1938. Os projetos de habitação foram desenvolvidos por jovens arquitetos, Alberto Pessoa, Raul Chorão Ramalho, José Bastos e Lucínio Cruz, no que diz respeito à avenida de Paris e à Praça Pasteur. A execução do plano, foi em 1940 e depois em 1948, tendo sido construídos em primeiro lugar os prédios da Avenida de Paris, depois os da Praça Pasteur. Este programa de construção integra-se nas obras lançadas por Duarte Pacheco, então ministro das obras públicas e presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que procurou dar outra imagem e tornar Lisboa numa cidade mais europeia. Em 1998, Paris e Lisboa celebraram um pacto de amizade que procurou reforçar os laços de cooperação entre os dois municípios das duas capitais. Lisboa tem marcas inolvidáveis dessa ligação, seja nas letras, nas artes e na História. A rua Pena de França em Lisboa foi, durante séculos, uma aérea de quintas e hortas. Depois a partir do século XII, esta zona constituía um caminho público que ligava o bairro da Graça ao poço dos Mouros. O nome desta rua e da sua freguesia do mesmo nome advém da sua padroeira, Nossa Senhora da Pena de França. Em 1434, o monge francês Simão Vela, teria encontrado uma virgem que estava escondida no cume da serra da Pena de França (Sierra de Francia) em Salamanca. Em 1597, construiu-se em Lisboa, uma capela neste local conhecido por Pena de França.

CRISTIANO RONALDO DÁ A CONHECER NOME DA 4.ª FILHA

CR7 E GIO
Cristiano Ronaldo desfez o tabu e confirmou não só o sexo do seu quarto filho, uma menina, como revelou ainda o nome escolhido para a bebé.

Num vídeo em directo nas suas redes sociais, o internacional português foi respondendo a várias perguntas dos seus fãs, e anunciou que no final do directo iria desvendar o nome escolhido.

"Eu escolhi o primeiro nome e a Gio [Georgina, a namorada] o segundo", disse Cristiano, apontando depois o telemóvel para a namorada, que fez a revelação oficial: "Vai ser Alana Martina".

Acompanhado dos seus outros três filhos, Cristiano Ronaldo não escondeu ainda que gostava de ter mais descendentes: "O 7 é o meu número da sorte, vamos ver quantos filhos Deus me dá."

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

CONTROLO DO PESO: O QUE IMPORTA SÃO AS CALORIAS?

DIANA PEIXOTO
Caros leitores, debrucemo-nos sobre as calorias, quantidade de energia que o alimento nos fornece após ser digerido e metabolizado pelo nosso organismo. É amplamente divulgado que o ganho de peso, excesso de peso e obesidade, é resultado de um balanço energético positivo, ou seja, ocorre quando o consumo energético é superior ao gasto energético. Assim, supostamente, para quem pretende perder peso, a solução seria muito fácil: reduzir ao número de calorias ingeridas durante um determinado período de tempo. Mas será que o nosso corpo funciona de uma maneira tão simples assim? Mas será então que o importante se resume a contar calorias?

Numa pessoa saudável e com um peso dito normal, as calorias que se ingerem e as que se gastam devem ser equivalentes, no sentido de haver a manutenção do peso. Quando consumimos energia a mais, o nosso organismo armazena-a e aumentamos de peso, daí que é efetivamente importante planear a dieta com base nas necessidades energéticas individuais para que esta forneça, não mais nem menos, dessa energia, quando a questão é manter o peso. No entanto, mais importante do que contar calorias é saber da sua qualidade nutricional.

Vejamos: uma maçã média terá aproximadamente 90Kcal, as mesmas calorias que terá uma unidade individual de brigadeiro. Portanto, neste caso, as calorias são as mesmas, mas definitivamente não é a mesma coisa comer a maçã ou o brigadeiro! As calorias não são todas iguais: por um lado temos as calorias mais interessantes do ponto de vista nutricional, que trazem benefício claro para o nosso organismo e que nos repõem o stock de fibras, vitaminas e minerais (maçã); por outro, temos as calorias vazias que são aquelas isentas de beneficio nutricional, uma vez só nos fornecem mesmo energia e nada mais (brigadeiro). Quando falamos que um alimento tem x calorias, quer dizer que x é a quantidade de energia que ele fornece ao nosso corpo. No entanto, essa energia pode ser boa ou má, como já vimos. É por isso que num plano alimentar, devemos estar atentos não só ao número de calorias dos alimentos, mas também à qualidade dos macro e micronutrientes que estão nele presentes. No caso de ser um plano para emagrecimento, esse controlo deve ser maior ainda, pois se comermos alimentos pobres em nutrientes, o organismo vai sentir falta e a fome será maior. Preocupemo-nos mais com a qualidade do que com a quantidade!

ASSIMETRIAS REGIONAIS

JOÃO RAMOS
A teoria económica convencional sugere que as assimetrias regionais são reduzidas, ao longo do tempo, através dos investimentos realizados pelas regiões mais ricas nas áreas mais pobres. No entanto, o seculo XX refuta por completa esta teoria, uma vez que a diferença de rendimentos tende a aumentar, dentro dos países e dos blocos comerciais, como a União Europeia, via periferia, centro. As divergências regionais apresentam consequências significativas para a sociedade. Em determinado locais do interior, as oportunidades escasseiam, a saúde das populações é pior, as chances de ascensão social são limitadas e os rendimentos mais baixos. Estima-se que, caso a produtividade entre regiões fosse semelhante, o PIB global duplicaria. Grande parte do problema resulta da ineficiência das políticas públicas, que no caso nacional, promovem a litoralização das atividades económicas, deixando o interior ao abandono.

Neste aspeto, os governos deveriam criar incentivos à mobilidade de populações e empresas através da construção de novas infraestruturas, vias de comunicação, isenções fiscais e da flexibilização das transferências de local de trabalho. Os fundos estruturais falharam na prossecução destes objetivos, tornando as regiões dependentes dos subsídios, que quando se esgotam, voltam ao patamar económico, em que se encontravam no início dos programas de apoio. Neste sentido, os governos devem promover a difusão do conhecimento e tecnologia através da construção de polos universitários, em regiões desfavorecidas, que concedam apoio técnico às pequenas e médias empresas. Além disso, seria indispensável apostar no atracão de investimentos estruturantes, como a Auto-europa, que criam à sua volta, um cluster de empresas, facilitando a difusão de conhecimento e a melhoria da produtividade. Na Alemanha, existem programas específicos que direcionam cerca de 30% de todo os investimentos em investigação e desenvolvimento para as instituições de ensino, que desenvolvem tecnologia e apoio para as empresas de regiões pobres. Um país mais equilibrado é um país mais justo, mais próspero e menos propenso a desastres naturais.

AMAR NA SOLIDÃO

INÊS LOPES
Já me debati imensas vezes acerca da ligação humana, tendo chegado várias vezes à conclusão de que a busca pela unidade com outra pessoa pode ser causadora de muita da infelicidade no mundo. 

Por vezes agimos como se estivéssemos acima de questões do coração. Talvez porque já as vimos corroer pessoas que respeitamos. Questiono-me se teremos esta atitude porque o amor, na falta de uma palavra melhor, é um jogo que falhámos em entender, ou que optámos por não jogar. De uma maneira ou de outra, somos e seremos sempre levados para dentro do seu mundo tragicodoce. 

Um mundo onde continuamos a questionar quem devemos amar, como o devemos fazer e porquê. Onde continuamos a sofrer, e a viver. Não é isso o que fazemos da vida? Esperar que sejamos um pouco mais amados?

Será que amamos porque temos medo de estar sozinhos? Talvez. Mas a partir do momento em que começamos a amar alguém continuamos a temer a solidão. Temos medo que aquela outra parte de nós caia, e nos deixe num outro solo, silencioso por fora, barulhento por dentro, numa memória preenchida pelo passado.

Talvez o amor só exista porque existe solidão. Talvez o amor não seja esta incógnita, esta inquetação, este delírio que fazemos dele. Talvez não seja uma esperança utópica, mas sim algo irrevogável, contra o qual não podemos lutar. Isso a que chamamos amor não passa de uma resposta a duas pessoas que não sabem estar sozinhas. É egoísta.

Vivemos sozinhos, morremos sozinhos. Tudo o resto não passa de uma ilusão. As pessoas é que põem projeções românticas em tudo. Achamos que nascemos para amar, quando, na verdade, nascemos para morrer. O amor dói e a vida dói. As pessoas juntam-se com o compromisso de partilhar essa dor, na esperança de que talvez doa um pouco menos, na tentativa de pisar um chão de segurança, de não sentirmos tanto aquilo que tem de ser sentido: a solidão.

Nunca vi o mundo como um sítio onde fui feita para estar, porque aqui sou consumida por perguntas e devaneios interiores. Sou levada a pensar naquilo que é mais incompreensível. Sou levada a pensar no amor.

Mas quem sou eu para falar de amor, afinal? Apenas foco aquilo que vou retirando da vida, mas nem isso é certo, e nunca chegará a mim como sendo algo certo. Quem sabe, talvez os poetas estejam certos. Talvez só nos reste o amor.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

TRAGÉDIA SEM NOME II

ANABELA BORGES
Eu queria falar respeitosamente de um tragédia sem nome.
nome: “palavra que designa seres, coisas, qualidades, estados ou acções; designação, denominação” (segundo o dicionário).
Não é fácil designar com um nome o que antes não conhecíamos, o que não esperávamos viver, o que não tinha nome.
E no entanto – tragédia sem nome – veio o demónio revelar-nos um inferno sem nome, paralelo ou antecedência.    
O meio de Outubro: o fim-de-semana foi o inferno a arder em inúmeras direcções; chamas vorazes e fumos impossíveis tomaram conta de tudo.
Segunda-feira: a manhã acorda em cinza, no rescaldo de mais de quatro dezenas de vítimas mortais dos incêndios. cinza. cinza. cinza. Mais, depois do terror de Junho, quando pensávamos que pior seria impossível.
- queríamos não acreditar
- queríamos adormecer para não sentir
- queríamos não sentir o peso informe na consciência, que sentimos e não sabemos explicar
- queríamos apagar o luto com uma ingressão breve ao passado, mudar o que aconteceu; por umas horas ao passado, e depois ser-nos-ia devolvida a mansidão dos dias claros
- queríamos que uma chuva milagrosa, com a sua voz líquida e sonora, calasse tudo. Silêncio!

E ela veio: a chuva.
Todos os anos se põe a questão dos incêndios. É algo latente, barril de pólvora. Os mesmos problemas persistem, ano após ano, governo após governo. Ninguém teve ainda a coragem de encarar o problema de frente, de o controlar e resolver. Só que este ano foi mais mortal, muito mortal, tristemente, lamentavelmente. Este ano, condições atmosféricas adversas fizeram com que o problema ganhasse dimensões de catástrofe. Mas o cerne já estava lá “há c’anos”, sempre esteve lá, desde há muito tempo. Lembro-me de ser pequena e de os incêndios despertarem a cada dia soalheiro, a cada dia luminoso e seco. Lembro-me de as pessoas (os populares: os meus pais e os meus vizinhos) andarem em aflições a apagar incêndios a rodear casas e tudo, a rodear tudo. Isto é uma questão de fundo, não trabalhada, política, social e cultural.
Desonroso é o país que não protege os seus cidadãos. Não proteger é crime.
Eu não quero que cada dia de sol e bom tempo signifique “in-cên-di-o”, incêndio – inferno, dor, perda,  morte. Isso é muito triste (para ser suave no adjectivo). Não, que sol e bom tempo pedem a alegria de viver os dias cheios de luz, a luz doirada deste Outono de 2017, que alguém, divindade ou circunstância cósmica, decidiu oferecer-nos.
Chuva, sol, vento, frio, calor… tudo é para ser vivido. Vivamos. Vivamos com o primor das horas que nos são concedidas. Vivamos cada dia, cada tempo, cada estação como nossos, com o direito fundamental à vida. Sem terrorismo.

AVINHA-TE, ABIFA-TE E ABAFA-TE

MARIA AMORIM 
O senso comum sempre foi algo muito importante na nossa vida, pois é o bom senso que nos ajuda a tomar boas decisões, nomeadamente no que a saúde diz respeito. Num tempo não muito distante, quando alguém se constipava ouvia logo...” sabes como é, avinha-te , abifa-te e abafa-te”, pois é, nas constipações, o mais importante é proteger-se do frio, beber coisas quentinhas (dantes vinho quente com açúcar ou aguardente queimada, o que já não é recomendável) que podem ser chá ou café ou leite, ficar debaixo de uma manta e esperar que a constipação passe, e no caso de não poder ficar em casa, ter o cuidado de se agasalhar e não apanhar frio, pois pode transformar uma simples constipação em algo mais grave.

O inverno é tempo de resfriados, de constipações e... de gripe. Facilmente confundimos estes estados e frequentemente as pessoas dizem que estão com gripe. Mas, estar constipado ou com um síndrome gripal não é o mesmo que estar com gripe. Com fazer para saber se os sintomas que temos são de uma ou de outra coisa? Como distinguir um estado gripal de uma verdadeira gripe? Existem algumas características que os distinguem, sendo que os sintomas dos estados gripais são passageiros e de intensidade moderada, e são provocados pelos vírus respiratórios sinciciais ( virus para-inluenza, adenovirus, rhinovirus, enterovirus etc...) 

A verdadeira gripe é de origem virica, é sasonal e caracteriza-se por sintomas que aparecem repentinamente e com forte intensidade, são eles febre alta que ronda os 39º, cansaço extremo (astenia), dores de cabeça, dores musculares (mialgias) e articulares, arrepios, por vezes tosse e congestão nasal. O vírus da gripe é vulgarmente conhecido como influenza, existindo 3 tipos de vírus A,B e C. Os vírus de tipo A e B são os responsáveis pelas epidemias gripais anuais, mas somente os vírus do tipo A são responsáveis pelas grandes pandemias de gripe, os vírus do tipo C estão ligados a casos esporádicos. Os virus de tipo A são os mais virulentos e os mais frequentes., e os responsáveis pelo gripe sasonal são os H1, H2,H3 e N1 e N2.

A incubação da gripe, que é o tempo que vai desde o contacto com o vírus até ao aparecimento dos sintoma pode ir de 24 a 48 h, a pessoa com gripe é contagiosa durante cerca de seis dias, contando com o tempo anterior ao aparecimento dos sintomas, recuperando totalmente, se não for uma pessoa de risco em uma a duas semanas.

As pessoas de risco são aquelas pessoas com doenças crónicas, tipo os diabéticos, pessoas com doenças pulmonares, os idosos, pessoas obesas, grávidas, pessoas que em principio são portadoras de doenças que constituem um fator de risco elevado se forem contagiadas pelo vírus da gripe, pois podem sofrer complicações que vão colocar a sua vida em risco, pelo que certamente já terão sido aconselhadas a vacinar-se. 

Nas pessoas saudáveis, o organismo é perfeitamente capaz de combater o vírus desde que sejam seguidos alguns cuidados, sobretudo o repouso, uma boa hidratação e medicamentos para a febre tal como o paracetamol. 

Espanta-me sempre que as pessoas não sejam capazes de associar arrepios de frio com febre. Se, de repente sentir muito frio e só lhe apetecer agasalhar-se e nada parecer aquecê-lo, o melhor é ir buscar um termómetro e verificar se tem febre, e, então se tiver febre, ou seja mais de 38, tomar alguma coisa para combater a febre, beber muitos líquidos quentes ou mornos, desentupir o nariz e FICAR NA CAMA até estar melhor, nesta situação é natural que esteja com gripe, não melhorando procurar ajuda médica . Se não tiver febre, mas tiver tosse, nariz a pingar e se sentir cansado, terá um estado gripal que é sempre melhor do que estar só constipado, pelo que deve desentupir o nariz, beber bebidas quentes e repousar o mais possível, mas, não diga que está com gripe, pois sem febre não há gripe...

SOCIEDADE CIVIL – UMA MAIORIA QUE NÃO É ASSIM TÃO SILENCIOSA

LUÍSA VAZ
Após as tragédias que começaram em Pedrogão Grande e que terminaram na passada semana com mais cerca de 40 mortos, totalizando um número funesto de mais de 100 vítimas dos fogos, o país uniu-se em vigílias pacíficas por estas cidades fora com bastante adesão. A intenção das pessoas ia desde a homenagem às vitimas que foram abandonadas por este Poder Central à sua sorte, à defesa das Florestas e do Ambiente até ao chamar a atenção para o abandono a que fomos votados principalmente pela actual solução parlamentar que num momento em que Portugal está de luto resolve aprovar uma Lei inconsequente, irresponsável e perigosa que permite que os jovens possam livremente mudar de sexo a partir dos 16 anos. São estas questões de confusão e destruição da base social e humana que preocupam esta solução que nos impuseram. Entende-se perfeitamente porque actuam assim: ao fazê-lo, os jovens estão mais entretidos com as suas confusões próprias da idade e em arranjar culpados e fantasmas do que com a Política, os Valores e o mundo que os rodeia ficando depois numa papa tal que nada mais lhes importará.

Eu fui, como não poderia deixar de ser, à vigília que teve lugar na minha Cidade. Estavam, segundo a comunicação social, cerca de um milhar de pessoas. Parece-me pouco dado o carácter das gentes desta zona mas também apontaram para cerca de 1000 na Praça do Comércio em Lisboa e o número chegou às 7.000. Estava muita gente consciente do momento de perigo em que vivemos e em profundo luto não só pelas vidas arrancadas pela incúria e incompetência mas pelos animais que sofreram e a floresta que está destruída na sua quase totalidade. Convém perceber que a fauna, a flora e a vida animal ajudam ao equilíbrio dos ecossistemas e principalmente daquele onde o Homem habita. Ora uma vasta área sem zonas verdes e com o ar poluído é muito mais propícia a que quem a habita desenvolva doenças alérgicas, do foro respiratório ou outras. Mais do que as vidas que têm um valor incalculável e da noção de que se nos acontecer a nós não podemos contar com esta solução parlamentar, estes lamentáveis episódios também serviram para destruir o nosso Património histórico. O Pinhal de Leiria mandado plantar por D. Dinis tinha para além da sua vertente ecológica e de equilíbrio, um papel muito activo na estória viva daquela região – já li algures que está em suspenso um projecto de urbanização daquela área. Aguardemos para ver se o fogo serviu motivações económicas particulares.

A maior parte de nós já ouviu falar da Máfia dos Fogos – aquele grupo criminoso já denunciado pelo El País que se encontra em Espanha e por lá vai lavrando fogos consoante os seus interesses e ganhando balúrdios pornográficos com o negócio do combate aos fogos. É sabido que o raio de actuação dessa facção criminosa se alastrou a território nacional. Segundo a mesma publicação as caras são conhecidas, são conhecidos os restaurantes que frequentam e as suas estratégias. Pergunta: Estão à espera do quê exactamente para os prender e processar? Sim, por esta ordem, por favor porque quando se trata deste grau de loucura o percurso não pode ser o tradicional.

Mas por cá há culpas a atribuir em ambos os incêndios com vítimas mortais, há nomes e há factos. Há relatórios independentes que o provam mas até agora só saiu uma Ministra que se revelou incompetente e impreparada para a pasta desde o primeiro segundo e que o cabecilha da solução parlamentar que nos desgoverna manteve no cargo e com isso sujeitou o país a mais cerca de 40 mortes por capricho e por não gostar que lhe digam o que fazer. Vamos já no total de 108 pessoas mortas, a maioria carbonizada porque o Sistema de Emergência não funciona quando há emergências. Há aliás no contrato elaborado por Costa e por um elemento que ele agora chamou para Secretário de Estado, uma cláusula que desresponsabiliza o sistema em caso de falha em situações de emergência.

Estamos a falar de um brinquedo que nos custou mais de €200 milhões por isso por mais que não quiséssemos partidarizar a questão, quando um Governo tem sangue dos seus cidadãos nas mãos e diz que “ temos que nos habituar porque vai acontecer mais vezes” ou que “os cidadãos têm que tratar da sua própria segurança e não estar sempre à espera do Estado” chegamos ao ponto de não-retorno.

Ou deveríamos ter chegado se a máquina do PS e o actual ocupante de Belém não fossem máquinas publicitárias. No seu tom de papá zangado, o Prof. Marcelo veio demitir a MAI – visto que Costa insistia em não o fazer – e passar uma reprimenda á solução parlamentar ao mesmo tempo que lhe dava a mão não a deixando cair. Marcelo sabe que se esta solução cai em desgraça não há selfies, beijinhos e abraços que o safem pois o seu mandato ficará para sempre colado a isto.

Marcelo visitou as regiões afectadas e…distribuiu afectos. E novidades? Eu não acho que ele tenha feito nada de mais dada a paupérrima actuação de todos os elementos que compõem ou apoiam a solução parlamentar. Já que dá beijinhos por tudo e por nada então que os dê a quem por incúria e incompetência lhes estorricou familiares, gado e propriedades. Marcelo fará, para mim, alguma coisa de jeito e mostrará um pingo de dignidade se no espaço de um mês os animais já tiverem comida e abrigo e as pessoas estiverem instaladas nas suas casas e com ajudas para recomeçar no máximo até ao Natal. Isso sim, será algo que eu assumirei como digno e é possível.

O spin da Esquerda muito motivado pela ultrapassagem de que foi vitima pela sociedade civil leva a que tentem culpar todos os Executivos anteriores esquecendo-se sistematicamente do PCP – e a que recuperem declarações de Assunção Cristas enquanto Ministra da Agricultura o que leva à pergunta: Quantas pessoas morreram decorrentes de alguma medida que ela tenha tomado ou não tenha tomado?

No Governo anterior foi preciso fazer cortes mas nem por isso a Segurança e a Protecção Civil deixaram de funcionar porque tinham gente conhecedora e competente – que foi por esta MAI substituída em Março – à frente dos vários organismos.

Podem culpar todos os Governos constitucionais de não terem tratado como questões de Soberania áreas como: Agro-pecuária, Reflorestação ou Ordenamento do Território mas não podem querer partilhar este sangue que é só destes.

Vejamos: quando há boas notícias não há passado, os outros não fizeram nada nem os resultados actuais são decorrentes dos esforços passados mas quando as coisas lhes correm mal por manifesta incapacidade e incompetência a culpa passa a ser das “medidas neoliberais”. Mas andamos a brincar? Morreram pessoas não há forma de branquear um homicídio confesso do Estado português e das suas Instituições cujo dever é proteger-nos. E isto já para não falar no dinheiro dos donativos que foi para ao Hospital de Coimbra ou algum dele que foi com certeza ajudar a mascarar, mais uma vez, as contas do déficit.

E por falar em dinheiro, depois do Centro-Direita se ter substituído aos Sindicatos e ao PCP e ao Bloco organizando manifestações cordatas, apartidárias e por uma causa, sim porque se no tempo de Passos Coelho tivesse morrido uma andorinha não só tinha caído o Ministro como o Executivo inteiro e eram todos linchados em praça pública, no fim do Conselho de Ministros extraordinário de sábado, Costa vem anunciar que não será por falta de dinheiro que as coisas não serão feitas ao mesmo tempo que, a contragosto, assume que poderia ter lidado melhor com as emoções. Mas quais emoções? Querem que o fulano tenha um cariz humano mas ele consegue ser pior que Sócrates, este roubou descaradamente mas porque achou que tinha direito a viver no luxo enquanto este mata, não manifesta qualquer emoção quanto a isso e é obrigado a vir justificar essa falta de emoção. Ela pura e simplesmente não existe porque ele não tem empatia pelo sofrimento das pessoas como normalmente não têm os sociopatas pois caso tivesse não precisava de ter feito o que fez em Outubro de 2015 esperando por outro acto eleitoral onde ganhasse justa e inequivocamente nas urnas.

Com o exemplo deste sábado chegamos à conclusão que a Esquerda que antigamente era interventiva e de causas, se quisermos acreditar nisso, hoje em dia é facilmente substituída pela sociedade civil que de forma calma e ponderada demonstra o seu desagrado face ao que tem acontecido ao país. Costa agora acena-nos com milhões que não são nossos, são de Bruxelas e é imperativo que isso se saiba porque mais uma vez ele passa a ideia de que somos um país rico com dinheiro para tudo e isso é mentira. Ao abrigo da situação de “calamidade pública” decretada por Bruxelas dado o número de mortos nestes incêndios, Portugal vai ter acesso a uma linha ainda não totalmente contabilizada de fundos que não vão, por decisão de Bruxelas, contar para o déficit mas que servem para recuperar as regiões afectadas e ajudar as pessoas a repor alguma normalidade nas suas vidas.

Ainda há pouco ouvi que o SIRESP ia passar a ser uma PPP. Já estamos a ver para onde vai o dinheiro, não estamos? Só há duas formas de responsabilizar o Estado por esta mortandade: uma é apresentar uma queixa no TEDH na pessoa de Costa e de Constança acusando-os de homicídio e há base legal e factual para o fazer. Fosse eu jurista e já estava a preparar o processo…e a segunda é os cidadãos, entidades, instituições e empresas das áreas afectadas se unirem e pressionarem as suas Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais até que todo o animal tenha abrigo e comida e todas as pessoas estejam instaladas nas suas casas, seguras e com condições para recomeçar depois de terem perdido tudo. Também defendo que devam dar conta ao resto do país do que vai acontecendo e dos progressos para que todos saibamos em que pé estão as coisas. Se a pressão funciona, usem-na para fazer algo de bom por quem não pediu nem mereceu a desgraça que sobre si se abateu.

Não se deixem confundir nem caiam no spin mediático. Da Esquerda há provas por esse mundo fora que não vem nada de bom e esta solução parlamentar já há muito que revelou ao que vem. Quer a destruição dos Valores e Princípios da sociedade democrática e não descansa enquanto não conseguir. Cabe-nos impedi-los e rapidamente. Não se deixem iludir por mais uns euros por mês porque eles vão-nos sair muito caros e com juros.

Querem alguém que vos abrace e vos diga coisas bonitas? Vão ter com os vossos pais, avós, irmãos, sobrinhos, amigos, namorados, maridos ou amigos coloridos não caiam na campanha publicitária do senhor que actualmente habita Belém. São os nossos quem tem que nos dar uma palavra de alento e não um estranho armado em paizinho que não nos conhece de lado nenhum.

Nós enquanto portugueses falhamos na defesa do nosso Património verde e é bom que aprendamos a lição, criemos mais consciência ecológica e defendamos as nossas matas e florestas. Se for preciso começamos nós a reflorestação aos bocadinhos. O que importa é que nos responsabilizemos pela parte que nos cabe.

Já o Estado, na pessoa de quem tutela as pastas – e note-se que não é só a MAI. É o MF, é o MD e claro o segundo-minúsculo como eu gosto de lhe chamar – falhou redondamente e tem que ser responsabilizado por isso. Deixar passar ou esquecer revela por parte de quem o fizer uma total ausência de respeito pelo valor da vida humana, uma falta incomensurável de carácter e de espinha-dorsal e demonstra pactuar com o crime de homicídio na forma conseguida de 108 inocentes. Eu não queria esse peso na consciência e por isso faço a minha parte.

Deixo-vos só mais uma pergunta: Então e o PAN? Aquilo não foi eleito para defender Pessoas, Animais e Natureza? Que vértice não está pressente na tragédia dos incêndios? Para que é que o estamos a manter a pão-de-ló no Parlamento? Para fazer aprovar leis como a de ser possível os restaurantes receberem cães? E a ASAE, que diz disto?

Vale tudo nesta escalada louca e inconsequente na escada do Poder. Só espero que se cumpra o ditado que diz que “quanto mais alto se está…”

Mais do que pensar, começa a ser cada vez mais urgente agir e eu estou muito orgulhosa de ter participado na manifestação de sábado e estou muito orgulhosa de todos os que lá estiveram comigo, E dos outros que se reuniram noutros pontos do país.

Uma última palavra de agradecimento e uma ovação de pé aos nossos bravos Soldados da Paz – Muito mas mesmo muito obrigada!